A
proposta foi feita no último dia 21, em videoconferência com a participação de
Bolsonaro, que prometeu cuidar pessoalmente do assunto
Padres e leigos conservadores que controlam boa
parte do sistema de emissoras católicas de rádio e TV ofereceram ao presidente
Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) “mídia positiva” para ações do governo na
pandemia do novo coronavírus. Em troca, porém, eles pedem anúncios estatais e
outorgas para expandir sua rede de comunicação.
De acordo com matéria do repórter Felipe Frazão,
publicada no Estadão deste sábado (6), a proposta foi feita no último dia 21,
em videoconferência com a participação de Bolsonaro. A reunião foi pública e
transmitida por redes sociais do Planalto e pela TV Brasil. O grupo solicitou
acesso ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, à
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e, principalmente, à Secretaria
de Comunicação Social da Presidência (Secom).
O padre Welinton Silva, da TV Pai Eterno, ligada ao
Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), foi bem explicito:
Ele disse que espera uma aproximação com a Secom,
que tem R$ 127,3 milhões em contratos com agências de publicidade, para oferecer
uma “pauta positiva das ações do governo” na pandemia da covid-19.
“A nossa realidade é muito difícil e desafiante,
porque trabalhamos com pequenas doações, com baixa comercialização. Dentro
dessa dificuldade, estamos precisando mesmo de um apoio maior por parte do
governo para que possamos continuar comunicando a boa notícia, levando ao
conhecimento da população católica, ampla maioria desse país, aquilo de bom que
o governo pode estar realizando e fazendo pelo nosso povo. Precisamos ter mais
atenção para que esses microfones não sejam desligados, para que essas câmeras
não se fechem.”
O padre e cantor Reginaldo Manzotti, da Associação
Evangelizar é Preciso, com rádios e TV próprias, cobrou agilidade e ampliação
das outorgas. “Nós somos uma potência, queremos estar nos lares e ajudar a
construir esse Brasil. E, mais do que nunca, o senhor sabe o peso que isso tem,
quando se tem uma mídia negativa. E nós queremos estar juntos”, disse.
O empresário João Monteiro de Barros Neto, da Rede
Vida, afirmou que “Bolsonaro é uma grande esperança”. Argumentou, ainda, que
veículos católicos precisam ser “verdadeiramente prestigiados”. Barros Neto
pediu não apenas mais entrevistas, como também a participação do presidente em
eventos promovidos por católicos. “A Rede Vida é a quarta maior rede de TV
digital do País, mas, para que possamos crescer, precisamos ter mais
investimentos”, resumiu ele.
Emissoras de TV ligadas a grupos religiosos
receberam, no ano passado, R$ 4,6 milhões em pagamentos da Secom por veiculação
de comerciais institucionais e de utilidade pública.
Os católicos ficaram com R$ 2,1 milhões e os
protestantes, com R$ 2,2 milhões. Em 2020, emissoras de TV católicas receberam,
até agora, R$ 160 mil, enquanto as evangélicas, R$ 179 mil, de acordo com
planilhas da Secom.
O encontro virtual foi intermediado pelo líder do
governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), com a Frente Parlamentar
Católica.
Já o presidente da bancada católica, deputado
Francisco Jr. (PSD-GO), pediu que Bolsonaro promova, mensalmente, um café da
manhã de conversa e oração com eles.
“Estamos um pouco enciumados. Nós somos a maioria e
a maioria é que ganha eleição sempre”, alegou Francisco Jr., para quem as
pautas da bancada “têm a cara de Jair Bolsonaro.” O deputado Diego Garcia
(Podemos-PR) afirmou, por sua vez, que a bancada quer fortalecer o governo. “O
senhor pode contar 100% nas matérias pertinentes em apoio ao governo”, disse
Garcia a Bolsonaro.
Bolsonaro prometeu tratar pessoalmente do assunto.
Com informações do Estadão/Revista Fórum
Nenhum comentário:
Postar um comentário