O governador do Maranhão
não esconde, porém, que é pré-candidato para 2022 contra a política
"belicista" e "extremista" de Bolsonaro.
Em entrevista ao Metrópoles, o governador
do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que tem o nome cotado para disputar as
eleições presidenciais em 2022, disse que em um cenário hipotético, com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato do PT ao cargo, ele
estará no palanque apoiando a volta do petista ao poder.
“Nesse cenário hipotético, de o presidente
Lula poder ser candidato em 2022, certamente eu estarei neste palanque apoiando
essa candidatura. Acho que seria a expressão da retomada de uma perspectiva de
crescimento, com justiça social e distribuição de renda”, disse.
Dino classifica a vertente política do
atual presidente Jair Bolsonaro como “belicista” e “extremista”, que se mantém
alimentando conflitos “contra tudo e contra todos, tanto na área internacional
quanto internamente”. “É a negação de toda a gloriosa tradição da diplomacia
brasileira. Mesmo nos tempos sombrios da ditadura militar, havia uma política
externa que buscava dialogar com todos. Essa é a tradição da Casa de Rio
Branco. Estamos neste momento vivendo um ponto fora da curva na política
externa brasileira”, criticou.
Base de Alcântara
O governador disse ser a favor do acordo
para a utilização, por parte dos Estados Unidos, da base de lançamento de
foguetes e satélites de Alcântara. Neste ponto, ele tenta demarcar uma posição
diversa do governo Bolsonaro, apesar de apoiar o acordo articulado pelo
governo.
Dino admite que há o risco de a base ser
usada estrategicamente pelos Estados Unidos contra países vizinhos da América
do Sul, mas afirma que o acordo não prevê alienação e, se isso acontecer, não
será devido ao acordo, mas devido à política. “Lamentavelmente, isso pode
acontecer, mas não em razão do acordo, e, sim, em razão da política. Ou seja,
nós temos que ter a capacidade de mudar a política”, enfatizou o governador,
que disse ser contra a remoção de qualquer família moradora das proximidades da
base de lançamento.
Óleo na praia
O governador declarou que ainda aguarda um
diagnóstico do governo brasileiro sobre as manchas de óleo que atingiram praias
do Nordeste, entre elas a de seu estado. Ele reclama que o governo tardou em
começar a tratar o assunto da mesma forma que demorou a tomar providência em
relação aos incêndios que atingiram a Amazônia. “É preciso que o governo
federal diga a quem para que possamos impor sanções”, reclama
Instituições
Dino foi juiz federal antes de entrar na
política. Para ele, as notícias de envolvimento do presidente da República em
um suposto esquema de uso de candidaturas laranjas, além de outras crises que
resvalam no governo, servirão para demonstrar se o discurso contra a corrupção
era para valer ou apenas uma forma de tomar o poder.
“Dependendo da resposta concreta que for
dada pelas instituições, nós saberemos se o combate à corrupção e à ilegalidade
é para valer. Eu espero que seja. Ou se era uma estratégia de tomada de poder
contra o lulismo e de certos segmentos da política brasileira. Neste momento,
tem que apurar tudo, são fatos graves”, enfatizou.
Ele critica a posição do ministro da
Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que, em sua avaliação, não poderia
estar no ministério. “O erro é que o ministro Sergio Moro não deveria estar
lá”, avaliou. “Ele teve um papel decisivo na política brasileira na medida em
que inabilitou, tornou inelegível o ex-presidente Lula, por determinar a sua
prisão e, portanto não poderia exercer uma função em um governo diretamente
beneficiado por uma decisão sua”, observou. “O teste está menos sobre Moro e
mais sobre as instituições”, enfatizou.
STF
Para Dino, o Supremo Tribunal Federal
(STF) foi lento ao refletir sobre excessos cometidos pela Operação Lava Jato,
conduzida por Moro, e isso agora deságua em nulidades de processos. “O Supremo
foi lento em refletir sobre fatos graves que estão cabalmente demonstrados,
sobretudo em função dos vazamentos.”
Ele ressalta que houve “sinais” ou
“sintomas” que foram ignorados pela Corte. “Por exemplo, condução coercitiva. O
Supremo assistiu a centenas de conduções coercitivas contra o texto literal do
Código de Processo Penal. Letra expressa da lei desde 1941. Demorou anos para
decidir aquilo que está escrito na lei. Essa lentidão acabou gerando nulidades
processuais, o que não é o cenário melhor."
Alianças
Ele tem se esforçado para conversar com várias frentes políticas, dos tucanos ao MDB de seu grande adversário no estado, José Sarney, passando pelo PDT e pelo PT, especialmente com o candidato derrotado por Bolsonaro, Fernando Haddad. O objetivo é formar uma frente ampla contrária ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), apesar de alguns partidos como o PDT e o PSB sinalizarem para projetos próprios, distintos de uma possível aliança com o PT.
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