Documento pedia
com urgência proteção a adoção de medidas de proteção dos povos da Terra
Indígena Governador, localizada na mesma região onde índio foi morto nesta
sexta (1º). Área alvo de conflitos é de jurisdição federal.
A Secretaria de
Direitos Humanos e Participação Popular do Maranhão (SEDIHOP) já havia alertado
em setembro, por meio de ofício enviado à Fundação Nacional do Índio (Funai) e
ao Ministério da Justiça, sobre as ameaças e ações ilegais de criminosos
ambientais que indígenas da Terra Indígena Governador estavam sendo alvos. A
reserva fica em Amarante do Maranhão e está localizada a 93 km de onde o
indígena Paulo Guajajara foi morto numa emboscada nesta sexta-feira (1º).
No documento, o
secretário Francisco Gonçalves explica que por conta da situação tensa na
região, cinco indígenas foram incluídos no Programa Estadual de Proteção a
Defensores dos Direitos Humanos do Maranhão (PEPDDH/MA). Além disso, o ofício
pede em caráter de urgência a adoção de medidas de proteção dos povos
indígenas.
“Ressaltamos que a
Terra Indígena vem sendo alvos de constantes ações ilegais por parte de
criminosos ambientais, causando elevado nível de tensão entre indígenas e não-indígenas.
Em razão do elevado risco e da gravidade das denúncias, cinco indígenas deste
território estão protegidos pelo Programa Estadual de Proteção a Defensores dos
Direitos Humanos do Maranhão (PEPDDH/MA). Solicitamos em caráter de urgência
medidas que visem garantir a proteção de TI Governador do Município de Amarante
do Maranhão, ao tempo que o estado do Maranhão se coloca à disposição para
contribuir na execução de medidas que se fizerem necessários", diz o
documento.
Oficio enviado
pela Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular do Maranhão
(SEDIHOP) ao Ministério da Justiça e a Fundação Nacional do Índio (Funai
De acordo com o
governo do Maranhão, por se tratar de uma reserva indígena federal, cabe à
Polícia Federal (PF) a fiscalização e apuração de crimes contra direitos dos
povos indígenas.
"Competência
para apurar crimes contra direitos indígenas, em face de suas terras, é
federal. Mas desde ontem a Polícia do Maranhão está colaborando com
investigações sobre crimes na TI Arariboia", disse o governador Flávio
Dino por meio de uma rede social.
O G1 pediu um
posicionamento do Ministério da Justiça e da Fundação Nacional do Índio, mas
não obteve respostas.
Conflito deixou
dois mortos
O conflito entre
índios e madeireiros que atuam em reservas no Maranhão, resultou na morte do
líder indígena Paulo Paulino Guajajara, conhecido como ‘Lobo Mau’, e do
madeireiro Márcio Greykue Moreira Pereira durante a troca de tiros, nessa
sexta-feira (1º). Durante a ação, o indígena Laércio Guajajara foi baleado no
braço e na nuca, mas resistiu aos ferimentos.
Em depoimento a
agentes da Funai, Laércio Guajajara explicou que ele e Paulino estavam caçando
quando foram surpreendidos por cinco madeireiros armados. Ele contou que após a
troca de tiros, precisou andar por 10 km ferido para conseguir chegar em uma
aldeia e pedir socorro.
"Já chegaram
atirando em nós. Atiraram, pegou no meu braço. A hora que eu olhei o lobo
(Paulo Paulino Guajajara) do outro lado, eu vi ele no chão com a mão no
pescoço. Mas eu nem vi quando atiraram nele. Foi tão rápido, muito tiro. Ai, eu
fugi. Andei uns dez quilômetros ainda ferido do local para chegar nas
aldeias", disse Laércio Guajajara.
O corpo do Paulino
Guajajara não foi liberado para passar por exames no Instituto Médico Legal
(IML) já que os indígenas seguem rituais ancestrais de crenças e religiosidade
para o sepultamento em suas aldeias. Já o corpo de Márcio Greyuke Moreira
Pereira chegou na noite deste sábado (2) no município de Bom Jesus das Selvas e
deve ser velado durante toda a noite na casa de familiares.
O Ministro da
Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse por meio de uma rede social,
que a Polícia Federal o assassinato e falou que a situação é um grave crime à
Justiça. Uma reunião entre a Secretaria de Direitos Humanos e Participação
Popular do Maranhão (SEDIHOP), de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) e a
divisão estadual da Funai foi realizada pela tarde em Imperatriz, no sul do
estado, para tratar do assunto.
A situação na
Terra Indígena Araribóia já havia sido denunciada pelo grupo indígena que
alegavam que estavam sendo ameaçados pelos os madeireiros. Segundo os
indígenas, as ameaças aumentaram após a apreensão de veículos utilizados na
extração ilegal de madeira nas terras indígenas.
A Terra Indígena
Araribóia é composta por etnias indígenas Ka’apor, Guajajaras e Awá-Guajás. As
três tribos fazem parte de um grupo chamado “Guardiões da Floresta” que é
formado com o intuito de proteger a natureza. Eles evitam invasões de
madeireiros, incêndio e durante uma ronda na terra indígena, eles encontraram
acampamentos de madeireiros e veículos usados para transportar a madeira.
Com informações do
G1 MA
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