DE BRASÍLIA FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO JOÃO PEDRO PITOMBO
DE SALVADOR
FOLHA DE SÃO PAULO
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A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira mais uma etapa
da Operação Lava Jato. Os agentes tentavam cumprir 62 mandados –um de
prisão preventiva, no Rio, três de temporária, em Santa Catarina, 18
conduções coercitivas e 40 de busca e apreensão.
A ação ocorreu ao mesmo tempo nos Estados de São Paulo, Rio, Bahia e Santa Catarina.
Segundo a PF, a nova fase é dividida em duas partes. Uma delas investiga
a BR Distribuidora e o pagamento de propina por parte de empresas de
Santa Catarina. A outra parte investiga operadores de lavagem de
dinheiro vinculados a dirigentes da Petrobras, envolvendo 11 operadores.
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que mora em São Paulo, é um dos
alvos dos mandados de condução coercitiva –quando a pessoa é levada até a
delegacia para prestar depoimento. Ele foi levado pela PF para depor.
Com Vaccari, a polícia espera obter informações sobre doações
solicitadas por ele a pessoas que mantinham contrato com a Petrobras.
"Nem sempre essas doações passam pelo caminho legal", afirmou o
procurador Carlos Fernando Lima.
Duas pessoas foram presas preventivamente, ambas em Santa Catarina. Um
terceiro alvo, também de Santa Catarina, está no exterior e deve
retornar ao Brasil ainda nesta quinta. O quarto alvo, do Rio –e que tem
contra ele o mandado de prisão preventiva– não foi localizado.
A PF também fez busca e apreensão na sede da GDK, empresa de engenharia
fornecedora da Petrobras. A empresa, que tinha a estatal como principal
cliente, entrou em recuperação judicial.
A GDK constrói dutos e instalações industriais. Em 2005 a direção da GDK
foi acusada de dar um Land Rover, avaliado em R$ 73,5 mil, para o então
secretário-geral do PT, Silvio Pereira. O episódio foi investigado pela
CPI dos Correios.
"Esta fase é fruto da análise de documentos e contratos apreendidos
anteriormente pela PF. Também contribuíram para esta nova etapa da
operação as informações oriundas da colaboração de um dos investigados,
além da denúncia apresentada por uma ex-funcionária de uma das empresas
investigadas", informou a Polícia Federal.
Nesta fase são investigadas 26 empresas –segundo a PF, a maioria de
fachada– e 22 pessoas. Uma das empresas, de Santa Catarina, fabrica
tanques de combustível e caminhões-tanque.
A BR Distribuidora também é investigada.
CONFIRA OS MANDADOS POR ESTADO
SP 10 mandados de busca e 2 de condução coercitiva (todos na capital)
RJ 12 mandados de busca, 8 de condução coercitiva e 1 de prisão preventiva (todos na capital)
BA 2 mandados de busca e 1 de condução coercitiva (todos na capital)
SC 16 mandados de busca, 7 de condução coercitiva e 3 de prisão temporária nas seguintes cidades:
- Itajaí: 8 mandados de busca, 5 de condução coercitiva e 2 de prisão temporária
- Balneário Camboriú: 3 mandados de busca, 1 de prisão temporária e 1 de condução coercitiva
- Piçarras: 2 mandados de busca
- Navegantes: 1 mandado de busca e 1 mandado de condução coercitiva
- Penha: 1 mandado de busca
- Palmitos: 1 mandado de busca
- Itajaí: 8 mandados de busca, 5 de condução coercitiva e 2 de prisão temporária
- Balneário Camboriú: 3 mandados de busca, 1 de prisão temporária e 1 de condução coercitiva
- Piçarras: 2 mandados de busca
- Navegantes: 1 mandado de busca e 1 mandado de condução coercitiva
- Penha: 1 mandado de busca
- Palmitos: 1 mandado de busca
Esta fase da operação foi batizada
de "May Way". É com o título desta canção de Frank Sinatra que o
ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que colabora com as
investigações, se refere a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da
estatal.
Fases anteriores da Lava Jato resultaram nas prisões dos ex-diretores da
Petrobras Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró, e de
altos executivos de importantes empreiteiras do país.
POSTO DE COMBUSTÍVEL
Com início em um posto de gasolina
–de onde surgiu seu nome–, a Operação Lava Jato, deflagrada em março de
2014 investiga um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro
envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos.
Uma das primeiras prisões foi a do doleiro Alberto Youssef, 47. Criado em Londrina, foi vendedor de pastel
e contrabandista de eletrônicos do Paraguai antes de aprender o ofício
de doleiro. Foi preso nove vezes. Uma delas, pela participação no
chamado caso Banestado, maior escândalo já investigado no Brasil sobre
remessas ilegais de dinheiro.
Três dias depois, houve a prisão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de
abastecimento da Petrobras. Costa era investigado pelo Ministério
Público Federal por supostas irregularidades na compra pela Petrobras da
refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Ele passou a ser investigado
pela PF após ganhar, em março de 2013, um carro de luxo de Youssef.
Tanto Costa quanto Youssef assinaram com o Ministério Público acordos de
delação premiada para explicar detalhes do esquema e receber, em
contrapartida, alívio das penas.
Em seu depoimento, o ex-diretor da Petrobras afirmou que havia um
esquema de pagamento de propina em obras da estatal, e que o dinheiro
abastecia o caixa de partidos como PT, PMDB e PP.
No final de outubro, Julio Camargo, da empresa Toyo-Setal, fechou
acordo de delação premidada com procuradores. É o primeiro executivo a
fazê-lo. Uma semana depois, outro executivo da empresa, Augusto Ribeiro
de Mendonça Neto, também assinou uma delação.
No dia 14 de novembro, a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Lava
Jato, que envolveu buscas em grandes empreiteiras como a Camargo
Corrêa, OAS e Odebrecht, além de outras sete companhias.
As empresas envolvidas têm contratos de R$ 59 bilhões com a Petrobras.
As denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal foram acatadas e a Justiça Federal tornou réus 39 pessoas.
O juiz federal do Paraná Sérgio Moro é responsável pelas ações penais
decorrentes da Lava Jato nos casos que não envolvem políticos –que
possuem foro privilegiado e, por isso, são investigados pelo Supremo
Tribunal Federal. O magistrado é referência no julgamento de crimes financeiros.
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