Secretário Carlos Lula informou que comunicado sobre a
internação do tripulante indiano foi feito pela ANVISA |
Um tripulante indiano do navio “MV Shandong da Zhi”, que está fundeado na Baía de São Marcos, deu entrada em hospital da rede privada de São Luís com sintomas da covid-19.
Segundo informações do secretário Carlos Lula, a notificação foi passada à Secretaria de Estado da Saúde (SES) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Existe o temor da entrada no Brasil da variante indiana do coronavírus.
Segundo a SES, em relação ao paciente internado, o relatório médico registra que o homem de 54 anos, de nacionalidade indiana, começou a ter sinais e sintomas no dia 4 de maio, apresentando febre.
“Procedimentos foram realizados previamente à sua remoção para o hospital, no dia 13 de maio, mas os sintomas persistiram. A remoção do paciente foi realizada por meio de helicóptero por determinação médica”, diz a nota, que informa que ele testou positivo para a covid-19
A ANVISA informou, ainda, que o navio encontra-se em quarentena, na área de fundeio, para isolamento dos demais tripulantes. “O órgão estadual foi notificado pela ANVISA para seguir as exigências de protocolo sanitário, sendo orientada a realizar coleta de exame de PCR em toda a tripulação, procedimento que está em curso”, acrescenta a nota.
Leia a íntegra da nota da SES
Por que o coronavírus originário na Índia se tornou “variante de preocupação”
A variante B.1.617, detectada pela primeira vez na Índia, passou a ser considerada uma "variante de preocupação" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma categoria mais transmissível. Antes, ela havia sido classificada como uma variante de interesse, menos preocupante.
À medida que mais casos da variante B.1.617 foram surgindo na Índia e em outros países – a variante foi descoberta também na Argentina –, ela passou a se encaixar na categoria de outras como a B117, originária do Reino Unido, a B.1.351, da África do Sul, e a P.1, do Brasil.
O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) classifica as variantes do novo coronavírus em três categorias: variantes de interesse, variantes de preocupação e variantes de alta sequência. Entenda o significado de cada categoria e como estudos genéticos permitem o mapeamento de novas variantes.
Como surgem as variantes?
Antes de entender o que diferencia uma variante de interesse de uma variante de preocupação, é importante entender como surgem as mutações.
Toda vez que um vírus infecta uma pessoa, ele tem a possibilidade de sofrer mutação, ou seja, mudar sua composição genética. Por isso, quanto mais infecções ocorrem em uma região, maior a possibilidade de que variantes do vírus possam originar novas versões.
Disseminando-se progressivamente desde sua origem em Wuhan, na China, (onde admite-se que o novo coronavírus surgiu) para outras partes do mundo, causando milhões de infecções, o Sars-CoV-2 mudou progressivamente em sua estrutura molecular que, graças ao sequenciamento genético, pôde ser analisada detalhadamente.
Um grupo de cientistas alemães e britânicos analisou o genoma do vírus desde seu surgimento e acompanhou sua evolução através das mutações, que ocorriam à medida em que o vírus se espalhava progressivamente para outros países. Entenda o que significa cada tipo de variante:
Variantes de interesse: incluem marcadores genéticos específicos que predizem sua capacidade de afetar a transmissão, o diagnóstico, a terapia ou a resposta aos anticorpos neutralizantes do vírus. Podem exigir ações de saúde pública, incluindo vigilância do vírus, ou investigações epidemiológicas para avaliar a facilidade de transmissão, se causam doenças mais graves, qual a resposta a tratamentos, e se as vacinas atuais oferecem proteção a elas.
Alguns exemplos de variantes de interesse são B.1.526, de Nova York, e P.2, do Brasil. A variante B.1.617, da Índia, estava neste grupo, mas agora foi reclassificada como variante de preocupação.
Variantes de preocupação: há evidências de que elas têm maior capacidade de contágio. Essas variantes se manifestam de forma mais grave nos doentes, levando a mais hospitalizações ou mortes, são mais resistentes a tratamentos e vacinas, e têm mais falsos negativos em testes de detecção de diagnóstico.
Variantes de preocupação podem exigir ações de saúde pública específicas, como notificação à OMS, em virtude do Regulamento Sanitário Internacional, notificação ao CDC, esforços locais ou regionais para controlar a disseminação, e desenvolvimento de novas vacinas ou testes diagnósticos.
Variantes de alta consequência: são consideradas as mais resistentes a tratamentos e vacinas. Segundo o CDC, elas elevam o risco de doença clínica mais grave, causam aumento de hospitalizações, e diminuem significativamente a eficácia da vacina.
Uma variante de alta consequência exigiria
notificação à OMS, relatório ao CDC, anúncio de estratégias para prevenir ou
conter a transmissão e recomendações para atualizar tratamentos e vacinas.
Felizmente não foram detectadas até o momento variantes de alta consequência do
coronavírus.
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