Ciro
acredita no “milagre da participação popular” para reverter o resultado do
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ele acusou o
vice-presidente Michel Temer (PMDB) de tentar “golpear o país” e avaliou que um
eventual governo do peemedebista será uma “tragédia”.
Ciro
convocou os brasileiros a "protegerem a democracia”.
Valter
Lima, do Sergipe 247
O presidenciável do PDT, Ciro
Gomes, em passagem por Aracaju, para participar da convenção estadual do seu
partido, na sexta-feira (6), disse que acredita no “milagre da participação
popular” para reverter o resultado do processo de impeachment da presidente
Dilma Rousseff.
Ele acusou o vice-presidente
Michel Temer (PMDB) de tentar “golpear o país”. Para ele, o eventual governo
Temer será uma “tragédia”. “Na hora que este cidadão conseguir golpear o país,
e eu espero que isso não aconteça, e que o milagre da participação popular
ainda possa se fazer acontecer”, disse.
Questionado pelo 247 se dá para
acreditar na possibilidade deste milagre, Ciro respondeu que não se move por
crenças, mas por militância. “Me movo por militância, por dever moral e
histórico de que a história vai fazer o registro de quem nessa hora foi rato,
conspirou e traiu o Brasil e quem teve coragem de resistir. E veja que hoje a
história nem pede que a gente se mate como Getúlio se matou para defender o
povo brasileiro, nem que seja exilado como foram Leonel Brizola e João Goulart.
A história só pede que a gente saiu de trás do computador e ocupe, na rua,
aquele espaço democrático que nos pertence. E lembrar que a democracia é um
valor absolutamente supremo. Governo ruim passa ligeiro. Mas em relação à
violência contra as leis, é preciso lutar contra ela agora”, disse.
Ciro convocou os brasileiros a
“protegerem a democracia”. “O que acontece no Brasil hoje é que uma presidente
eleita pelo povo contra quem não pesa nenhuma acusação do ponto de vista moral
está sendo derrubada para ser substituída por uma mão trepide de políticos
ladrões, corruptos e descompromissados com a questão brasileira. E isso é uma
ameaça da democracia. Na prática, é uma eleição indireta com um candidato
único. O impeachment da presidente Dilma é um golpe, pois o pretexto jurídico
não existe. Não há crime, é uma pantomima”, disse.
Culpa
da imprensa
O presidenciável culpou a
imprensa por não esclarecer corretamente a população sobre os verdadeiros
culpados pela crise econômica na qual o país está inserido. “Parte importante
da crise que estamos vivendo, a imprensa de São Paulo e do Rio subtraiu da opinião
pública, porque não interessa a ninguém diminuir as culpas que se jogam contra
a presidente Dilma”, disse.
Ele explicou o motivo da
declaração: “Eu estou trabalhando na CSN [Companhia Siderúrgica Nacional]. E
dois anos atrás, a gente vendia uma tonelada de minério de ferro por 190
dólares. E já chegamos a vender por 40 dólares. Agora estamos vendendo a 52
dólares. Mas ainda é uma diferença muito grande, diante do valor que já custou.
Nós, quando organizamos a lei de partilha do pré-sal, vendíamos um barril de
petróleo por 110 dólares. Agora estamos vendendo a 30 dólares. Então há uma
crise que vem de fora para dentro que simplesmente fez tudo o que o Brasil
vende lá fora cair de preço dramaticamente, enquanto tudo o que o país compra
de fora (remédio, eletroeletrônico, componentes da indústria automotiva, as
fibras das roupas) encareceu muito. Então se tem um desequilíbrio nas contas do
país que não interessa se é Chico, Manoel, Rosa, Dilma ou Temer. E eles
esconderam isso”.
Candidatura
Questionado sobre sua eventual
candidatura a presidente em 2018, Ciro disse que precisa “pensar mil vezes”
antes de se decidir, mas afirmou que está disponível 100% ao seu partido para
viajar o Brasil e apresentar um projeto que melhore a situação do país.
“Basicamente estamos defendendo
um projeto nacional de desenvolvimento, que tem três blocos de tarefa: o
primeiro para dentro, é sanear o Estado e equilibrar sua condição de
financiamento das suas essencialidades, tanto da economia, que está
estrangulada com a maior taxa de juros do mundo, como dos serviços públicos, em
áreas como saúde, educação e segurança pública; o segundo bloco é construir um
mapa por onde o país pode se desenvolver e aí o caminho são os grandes
desequilíbrios do país, priorizando um programa de industrialização; o terceiro
bloco, que é o que mais me comove, é investir em gente. O Brasil tem que
incrementar consolidadamente o gasto por cabeça por ano em Saúde, Educação e
Segurança ”, afirmou.
