O
gesto, além de constranger os pacientes, coloca o visitante em risco de contaminação
pelo novo coronavírus
O presidente Jair Bolsonaro pediu nesta
quinta-feira (11) aos seus seguidores nas redes sociais que filmem o interior
de hospitais públicos e de campanha para averiguar se os leitos de emergência
estão livres ou ocupados.
Em live nas redes sociais, o presidente
defendeu que, caso as imagens demonstrem alguma anormalidade, elas sejam
enviadas ao governo federal, que o repassará para a Polícia Federal ou para a
Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para que sejam investigadas.
No Twitter, o governador Flávio Dino
reagiu: “Bolsonaro não pode mandar invadir hospital e filmar locais onde estão
pacientes e profissionais trabalhando. E também não pode mandar
extraoficialmente nada para Polícia Federal. Se manda, tem que ser por ofício
assinado. E ABIN não pode investigar”.
E Dino acrescentou: “Se Bolsonaro não fosse
essa pessoa despreparada e desesperada, saberia que não precisa mandar invadir
hospital. Basta verificar os boletins que os governos estaduais publicam com o
número de leitos ocupados. E se ele quiser visitar os nossos hospitais, eu
mesmo mostro para ele”.
A entrada em unidades de saúde sem autorização
não é permitida. O gesto, além de constranger os pacientes, coloca o visitante
em risco de contaminação, sobretudo em meio à pandemia de coronavírus. As autoridades
de saúde têm recomendado que as pessoas evitem unidades hospitalares para
evitar o contágio.
"[Se] Tem hospital de campanha perto
de você, hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente
está fazendo isso e mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados
ou não. Se os gastos são compatíveis ou não. Isso nos ajuda", disse o
presidente.
Na semana passada, cinco deputados estaduais
de São Paulo invadiram as instalações do hospital de campanha no Anhembi, causando
tumulto no local. Os funcionários da unidade de saúde pediram para que eles se retirassem, mas
eles se negaram a deixar o local. O presidente fez o pedido após colocar em dúvida
o número total de mortes por coronavírus no Brasil. Nesta quinta-feira (11), o
Brasil registrou 1.261 mortes, elevando para 41.058 vidas perdidas
Sem mostrar provas, Bolsonaro disse que
chegam ao governo federal informações de que o número total de mortes está
inflado e de que muitas pessoas morrem por outros motivos, mas que seus
atestados de óbito incluem o coronavírus como causa.
"Tem um ganho político dos caras. Só
pode ser isso. Aproveitando as pessoas que falecem para ter um ganho político.
E para culpar o governo federal", disse. "Pode ser que eu esteja
equivocado, mas, na totalidade ou em grande parte, ninguém perdeu a vida por
falta respirador ou de UTI", acrescentou.
Até agora, o novo coronavírus vitimou mais brasileiros
do que os acidentes de trânsito em todo o ano de 2019. Os mais de 40 mil óbitos
pelo novo coronavírus superaram as 40.721 mortes no trânsito de 2019.
Além disso, as mortes pela Covid-19 no
Brasil já ultrapassaram o total registrado em 2019 com homicídios dolosos.
Foram 39.776 em todo o ano passado, de acordo com dados do Ministério da
Justiça e Segurança Pública.
Bolsonaro não pode mandar invadir hospital e filmar locais onde estão pacientes e profissionais trabalhando. E também não pode mandar extraoficialmente nada para Polícia Federal. Se manda, tem que ser por ofício assinado. E ABIN não pode investigar pic.twitter.com/7LeNIqFmnV— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) June 12, 2020
Com informações do UOL
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