Articulação dos
Povos Indígenas do Brasil (APIB)
Nota de repúdio e
pesar pelo assassinato do guardião Paulo Paulino Guajajara
É com profunda
tristeza e revolta, que nós, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
(APIB), vimos a público denunciar e prestar solidariedade ao Povo Guajajara
pelo assassinato do guardião Paulo Paulino Guajajara após o grupo dos agentes
florestais indígenas “Guardiões da Floresta” ter sido emboscado por madeireiros
dentro de seu próprio território. O líder indígena guardião Laércio Guajajara
também foi ferido, ele está internado e seu quadro é estável.
O crime ocorreu
ontem no interior da Terra Indígena Araribóia, região de Bom Jesus das
Selvas-MA, entre as aldeias Lagoa Comprida e Jenipapo. Houve intenso confronto.
O indígena Paulo Paulino Guajajara, conhecido como “Lobo mau”, foi brutalmente
assassinado com um tiro no rosto; Há informações de que um madeireiro envolvido
no crime também pode ter morrido no confronto, seu corpo está desaparecido.
O Governo
Bolsonaro tem sangue indígena em suas mãos, o aumento da violência nos
territórios indígenas é reflexo direto de seu discurso de ódio e medidas contra
os povos indígenas do Brasil. Nossas terras estão sendo invadidas, nossas
lideranças assassinadas, atacadas e criminalizadas e o Estado Brasileiro está deixando
os povos abandonados a todo tipo de sorte com o desmonte em curso das políticas
ambientais e indigenistas.
Neste momento,
oito líderes indígenas da APIB estão em uma intensa jornada pela Europa para
denunciar a grave crise de direitos humanos que os povos indígenas do Brasil
enfrentam sob o presidente Jair Bolsonaro. Intitulada “Sangue Indígena: Nenhuma
Gota a Mais”, a campanha pede às autoridades e aos líderes empresariais da
Europa que respondam à crescente violência e devastação ambiental na Amazônia e
em todo o país.
Um relatório
recente do Conselho Missionário Indígena do Brasil (CIMI) mostrou um aumento
dramático da violência contra comunidades nativas e invasões de territórios
indígenas. Durante os primeiros nove meses de posse de Bolsonaro, houve 160
casos relatados de invasões de terras, o dobro dos números registrados no ano
passado.
Sonia Guajajara,
coordenadora executiva da APIB e liderança do Povo Guajajara, declarou que o
Território Indígena Araribóia está em luto e que já faz tempo que eles vêm
denunciando a situação de ausência do poder público na proteção dos territórios
indígenas, assim como a invasão do território Araribóia para a exploração
ilegal de madeira e a luta dos guardiões para protegê-lo. “Não queremos mais
ser estatística, queremos providências do Poder Público, dos órgãos que estão
cada vez mais sucateados exatamente para não fazerem a proteção dos povos que
estão pagando com a própria vida por fazer o trabalho que é responsabilidade do
Estado. Exigimos justiça urgente!”.
Nesta
segunda-feira, dia 4, está agendada audiência pública em Imperatriz (MA) para
discutir o arrendamento dos Territórios Indígenas e o entreguismo para o
agronegócio. Não aceitaremos a legalização da destruição de nossos territórios.
Sabemos que os
povos indígenas em todo mundo são responsáveis pela preservação de 80% da
biodiversidade, assim como para o combate à crise climática que é um dos
maiores problemas enfrentados pela humanidade neste século XXI. Onde há
indígenas, há floresta em pé. Por isso, um ataque aos nossos povos, representa
um ataque a todas às sociedades e ao futuro das próximas gerações.
É preciso dar um
basta à escalada dessa política genocida contra os nossos povos indígenas do
Brasil. É por isso que estamos com a nossa campanha pelos países da Europa, para
alertar ao mundo o que está acontecendo no Brasil e pedir apoio para que
nenhuma gota a mais de sangue indígena seja derramada.
Sangue Indígena:
Nenhuma Gota Mais!
Maranhão 02 de
novembro de 2019
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