Mensagens
trocadas na quarta-feira (13), quando a crise entre o agora ex-ministro e o
presidente se iniciou, refutam versão de filho de Jair Bolsonaro
Antes de demitir Gustavo Bebianno da
Secretaria-Geral da República, Jair Bolsonaro e o agora ex-ministro trocaram
uma série de mensagens escritas em áudios, via WhatsApp. Os registros foram
revelados pelo site da revista VEJA, nesta terça-feira (19).
A conversa desmente a versão do
presidente e de seu filho, Carlos, de que Bebianno havia mentido ao dizer ao
jornal O Globo que não havia crise no governo, já que ele tinha falado “três
vezes” com Bolsonaro na quarta-feira passada (13).
Na ocasião, Carlos publicou um tuíte
dizendo dizendo que era “mentira absoluta” que Bebianno tivesse falado com seu
pai. A postagem foi compartilhada pelo presidente.
Na mesma quarta-feira, em entrevista à
Record, Bolsonaro reafirmou que era mentira que Bebianno tivesse falado com
ele.
Gravações divulgadas pelo site da
revista VEJA refutam essa versão.
Segundo a publicação, o ex-ministro falou com o presidente através de
mensagens escritas e pelo menos treze mensagens de áudio naquele dia.
O conteúdo das conversas mostra que
Bolsonaro estava irritado e impaciente, enquanto Bebianno tenta pacificar as
coisas. A pauta dos diálogos é variada e abrange desde a emissora Globo até uma
viagem para a Amazônia.
Uma das trocas de mensagens mostra
Bolsonaro descontente pelo fato de Bebianno ter se encontrado com o
vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo.
“Gustavo, o que eu acho desse cara da
Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a
mensagem que vai dar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando
da Globo”, diz um dos áudios revelados pela reportagem.
Depois, os dois discutem sobre uma
possível viagem de Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Damares Alves, da pasta
da Mulher, Família e Direitos Humanos, ao Pará — assunto que havia sido
publicado pelo site Antagonista.
“Gustavo, uma pergunta: ‘Jair Bolsonaro
decidiu enviar para a Amazônia’? Não tô entendendo. Quem tá patrocinando essa
ida para a Amazônia? Quem tá sendo o cabeça dessa viagem à Amazônia? Um abraço
aí, Gustavo, até mais”, diz outra gravação enviada por Bolsonaro a Bebianno.
Só nesses dois tópicos, foram três
mensagens — o que confirma a versão de Bebianno ao jornal O Globo.
Depois
do tuíte de Carlos
A reportagem da VEJA mostra, ainda, que
depois da publicação do filho do presidente, Bebianno e Bolsonaro começaram a
trocar farpas, em tom de mágoa.
Primeiro, Bolsonaro sustenta a versão de
seu filho: “[…] Agora: você não falou comigo nenhuma vez no dia de ontem. Ele
esteve comigo 24 horas por dia. Então não está mentindo, nada, nem está
perseguindo ninguém”, diz o presidente.
Depois, Bebianno questiona a afirmação.
“Há várias formas de se falar. Nós trocamos mensagens ontem três vezes ao longo
do dia, capitão. Falamos da questão do institucional do Globo. Falamos da
questão da viagem. Falamos por escrito, capitão. Qual a relevância disso,
capitão? Capitão, as coisas precisam ser analisadas de outra forma. Tira isso
do lado pessoal. Ele não pode atacar um ministro dessa forma. Nem a mim nem a
ninguém, capitão. Isso está errado”, afirma Bebianno.
A troca de farpas instalou a primeira
grande crise do atual governo, que levou à exoneração de Bebianno nesta
segunda-feira e um pedido público de desculpas de Jair Bolsonaro. Tudo isso às
vésperas da apresentação da Reforma da Previdência ao Congresso, quando toda a
articulação política do Palácio do Planalto será posta à prova.
Com informações de Exame
Com informações de Exame
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