Superintendência
de Homicídios investiga se o caso pode ser relacionado com o conflito pelo uso
de terras públicas na região.
Camponeses
Celino Fernandes e seu filho, Wanderson de Jesus Rodrigues, foram mortos a
tiros em Arari, no Maranhão
A Polícia Civil está investigando o
assassinato dos camponeses Celino Fernandes e seu filho, Wanderson de Jesus
Rodrigues Fernandes dentro de uma residência em Arari, na região da baixada
maranhense, a 166 km de São Luís.
Segundo a polícia, ao menos um deles foi
morto com tiro na cabeça. Sobre o outro, ainda não há informações. A
Superintendência de Homicídios também ainda não divulgou informações sobre as
circunstâncias do crime. Em nota, o governo do Maranhão informou que aguarda as
investigações da Polícia Civil para que as devidas providências sejam tomadas
em relação ao caso.
"Trata-se de uma região de conflito
generalizado, envolvendo disputa de terras e criação de animais, sendo esta uma
das linhas de investigação. A Polícia Civil do Maranhão (PCMA) comunica que foi
instaurado um inquérito policial para investigar as mortes e que foi destacada
uma equipe da Superintendência de Homicídios e Proteção para realizar o
trabalho. Quanto ao conflito de terras, informa que já há um inquérito
instaurado pela delegacia agrária, bem como investigação sendo realizada pela
delegacia do município de Arari", diz a nota do governo.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem
dos Advogados do Brasil no Maranhão (OAB-MA) acompanha o caso e disse que pode
estar relacionado pelo conflito pelas terras publicas ocupadas por grileiros que
tiram áreas fundamentais para vida das populações tradicionais.
"Situações como estas, de violência
no campo, precisam de medidas enérgicas do Poder Público. É absolutamente
necessária a apuração urgente e responsabilização criminal de todas as pessoas
envolvidas. A Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA se solidariza com os
familiares e amigos das vitimas nesse momento de imensa dor e perda",
afirma a comissão.
Para a rede Fóruns e Cidadania do
Maranhão, que reúne várias organizações sociais, os camponeses foram
assassinados por pistoleiros por conta do uso de terras públicas na região.
Vários camponeses fazem uso de terras alagadas para sobrevivência por meio da
pesca ou criação de animais.
"Exigimos dos órgãos públicos e do
governo do estado do Maranhão a imediata elucidação desses bárbaros crimes,
sejam os autores processados e ao final condenados às penas das leis
brasileiras", diz a entidade em nota pública.
A região da baixada maranhense possui
histórico de conflitos por conta do uso de terras, como áreas alagadas. Em
agosto de 2019, a Defensoria Pública e o Ministério Público do Maranhão
ingressaram com Ação Civil Pública para garantir o livre acesso de comunidades
tradicionais aos campos alagados em Matinha.
A ação era referente às comunidades de
Bom Jesus, São Caetano, Patos e aos moradores do Povoado Salva Terra. Segundo a
Defensoria, são centenas de pescadores, agricultores familiares, indígenas e
remanescentes de quilombos que ficam impedidos de ter acesso aos campos e
alagados e babaçuais e aos recursos necessários para seu próprio sustento, como
a pesca, o extrativismo.
A Defensoria diz que a instalação das
cercas elétricas já causou choques a moradores que tentaram acessar os campos
inundáveis e águas públicas em Área de Proteção Ambiental (APA) em Matinha.
Com informações do G1 MA
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