Rádio Voz do Maranhão

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Queiroz negocia “500 cargos lá, na Câmara e no Senado” em nome de Flávio Bolsonaro; ouça o áudio revelado nesta quinta

Conversa mostra que, mesmo após escândalo, ex-assessor de Flávio Bolsonaro mantém conexões com a política.
Ligado à milícias no Rio de Janeiro, Queiroz  confirma em nota que mantém a influência por ter "contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no Estado do Rio de Janeiro"
Recluso desde que tornou-se pivô de um escândalo de corrupção que atingiu a família Bolsonaro, o ex-assessor Fabrício Queiroz mantém ativas suas conexões com a política. Em um áudio revelado pelo jornal O Globo, ele conversa sobre indicações no Congresso Nacional por meio de comissões ou gabinetes de parlamentares, não apenas em cargos relacionados aos filhos do presidente Jair Bolsonaro, e descreve a rotina do gabinete do senador Flávio Bolsonaro, de quem foi assessor.
“Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara, no Senado. Pode indicar para qualquer comissão, alguma coisa, sem vincular a eles [família Bolsonaro] em nada. Vinte continho pra gente aí caía bem pra c. entendeu? Não precisa vincular a um nome. Chega lá e pô, cara, no gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, o pessoal para conversar com ele. Pô, é só chegar, meu irmão, nomeia fulano aí pra trabalhar contigo. Salariozinho bom desse aí, cara, pra gente que é pai de família, p. que pariu, cai igual uma uva”, diz.

Desaparecido após passar como um cometa pela seara de escândalos nacionais, Queiroz teve seu paradeiro revelado pela revista VEJA. A reportagem mostra que ele hoje vive no Morumbi, em São Paulo, e frequenta o hospital Albert Einstein para tratar um câncer de intestino — que se agravou. Mesmo com o ex-assessor fora dos holofotes, sua situação sempre foi tratada com prioridade na família Bolsonaro. Embora tenha se afastado dele publicamente, o presidente traçou estratégias no campo jurídico e político para as suspeitas não prejudicarem seu mandato.
Suspeito de ser o operador do esquema conhecido como “rachadinha”, Queiroz trabalhou no gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) quando ele era deputado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) de 2007 a 2018. Ao longo de 2016, o ex-assessor movimentou 1,2 milhão de reais em sua conta bancária, com uma série de saques e depósitos fracionados considerados atípicos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)

O senador foi alvo de um procedimento aberto pela Promotoria estadual no ano passado, com base em relatórios Coaf. Mas uma decisão do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, suspendeu todas as investigações a respeito de Flávio e Queiroz baseadas no compartilhamento de dados bancários e fiscais com o Ministério Público sem autorização do Poder Judiciário.

O advogado de Queiroz, Paulo Klein, afirmou que seu cliente nunca cometeu nenhum crime e que não há nada de errado em eventuais indicações.

“A defesa técnica de Fabrício Queiroz vê com naturalidade o fato dele ser uma pessoa que ainda detenha algum capital político, uma vez que nunca cometeu qualquer crime, tendo contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no estado do Rio de Janeiro. Portanto, a indicação de eventuais assessores não constitui qualquer ilícito ou algo imoral, já que, repita-se, Fabrício Queiroz jamais comeu qualquer ato criminoso”. Ao jornal, Flávio negou que tenha aceitado indicações do ex-assessor e que mantenha contato com ele desde o ano passado.

Com informações de Veja

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