Deputado
leu carta em anúncio de cerca de dez minutos; 'Resolvi ceder aos apelos
generalizados de meus apoiadores. Somente esta renúncia poderá pôr um fim a
essa instabilidade sem prazo', disse.
JULIA LINDNER, DAIENE CARDOSO,
ERIC DECHAT, RICARDO BRITO
E BERNARDO CARAM
O ESTADO DE S. PAULO
O deputado federal Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) renunciou à presidência da Câmara dos Deputados. Ele leu uma carta na
tarde desta quinta-feira, 7, na Câmara dos Deputados. Às 13h10, Cunha chegou à
chapelaria do Congresso Nacional, onde ele anunciou sua decisão de deixar o
comando da Câmara. O pronunciamento durou cerca de dez minutos. Manifestantes
na área externa gritavam "fora Cunha".
"Resolvi ceder aos apelos
generalizados de meus apoiadores. Somente esta renúncia poderá pôr um fim a
essa instabilidade sem prazo. É público e notório que a Casa está
acefála", disse. "Desejo sucesso ao presidente Michel Temer e ao
futuro presidente da Câmara."
Em um momento durante o anúncio, se
disse vítima de perseguições e quase chorou ao falar que "algozes não
respeitaram a sua família". Ele ainda afirmou que está "pagando um
alto preço por ter aberto o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
Depois de renunciar à presidência da Casa, ele recebeu cumprimentos de aliados
em uma sala reservada.
Cunha, que foi eleito para a presidência
da Câmara em 1º de fevereiro de 2015, foi afastado do cargo e do mandato de
deputado no dia 05 de maio deste ano pelo plenário do Supremo Tribunal
Federal. Todos os 11 ministros da Corte
votaram contra Cunha. Apesar do afastamento, o deputado mantém o foro
privilegiado.
Sucessão
O líder do governo na Câmara, André
Moura (PSC-SE), disse que vai convocar uma reunião das lideranças na Casa para
avaliar a possiblidade de encurtar o prazo para a eleição do sucessor de
Eduardo Cunha na presidência da Câmara.
“Vou conversar com os líderes e, se
acharem que devemos agilizar, vamos ter de mobilizar para dar quórum amanhã
(sexta-feira) e na próxima semana para começar a contar o prazo regimental”,
afirmou Moura ao Estado. Na avaliação do líder atualmente há três candidatos
com potencial para suceder Cunha – Rogério Rosso (PSD-DF), Fernando Giacobo
(PR-PR) e Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele ressaltou, no entanto, que são 12
postulantes no total e o ideal é chegar a um consenso na disputa.
Acusações
Cunha é suspeito de manter contas não
declaradas na Suíça e de ter mentido sobre a existência delas na CPI da
Petrobrás. Por causa da acusação, ele é alvo de um processo de cassação por
decoro parlamentar na Casa. O processo foi aprovado no Conselho de Ética, mas
um recurso aberto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ainda não deu um
desfecho ao caso.
Dos 16 pontos de possível nulidade do
processo de cassação no Conselho de Ética, Ronaldo Fonseca (PROS-DF) reconheceu
apenas um: a votação do pedido de perda de mandato com chamada nominal. O
relator sugeriu que seja realizada nova votação.
Cunha é alvo de investigação por
suspeita de receber propina da OAS e foi incluído no inquérito-mãe da
Lava-Jato, que investiga o 'quadrilhão'. Ele também responde por duas ações
penais: uma derivada de uma denúncia da PGR que o acusa de receber propina em
contas na Suíça e outra de receber propina por contrato de navios-sonda.
No Supremo Tribunal Federal (STF), há
quatro inquéritos abertos sob análise. Ele foi denunciado por recebimento de
propina de consórcio que atuava em um porto do Rio de Janeiro e é investigado
por ser suspeito de ter participado de esquemas de corrupção envolvendo André
Esteves, Furnas e de ter pressionado o grupo Schahin em benefício do doleiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário