Luciano
Macedo estava internado desde 7 de abril. Ele tentou ajudar Evaldo Santos, que
teve o carro atingido por militares quando seguia com a família para um chá de
bebê.
O catador de materiais recicláveis Luciano
Macedo, baleado no último dia 7 após o Exército atirar 80 vezes contra um carro
em Guadalupe, Zona Norte do Rio, morreu nesta quinta-feira (18). Ele foi
atingido ao tentar ajudar a família do motorista do veículo, o músico Evaldo
Santos Rosa, que morreu no local.
A morte de Luciano foi confirmada por
familiares do catador, que receberam a notícia às 6h. Em seguida, a informação
foi repassada aos advogados que cuidam do caso.
O catador estava internado no Hospital
Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na região onde foram feitos os
disparos. Na quarta-feira (17), a Justiça ordenou que Luciano fosse transferido
para o Hospital Moacyr Carmo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A Secretaria Estadual de Saúde, no
entanto, informou que a transferência não seria possível devido ao estado de
saúde da vítima, que era considerado gravíssimo.
Tentativa
de ajudar família
Luciano foi baleado quando tentava ajudar
a família que estava no carro atingido pelos disparos do Exército. As cinco
pessoas que estavam dentro do veículo iam para um chá de bebê: Evaldo dos
Santos Rosa; a esposa dele; o filho, de 7 anos; o sogro de Evaldo (padastro da
esposa); e uma amiga da família.
Evaldo morreu na hora. O sogro dele,
Sérgio Guimarães de Araújo, foi baleado nos glúteos e segue internado no
Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. A esposa, o filho de 7 anos e a amiga
não se feriram.
Militares
afastados
Dez dos 12 militares do Exército que
estavam na patrulha no dia que o carro foi atingido foram presos após prestarem
depoimento sobre a ação. Nove seguiram presos após audiência. A investigação do
caso ficará a cargo da Justiça Militar.
No dia dos disparos, o Comando Militar do
Leste (CML) informou, por meio de nota, que os agentes tinham respondido a
"injusta agressão" de criminosos ao desferir os tiros. A Polícia
Civil informou na ocasião que "tudo indica" que o veículo foi
confundido com o de criminosos.
Em um boletim de ocorrência registrado na
30ª DP (Marechal Hermes), um motorista contou que foi assaltado por cinco
homens em um sedã branco por volta das 14h (meia hora antes do incidente) na
mesma região.
Na manhã do dia seguinte à morte do
motorista atingido pelos disparos, uma segunda-feira, o CML disse que
identificou "inconsistências" entre os fatos reportados pelos
militares e informou que os agentes acabaram afastados.
"Esse procedimento prolongou-se pela
madrugada, tendo sido coletado também, até o presente momento, o depoimento de
uma testemunha civil. Um membro do Ministério Público Militar acompanhou todo o
procedimento", diz a nota.
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