FELIPE SELIGMAN
FOLHA DE S. PAULO/DE BRASÍLIA

Demóstenes foi citado nas investigações
que resultaram na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmantelou um
esquema de exploração de jogos caça-níqueis.
Na tarde desta terça-feira, Gurgel
recebeu deputados e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Segundo os
parlamentares, o procurador afirmou que pedirá a abertura nas "próximas
horas".
Demóstenes admite que recebeu de
Cachoeira um telefone especial para conversas entre os dois. A investigação
policial gravou cerca de 300 diálogos entre o senador e o empresário de jogos
por pelo menos oito meses.
O democrata também ganhou de Cachoeira
um fogão e uma geladeira, presentes que segundo Demóstenes foram oferecidos por
um "amigo" quando se casou no ano passado.
COMISSÃO DE ÉTICA
Além da investigação do Ministério
Público Federal, o PSOL também anunciou hoje que vai pedir a abertura de um
processo no Conselho de Ética do Senado contra Demóstenes por quebra de decoro
parlamentar.
Segundo o senador Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP), a decisão do procurador-geral da República de pedir a abertura de
inquérito contra o democrata, é "inevitável" a investigação pelo
conselho. O processo pode resultar na cassação do senador do DEM.
AFASTAMENTO
Demóstenes pediu nesta terça-feira para
deixar a liderança do DEM no Senado. Em meio às denúncias de ligação com o
empresário, ele enviou carta para o presidente do partido, senador José
Agripino (DEM-RN), formalizando o pedido para se afastar da liderança.
"A fim de que eu possa acompanhar a
evolução dos fatos noticiados nos últimos dias, comunico a Vossa Excelência o
meu afastamento da liderança do Democratas no Senado Federal", afirmou em
carta de três linhas endereçada a Agripino.
O presidente do DEM afirmou que a
bancada do partido no Senado vai se reunir para escolher o novo líder na Casa.
"Quem vai assumir é quem a bancada decidir", disse Agripino.
Abatido, Demóstenes passou a manhã em
seu gabinete no Senado, mas não circulou pelos corredores da Casa. O democrata
procurou líderes partidários para pedir apoio político. Disse que espera o
julgamento criminal pela Procuradoria Geral da República, mas espera ser
poupado de um processo no Conselho de Ética do Senado --que poderia lhe
acarretar a perda de mandato.
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