Para mudar o cenário político,
ele ressaltou que é preciso realizar uma reforma política através de
plebiscitos e referendos. “Tem que colocar as questões nas mãos da população”,
disse.
“O discurso político está
desmoralizado. Ele pasteurizou-se da direita para a esquerda. O moralismo de
goela não responde a nossos dramas. Eu defendo que o Brasil precisa de duas
reformas estruturais, que têm que ser levadas a um grande debate popular e a um
grande plebiscito para que tenhamos a solução nas mãos da população
diretamente, e não nas mãos da representação política.
Grandes reformas têm que ser
feitas a luz do dia. Isso tem a ver com a reforma fiscal e a reforma política.
Só povo pode resolver este problema. Defendo que um presidente forte, pela
qualidade da sua eleição, faça uma grande mobilização da sociedade, discutir em
seis meses, preparar duas ou três propostas mandar direto para um referendo
popular”, reforçou.
Confira outros trechos da
entrevista de Ciro Gomes à imprensa sergipana:
Qual
o objetivo destas viagens que o senhor tem realizado pelo Brasil?
A nossa mensagem assentada numa
tradição já muito generosamente reconhecida pelo povo brasileiro, pelo menos
por aqueles que amam a nossa história de um trabalhismo preocupado com um
modelo de desenvolvimento nacional que promova a superação das desigualdades é
um chão muito fértil onde estamos semeando hoje basicamente duas tarefas, que
parecem contraditórias, mas a nós comovidamente para ser a responsabilidade
presente: uma é proteger a democracia.
As pessoas ficam discutindo
filigranas, protocolos, formalidades, formalismos, mas na prática o que está
acontecendo no Brasil hoje é que uma presidente eleita pelo povo contra quem
não pesa nenhuma acusação sob o ponto de vista moral está sendo derrubada para
ser substituída pela mão de políticos ladrões, corruptos e descompromissados
com a sociedade brasileira e com a questão nacional. Na prática é uma eleição
indireta com um candidato único.
De outro lado, a nossa tarefa é
propor caminhos de mudança, porque o governo só está desconstituído e sofrendo
esta agressão porque o nosso povo está muito angustiado com os rumos da
economia, da gestão moral dos negócios do Estado brasileiro. Há um erro grave e
nós temos que propor uma alternativa”.
O
senhor acredita que o afastamento tardio de Cunha fez parte da estratégia para
consolidar impeachment da presidente Dilma?
Não acho. Isso me levaria, se eu
acreditasse nisso, ao terror impossível de se conviver com ele de que o Supremo
Tribunal Federal estivesse neste envolvimento. As pessoas têm razão de estar
aborrecidas, mas os tempos do Judiciário, a gente precisa entender. A
representação do Rodrigo Janot foi em dezembro, depois entrou o recesso e as
férias do Judiciário, depois tem que abrir prazo de defesa. Não existe um
precedente sequer na história constitucional brasileira do tribunal afastar um
deputado do seu mandato, mesmo preso. Só poderia em tese, na ordem anterior a
esta modernizante decisão, ser cassado pela Câmara. Isso é uma contradição, até
porque, na Constituição, se o presidente da República contra ele receber uma
denúncia, ele é afastado, se o ministro do STF receber uma denúncia é afastado,
e talvez um deputado, por coleguismo, deixaram assim essa faculdade, que agora
o Supremo revoga a bom tempo.
É importante para o país, para o
jovem aprender que a política não é um pardieiro de pilantras e espertalhões,
que se autoriza fazer o que bem entender, desde que seja um safadão impune. Não
o Wesley Safadão, meu conterrâneo de quem eu sou fã, mas estou falando de um
picareta como Eduardo Cunha, que é um gângster.
De outra parte, o impeachment é um golpe, porque o pretexto jurídico não
existe. Não há o cometimento de crime de responsabilidade pela presidente
Dilma. E você vê toda essa pantomima, todo este teatro onde ninguém muda um
voto. Mas eu acho que muda, se o nosso povo for para a rua insertar o Senado.
O
PDT fará oposição ao eventual governo Temer?
Evidentemente, caso se consume
este golpe, o PDT, pela nossa responsabilidade, história e coerência
movimentará uma oposição dura, franca, aberta e transparente do governo
golpista do senhor Michel Temer.
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