Francisco Tenório é acusado de ser
mandante de assassinatos em Maceió.
Ex-deputado será delegado-adjunto de
Delegacia de Acidentes de Trânsito.
Rosanne D'Agostino
Do G1, em São Paulo
O ex-deputado federal Francisco Tenório
(PMN-AL) voltou a trabalhar nesta quarta-feira (29) em Maceió como
delegado-adjunto usando uma tornozeleira para monitoramento eletrônico de
presos em liberdade provisória. Ele responde a processo por homicídio e obteve
liberdade no último dia 16.
Segundo a Polícia Civil de Alagoas, o
ex-deputado vai trabalhar na Delegacia de Acidentes de Trânsito, conforme
determinação do diretor metropolitano da Polícia Civil, Arnaldo Soares. A
portaria de designação ao cargo foi publicada nesta quarta no Diário Oficial do
estado.
Em razão da tornozeleira, Tenório não
tem permissão para deixar a capital alagoana e tem de se recolher ao local onde
mora todos os dias antes das 20h.
A cúpula do órgão entendeu que seria uma
delegacia neutra, depois que pessoas próximas ao ex-deputado informaram que ele
correria risco caso voltasse para um distrito policial, informou a assessoria
de imprensa da Polícia Civil.
O G1 entrou em contato com a delegacia.
O escrivão de plantão informou que Tenório compareceu nesta quarta e se
apresentou ao delegado titular, Fernando Tenório, mas que já havia ido embora e
não concederia entrevista.
Habeas
corpus
O advogado Fábio Gomes, que representa o
ex-deputado, afirmou ao G1 que ainda nesta semana deve entrar com novo habeas
corpus para que a obrigatoriedade da tornozeleira também seja revogada. “Ele é
réu primário, compareceu a todos os atos do processo, não tinha sequer
requisitos para estar em prisão preventiva, isso é desproporcional”, afirmou.
Sobre os dois processos a que ele
responde por homicício, o advogado afirma que seu cliente “nega veementemente
as acusações”. “Não existe nada contra ele. Tanto que denúncias tramitaram no
STF [Supremo Tribunal Federal] enquanto ele exerceu o cargo e nunca foi
proposta ação penal contra ele. Não há indício nenhum de provas. As denúncias
dos dois processos são baseadas em depoimentos de pessoas que foram presas por
ele durante o tempo em que ele era delegado”, completou.
Acusações
Tenório foi preso em fevereiro de 2011
em Brasília, acusado de ser o mandante de dois assassinatos. Um ocorrido em
Maceió em 1996, em que é acusado de ser o mandante da morte do cabo José
Gonçalves, e outro em 2005, o assassinato de Cícero Sales Belém. O MP afirma
que o cabo trabalhava para Tenório, que atuava como delegado à época e que
Cícero teria sido morto em uma "queima de arquivo".
De acordo com a decisão da Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas, que concedeu a liberdade
provisória, o ex-deputado precisa cumprir exigências enquanto permanece em
liberdade monitorada: comparecer mensalmente ao juiz todo o 1º dia útil para
informar e justificar sua atividades.
Também está proibido de circular em
local onde residam familiares da vítima, para evitar qualquer situação de
embaraço e de ausentar-se da Comarca de Maceió, sem prévio aviso e a devida
autorização judicial. É obrigado a permanecer em sua casa no período noturno
das 20h até 6h.
Nenhum comentário:
Postar um comentário