Um grupo de
garimpeiros invadiu neste sábado (27) a aldeia de Waiãpi, em Pedra Branca do
Amapari, no Amapá, acirrando o clima de confronto que tomou conta da comunidade
nos últimos meses. A Polícia Federal foi acionada para controle da invasão,
assim como a Fundação Nacional do Índio (Funai). Uma liderança morreu após a
investida dos garimpeiros, que acabaram ocupando a aldeia Mariry.
“Uma liderança
fez contato informando que ocorreu uma invasão dos garimpeiros e assassinaram
um cacique”, relatou ao Congresso em Foco o senador Randolfe Rodrigues
(Rede-AP). Acuados e com medo de novas retaliações, os índios se refugiaram na
comunidade vizinha Aramirã, para onde crianças e mulheres foram levadas.
Randolfe foi acionado pelo vereador Jawaruwa Waiãpi. Ele encaminhou áudios com
pedido de socorro ao senador.
Informações
indicam que os índios se preparam, em Aramirã, para expulsar os quase 50
garimpeiros da comunidade. “Há potencial gravíssimo de conflitos”, lamenta
Randolfe. Sitiados na mata, os índios prometem retomar a aldeia caso as
autoridades não adotem providências, motivo pelo qual pedem intervenção das
forças de segurança estaduais e federais.
O parlamentar
alerta para a escalada do ódio e da intolerância após a eleição do presidente
Jair Bolsonaro. “O sangue derramado é culpa do governo federal, que ocorre por
causa da omissão de organismos de controle”, reprovou. “Quem vive do crime se
sente protegido em poder invadir terra indígena.”
Desde janeiro,
houve expansão dos focos de garimpo ilegal no Norte, assim como o aumento do
desmatamento, como constatou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe). Defendendo uma política de exploração de mineral em terras indígenas,
Bolsonaro vem contestando o trabalho do órgão. Segundo Bolsonaro, a divulgação
de dados de desmatamento pode prejudicar o país em negociações internacionais.
Militantes da
área, como indígenas e ambientalistas, responsabilizam o governo Bolsonaro pelo
avanço da atividade ilegal – verificado em diferentes pontos do Pará e de
Roraima – e criticam o afrouxamento das regras de controle e fiscalização.
“É o discurso do
ódio e da intolerância. Um clima de liberou geral”, conclui Randolfe.
Na Cidade do
México em meio a uma turnê internacional, o cantor Caetano Veloso apelou às
autoridades brasileiras para atenderem ao chamado de socorro dos índios Waiãpi.
"Eu peço às autoridades brasileiras que, em nome da dignidade do Brasil e
do mundo, ouçam esse grito", afirmou em vídeo.
Demarcação de terras
Com a posse de
Bolsonaro, em janeiro, reacendeu a histórica discussão sobre a demarcação de
terras indígenas. Em uma medida provisória, Bolsonaro tentou transferência da
demarcação de terras indígenas da Funai, vinculada ao Ministério da Justiça e
Segurança Pública, para o Ministério da Agricultura, atendendo a pressão da
bancada ruralista - uma das mais influentes no Congresso. Acabou perdendo queda
de braço com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que devolveu a
proposta ao governo federal por considerá-la "grave ofensa ao texto
constitucional".
Com informações do Congresso em Foco
Nenhum comentário:
Postar um comentário