Drástica, mas legal, intervenção parece ser o único remédio contra a praga da corrupção na capital
Gustavo Ribeiro
Há duas semanas, a Justiça mandou prender e afastar o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, para impedi-lo de sabotar as investigações sobre o escândalo do mensalão de Brasília. A medida, inédita desde a redemocratização, preservou a investigação criminal - mas produziu um buraco negro político na capital do país. O vice-governador Paulo Octávio, suspeito de embolsar um terço das propinas, renunciou doze dias depois de assumir. Na semana passada, o presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima, tomou posse como governador, mas com grande risco de não ter tempo sequer de esquentar a cadeira. Réu por improbidade administrativa, Lima é aliado de Arruda e deve ao governador preso sua indicação para presidir a Câmara. Sua ascensão é vista como uma forma de a quadrilha continuar mantendo os tentáculos espalhados por onde quer que se olhe. Por isso, a intervenção federal surge como o único mecanismo que pode extirpar definitivamente a corrupção que se apossou das instituições. Ela já foi solicitada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Intervenção federal é uma medida excepcional. É tão extrema que, apesar de prevista na Constituição, nunca foi usada no Brasil. Especialistas ouvidos por VEJA, porém, veem na medida a única solução para a crise. "A situação já tomou proporções caóticas. As instituições de Brasília estão todas contaminadas", analisa o cientista político Claudio Abramo. A corrupção, enraizada no governo de Arruda, se entranhou no Legislativo, em que oito dos 24 deputados distritais são suspeitos de receber propina, e até no Judiciário, em que três desembargadores foram acusados de integrar o esquema. Os deputados flagrados recebendo dinheiro foram decisivos para a eleição de Wilson Lima ao comando da Câmara e sua consequente chegada ao governo da capital.
Diante de um quadro tão contaminado, é provável que somente a intervenção seja capaz de exterminar as ramificações criminosas de Arruda e seu bando. A simples ameaça de isso acontecer já produziu resultados. Em uma semana, a Câmara Distrital aprovou a abertura do processo de impeachment contra o governador afastado, o vice-governador e três deputados suspeitos. Entre eles, Leonardo Prudente, o deputado da meia, que renunciou na última sexta. O próprio Arruda, antes irredutível em relação a uma eventual renúncia, já pensa em afastar-se definitivamente. A situação política de Brasília é tão caótica que nem o PT parece animado com a possibilidade de o presidente Lula indicar um interventor. Sem contar a enorme dificuldade em encontrar alguém disposto a cumprir a missão de enfiar a cabeça, os pés e as mãos no lamaçal em que se transformou a política da capital do país.
Há duas semanas, a Justiça mandou prender e afastar o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, para impedi-lo de sabotar as investigações sobre o escândalo do mensalão de Brasília. A medida, inédita desde a redemocratização, preservou a investigação criminal - mas produziu um buraco negro político na capital do país. O vice-governador Paulo Octávio, suspeito de embolsar um terço das propinas, renunciou doze dias depois de assumir. Na semana passada, o presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima, tomou posse como governador, mas com grande risco de não ter tempo sequer de esquentar a cadeira. Réu por improbidade administrativa, Lima é aliado de Arruda e deve ao governador preso sua indicação para presidir a Câmara. Sua ascensão é vista como uma forma de a quadrilha continuar mantendo os tentáculos espalhados por onde quer que se olhe. Por isso, a intervenção federal surge como o único mecanismo que pode extirpar definitivamente a corrupção que se apossou das instituições. Ela já foi solicitada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Intervenção federal é uma medida excepcional. É tão extrema que, apesar de prevista na Constituição, nunca foi usada no Brasil. Especialistas ouvidos por VEJA, porém, veem na medida a única solução para a crise. "A situação já tomou proporções caóticas. As instituições de Brasília estão todas contaminadas", analisa o cientista político Claudio Abramo. A corrupção, enraizada no governo de Arruda, se entranhou no Legislativo, em que oito dos 24 deputados distritais são suspeitos de receber propina, e até no Judiciário, em que três desembargadores foram acusados de integrar o esquema. Os deputados flagrados recebendo dinheiro foram decisivos para a eleição de Wilson Lima ao comando da Câmara e sua consequente chegada ao governo da capital.
Diante de um quadro tão contaminado, é provável que somente a intervenção seja capaz de exterminar as ramificações criminosas de Arruda e seu bando. A simples ameaça de isso acontecer já produziu resultados. Em uma semana, a Câmara Distrital aprovou a abertura do processo de impeachment contra o governador afastado, o vice-governador e três deputados suspeitos. Entre eles, Leonardo Prudente, o deputado da meia, que renunciou na última sexta. O próprio Arruda, antes irredutível em relação a uma eventual renúncia, já pensa em afastar-se definitivamente. A situação política de Brasília é tão caótica que nem o PT parece animado com a possibilidade de o presidente Lula indicar um interventor. Sem contar a enorme dificuldade em encontrar alguém disposto a cumprir a missão de enfiar a cabeça, os pés e as mãos no lamaçal em que se transformou a política da capital do país.
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