Os detalhes de toda a trama para assassinar Décio Sá foram revelados pelo
jornalista Marco D´Eça
O jornalista Décio Sá foi assassinado
por uma quadrilha formada pelos agiotas Gláucio Pontes e seu pai, conhecido por
Miranda, que também executaram o “empresário” Fábio Brasil, em Teresina (PI).
A polícia também já prendeu o homem
conhecido por Júnior Bolinha, que teria sido o responsável pelo agenciamento do
pistoleiro, preso na semana passada.
Segundo as investigações, Décio entrou
na mira de Gláucio quando começou a denunciar em seu blog as ações de agiotas
no Maranhão.
Como fachada para seu negócio de
empréstimo, o agiota mantinha empresas de fornecimento de material escolar e
medicamentos, o que lhe gaqrantia proteção de políticos – deputados e prefeitos
– e até membros da polícia e do Judiciário.
A
morte de Fábio Brasil
A trama remete a outubro do ano passado.
Naquele mês, o agiota recebeu um pistoleiro que lhe contou ter sido contratado
para executá-lo por Fábio Brasil – ou Júnior Brasil, como era conhecido.
Motivo: Brasil lhe devia R$ 200 mil e
não tinha como pagar. Como saída, resolveu matá-lo, oferecendo R$ 100 mil ao
pistoleiro. Morte de Fábio Brasil teria levado à execução de Décio
Como não pagou o executor, o bandido
procurou Gláucio, oferecendo o serviço pelo mesmo valor.
Tudo está registrado em uma ocorrência
policial investigada pela polícia. Neste boletim, o “empresário” diz ter
recusado o serviço”, mas, segundo a polícia contou a história para que Júnior
Bolinha resolvesse.
Meses depois, Fábio Brasil foi morto em
praça pública, em Teresina. Décio Sá publicou a notícia e, depois, foi
informado de que o mandante seria Gláucio. (Leia aqui a notícia da morte de
Brasil) Morte de Fábio Brasil teria levado à de Décio
Jornalistas
e agiotas
Há informações de que Gláucio e Décio Sá
teriam se reunido – juntamente com outros jornalistas – ocasião em que o agiota
teria dito que o autor do crime contra Fábio Brasil seria, na verdade, Júnior
Bolinha, que o estaria chantageando para resolver o valor da execução.
Neste meio tempo – por intermédio de um
homem conhecido por Buchecha, Bolinha já havia alugado uma casa no Parque
Vitória e trazido dois homens do Pará.
A princípio, a dupla faria um sequestro
do pai de Gláucio, o Miranda – também preso hoje – como forma de pressionar o
comparsa a pagar os R$ 100 mil pela morte de Brasil.
Mas Bolinha acabou informado –
provavelmente pelo próprio Gláucio - de que Décio Sá sabia de mais e aproveitou
os bandidos do Pará para executar o jornalista antes da publicação da matéria.
Rixa
antiga
Bolinha já nutria ódio mortal de Décio
Sá desde 2009, quando o jornalista publicou matéria do seu envolvimento em
roubo de veículos – ele chegou a ser preso, em operação da Polícia Federal, com
um trator roubado em sua propriedade, em Santa Inês.
Nesta mesma ocasião, Gláucio conseguiu
escapar da prisão por causa da interferência de um policial amigo, que o avisou
da ação da PF.
Por conta da notícia de prisão publicada
no blog de Décio, Bolinha perdeu a bandeira da Coca-Cola, que representava em
Santa Inês. Segundo as investigações, resolveu então que “não deixaria Décio
destruir sua vida mais uma vez”, com a revelação da morte de Fábio Brasil.
Mansão
no Calhau
Para matar Décio, Bolinha contou com a
ajuda do próprio Gláucio na empreitada, segundo a investigação.
A polícia descobriu que o
empresário-agiota mantinha uma casa no Calhau, a menos de 500 metros da área
por onde os assassinos de Décio Sá empreenderam fuga. A casa servia apenas de
escritório particular e depósito de material escolar.
A polícia entende que os bandidos se
deslocaram para lá na noite do crime, o que impossibilitou a captura, já que
não estavam nas ruas.
Com os depoimentos de Valdêmio José da
Silva e a prisão de um dos executores, a polícia montou as últimas peças do
quebra-cabeça, resultando na prisão dos mandantes nesta manhã.
E assim, elucidou o assassinato do
jornalista…
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