NÁDIA GUERLENDA
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
A maioria dos ministros do STF (Supremo
Tribunal Federal) votou, na tarde desta quinta-feira (16), pela
constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, que determina a inelegibilidade, por
oito anos, de políticos condenados em segunda instância, cassados ou que tenham
renunciado para evitar a cassação, entre outros.
Virtualmente, a lei já está aprovada e
vale para as eleições municipais desse ano. Os ministros podem, porém, alterar
seu voto até o fim da sessão, o que é muito raro.
O ministro Ayres Britto foi segundo a
votar na sessão de hoje, depois de Ricardo Lewandowski, que abriu a sessão.
Ambos acompanharam Joaquim Barbosa, que julgou a lei completamente
constitucional. Também seguiu o entendimento de Joaquim a ministra Rosa Weber.
Britto elogiou a lei, que nasceu da
assinatura de mais de 1,3 milhão de eleitores. "A iniciativa popular
plenifica a democracia, o que confere à lei, se não a hierarquia maior, um
tônus de legitimidade ainda maior, ainda mais denso. Essa lei é fruto do
cansaço, da saturação do povo com os maus tratos infligidos à coisa
pública."
Os ministros Luis Fux e Cármen Lúcia
completam a conta dos favoráveis à lei, apesar de terem feito uma pequena
ressalva quanto ao tempo de inelegibilidade no caso de condenação criminal.
A tese de que a Lei da Ficha Limpa
ofende o princípio da presunção da inocência --por tornar inelegível o
candidato condenado por decisão da qual ainda pode recorrer-- foi refutada
pelos ministros.
"Estamos diante de uma ponderação
entre dois valores constitucionais de mesmo nível [a presunção de inocência e a
vida pregressa do candidato]. A Lei da Ficha Limpa busca proteger os valores de
moralidade e probidade na política. É uma opção legislativa legítima que foi
feita pelo Congresso Nacional", afirmou Lewandowski.
Ainda faltam os votos de três ministros:
Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso. Dias Toffoli e Gilmar Mendes, por
enquanto, são os únicos que votaram contra a constitucionalidade da lei.
A Lei da Ficha Limpa, de 2010, é de
iniciativa popular e foi apresentada ao Congresso após a assinatura de mais de
1,3 milhão de eleitores.
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