Jornal do Brasil
Os documentos da Operação Monte Carlo,
divulgados na íntegra na madrugada desta segunda-feira (acesse aqui) pelo Jornal do Brasil e
pelo site Lei dos Homens(acesse aqui), revelam uma extensa teia de corrupção comandada pelo
contraventor Carlinhos Cachoeira.
Segundo os relatórios da Polícia Federal
e do Ministério Público, existem inúmeras casas de jogos que exploram máquinas
caça-níqueis na região de Valparaíso de Goiás e Águas Lindas (GO). "As
provas colhidas até o momento indicam que José Olímpio de Queiroga Neto, Lenine
Araújo e Carlinhos Cachoeira continuam atuando na exploração das casas de jogos
ilegais. No intuito de manter em funcionamento as casas, sem interferência
estatal, os donos das casas e/ou sócios, continuam pagando propina a inúmeros
policiais militares e civis de Goiás, que atuam na região. Há informações
inclusive de pagamento de propina a policiais civis de Brasília-DF que atuariam
sob as ordens da quadrilha, dando segurança aos jogos ilegais", diz o
documento.
As investigações da Polícia Federal
enumeram dezenas de pessoas investigadas por envolvimento com a quadrilha de
Carlinhos Cachoeira, como André Pessanha de Aguiar (PM de Goiás); Andrea
Aprígio de Souza Ramos (mulher de Carlinhos Cachoeira) e Anselmo Barbosa Câmara
(funcionário da prefeitura de Valparaíso de Goiás que repassava informações
sobre a repressão aos jogos ilegais e, em troca, recebia propina das mãos do PM
conhecido como Miguel).
Além destes, há inúmeros oficiais da PM
citados nas investigações. Um capitão da Polícia Militar de Goiás, conhecido
como Santos, teria recebido pagamento das mãos da quadrilha de Cachoeira para
permitir o funcionamento das casas de bingo. Já Antônio Carlos da Silva, o
major Silva, era o responsável pela contratação dos policiais militares de
Valparaíso envolvidos na segurança dos bingos de Cachoeira. Até mesmo um
coronel da PM de Goiás participava das benesses oferecidas pela quadrilha.
Carlos Antonio Puas atendia pedidos da quadrilha para permitir o funcionamento
do jogo ilegal, mediante recebimento de propina.
Segundo os documentos, no dia 10 de
janeiro de 2011, Lenine Araújo de Souza, braço direito da organização criminosa
comandada por Carlinhos Cachoeira, recebe uma ligação de uma pessoa
identificada como Eliane, que diz que o ex-comandante-geral da Policia Militar
de Goiás, coronel Carlos Antonio Dias, pediu
dinheiro referente ao mês de janeiro para saldar umas dívidas. Na
conversa, Eliane diz que o coronel tinha esperanças de continuar no cargo,
mesmo após a troca de governo, o que não ocorreu.
Sobre Carlinhos Cachoeira os documentos
são enfáticos: "AmpIamente identificado nos autos da investigação, é o
líder de toda a organização criminosa. Decide quem pode ter bingo funcionando
ou não e para isso corrompe inúmeros policiais civis e militares de Goiás".
Outra peça importante dentro do esquema
de Cachoeira era José Olímpio de Queiroga Neto, apontado pela PF como um dos
líderes da quadrilha. "Possui grande quantidade de máquinas caça-níqueis
nas diversas casas de jogos ilegais A quadrilha divide parte dos lucros nas
casas de jogos onde Olímpio tem participação e outras máquinas em que a
participação pertence a outras pessoas. Olímpio é sempre procurado para a
tomada de decisões importantes relacionadas às casas de jogos ilegais".
Nem delegados federais escapam da teia
montada por Carlinhos Cachoeira para estender seus domínios. Um deles é
Fernando Byron, lotado na Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da PF de
Goiânia. "Logo quando iniciamos o monitoramento de Carlinhos Cachoeira,
constatamos que aIguém, ainda não identificado, combinava encontros suspeitos
com o contraventor. Num certo dia, Cachoeira deve ter se esquecido das lições
de espionagem que deve ter tido com Fernando Byron e começou a dialogar
abertamente através de seu rádio nextel. Aqui abrimos um parênteses para
esclarece que o rádio nextel iniciado com a numeração 3160 é adquirido em
Miami-EUA. Observe pelos telefones monitorados, que somente o núcleo mais alto
da organização possui tal tipo de rádio, e
Byron é um deles. Talvez pensem que não poderiam ser monitorados, mas
estão enganados. Byron claramente mostra que já "vazou" uma Operação
Policial que investiga prefeitos do Estado de Goiás e está prestes a conseguir
informações sobre a presente Operação", revela a PF.
Outra peça importante no esquema era
Gleyb Ferreira da Cruz. Ele era homem de confiança de Cachoeira, "uma
espécie de faz tudo", além de ser o intermediário entre Deuselino e
Carlinhos no que se refere à obtenção de informações acerca do combate aos
jogos de azar no estado de Goiás.
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