Apesar de ato proibindo a prática, ainda há 160
pessoas em situação irregular
O GLOBO
BRASÍLIA. O combate ao nepotismo é outro tema
polêmico no Distrito Federal, desde que, em agosto, foi editado um ato
proibindo a contratação de parentes de deputados distritais e funcionários.
Cerca de 160 pessoas deveriam ser demitidas, inclusive no gabinete da deputada
Celina Leão (PSD), principal porta-voz da oposição ao governo local. Ela se
defende e diz que, da mesma forma que outros 21 deputados, espera que as
exonerações sejam efetivadas pelo próprio presidente da Casa:
— Asseguro que essa é a mesma situação de 22
deputados. Ainda aguardamos um parecer do presidente da Câmara. Quase ninguém
demitiu ainda — disse a deputada.
O ato antinepotismo, entretanto, cria uma exceção,
que permite a contratação de parentes de servidores concursados, seguindo nota
técnica da procuradoria de Justiça do Distrito Federal. Uma luva que serve ao
secretário-geral da Casa, Fernando Botelho Taveira, que mantém no setor de
segurança sua mulher, Eneida, policial civil de Brasília.
Gasto de
deputados distritais é uma caixa-preta
Na Câmara Distrital, ainda causa repulsa um projeto
de lei, apresentado pelo deputado Chico Leite (PT), que obriga os 24
parlamentares a divulgar sua prestação de contas da verba indenizatória de R$
11,2 mil, mensais. Só quatro deles o fazem por conta própria, e até as contas
do presidente da Casa, deputado Patrício (PT), estão desatualizadas. Apenas em
"divulgação de atividade parlamentar", em setembro, os distritais
gastaram 95,4 mil, sem que se saiba sequer o nome das empresas que receberam
dinheiro público.
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Dep. Patrício, presidente, tem contas desatualizadas |
— Precisa ter acordo do colégio de líderes para votar
o projeto. Nós fazemos o nosso controle interno — afirma o presidente da
Câmara.
Com a missão de investigar as suspeitas de ilícitos
no poder de Brasília fica o Ministério Público, que ainda não se livrou do
trauma da queda de seu ex-procurador-geral Leonardo Bandarra, investigado por
suspeita de receber propina do esquema liderado pelo ex-governador Arruda.
Enquanto a investigação contra Bandarra corre na Justiça Federal, dois grupos
do Ministério Público do DF travam uma guerra nos bastidores para apurar um dos
casos mais rumorosos da recente história político-policial de Brasília: os
contratos emergenciais firmados entre 2006 e 2010 para serviços de coleta de
lixo.
No MP, sem
prazo para concluir investigações
Até hoje, o Ministério Público não ajuizou nenhuma
ação civil pública ou criminal para apurar irregularidades no período, apesar
de a Câmara de Acompanhamento e Revisão da Promotoria de Patrimônio Público ter
determinado o seu ajuizamento. A investigadora do caso, Catia Gisele Martins
Vergara, rejeitou a determinação, protegida por deliberação do Conselho
Superior do Ministério Público do DF. Ao GLOBO, ela mandou informar que a
investigação está em andamento, sem prazo para sua conclusão.
Por meio de sua assessoria, o governador Agnelo
Queiroz afirmou que os contratos emergenciais "foram renovados neste ano
para manter os serviços prestados aos usuários do SUS até que o processo
licitatório seja concluído". Porém, o governo local não ofereceu prazo
para lançar o edital. Ainda diz que os procedimentos ocorreram dentro da
legalidade, porém admite que a própria Secretaria de Transparência do governo
recomendou "a substituição dessas prestadoras de serviço".
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