Conversa mostra
que, mesmo após escândalo, ex-assessor de Flávio Bolsonaro mantém conexões com
a política.
Ligado à milícias
no Rio de Janeiro, Queiroz confirma em
nota que mantém a influência por ter "contribuído de forma significativa
na campanha de diversos políticos no Estado do Rio de Janeiro"
Recluso desde que
tornou-se pivô de um escândalo de corrupção que atingiu a família Bolsonaro, o
ex-assessor Fabrício Queiroz mantém ativas suas conexões com a política. Em um
áudio revelado pelo jornal O Globo, ele conversa sobre indicações no Congresso
Nacional por meio de comissões ou gabinetes de parlamentares, não apenas em
cargos relacionados aos filhos do presidente Jair Bolsonaro, e descreve a
rotina do gabinete do senador Flávio Bolsonaro, de quem foi assessor.
“Tem mais de 500
cargos lá, cara, na Câmara, no Senado. Pode indicar para qualquer comissão,
alguma coisa, sem vincular a eles [família Bolsonaro] em nada. Vinte continho
pra gente aí caía bem pra c. entendeu? Não precisa vincular a um nome. Chega lá
e pô, cara, no gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, o pessoal
para conversar com ele. Pô, é só chegar, meu irmão, nomeia fulano aí pra
trabalhar contigo. Salariozinho bom desse aí, cara, pra gente que é pai de
família, p. que pariu, cai igual uma uva”, diz.
Desaparecido após
passar como um cometa pela seara de escândalos nacionais, Queiroz teve seu
paradeiro revelado pela revista VEJA. A reportagem mostra que ele hoje vive no
Morumbi, em São Paulo, e frequenta o hospital Albert Einstein para tratar um
câncer de intestino — que se agravou. Mesmo com o ex-assessor fora dos
holofotes, sua situação sempre foi tratada com prioridade na família Bolsonaro.
Embora tenha se afastado dele publicamente, o presidente traçou estratégias no
campo jurídico e político para as suspeitas não prejudicarem seu mandato.
Suspeito de ser o
operador do esquema conhecido como “rachadinha”, Queiroz trabalhou no gabinete
do hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) quando ele era deputado na Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) de 2007 a 2018. Ao longo de
2016, o ex-assessor movimentou 1,2 milhão de reais em sua conta bancária, com
uma série de saques e depósitos fracionados considerados atípicos pelo Conselho
de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
O senador foi alvo
de um procedimento aberto pela Promotoria estadual no ano passado, com base em
relatórios Coaf. Mas uma decisão do ministro Dias Toffoli, presidente do
Supremo Tribunal Federal, suspendeu todas as investigações a respeito de Flávio
e Queiroz baseadas no compartilhamento de dados bancários e fiscais com o
Ministério Público sem autorização do Poder Judiciário.
O advogado de
Queiroz, Paulo Klein, afirmou que seu cliente nunca cometeu nenhum crime e que
não há nada de errado em eventuais indicações.
“A defesa técnica
de Fabrício Queiroz vê com naturalidade o fato dele ser uma pessoa que ainda
detenha algum capital político, uma vez que nunca cometeu qualquer crime, tendo
contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no estado
do Rio de Janeiro. Portanto, a indicação de eventuais assessores não constitui
qualquer ilícito ou algo imoral, já que, repita-se, Fabrício Queiroz jamais
comeu qualquer ato criminoso”. Ao jornal, Flávio negou que tenha aceitado
indicações do ex-assessor e que mantenha contato com ele desde o ano passado.
Com informações de
Veja
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