CLAUDIA ROLLI
FOLHA DE SÃO PAULO
Após 21 dias de greve, os bancários de São Paulo e
outros cinco Estados decidiram nesta segunda-feira (26) encerrar a paralisação
em São Paulo, aceitar o reajuste de 10% nos salários e retornar ao trabalho
nesta terça.
A paralisação também foi encerrada em Niterói (RJ),
Teresópolis (RJ), Londrina (PR), Porto Alegre (RS), Caxias do Sul (RS),
Criciúma (SC), Campo Grande (MS) e Dourados (MS), além da região da Zona da
Mata e Sul de MG. Nos demais Estados, as assembleias estão ocorrendo na noite
desta segunda-feira.
Em São Paulo, onde foram feitas três assembleias de
funcionários do setor privado, do Banco do Brasil e da Caixa, cerca de 6.000
trabalhadores aprovaram reajuste salarial de 10% para os salários —o que inclui
0,11% de aumento real (acima da inflação). Benefícios como vales refeição e
alimentação serão corrigidos em 14%.
A greve também foi encerrada na região do ABC,
Jundiaí e em algumas cidades do interior, como em Catanduva.
A proposta aprovada hoje foi a quarta oferecida
pelos bancos em um prazo de 29 dias. Inicialmente a Fenaban (Federação Nacional
dos Bancos) ofereceu 5,5% de reajuste com abono de R$ 2.500 e nas duas últimas
semanas aumentou aos poucos o índice de correção dos salários até chegar em 10%
sem o pagamento de abono.
Os bancários pediam em sua pauta de reivindicações
16% de reajuste —o índice incluía 5,7% de aumento acima da inflação medida pelo
INPC acumulado nos últimos 12 meses.
Com o reajuste aprovado, a categoria acumula ganho
real de 20,83% nos salários e 42,3% nos pisos salariais.
Mas o ganho real da campanha salarial de 2015 (0,11%)
é o menor dos últimos seis anos. Um dos maiores foi em 2010 quando a categoria
recebeu aumento de 3,08% acima da inflação.
Com o INPC beirando os 10%, tem sido menor o número
de categorias profissionais que tem conseguido aumentos expressivos.
"Com esse índice, em 12 anos vamos acumular
20,83% de ganho real nos salários e 42,3% nos pisos. O vale refeição será de R$
29,64 por dia, com reajuste de 14% e 3,75% de ganho real", disse Juvandia
Moreira, que preside o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e
é uma das coordenadoras do comando nacional dos bancários.
"Foi uma das greves mais fortes dos últimos
anos", disse a sindicalista.
A Fenaban manteve a mesma posição que teve desde o
início da paralisação e não comentou a negociação, nem os efeitos da greve.
LUCROS
Em relação à PLR (Participação nos Lucros e
Resultados), a proposta aprovada prevê que será de 90% do salário mais valor
fixo de R$ 2.021,79. O valor fixo do ano passado ( R$ 1.838) também será
reajustado em 10%.
A regra da PLR determina ainda que devem ser
distribuídos no mínimo 5% do lucro líquido. Caso isso não ocorra, os valores de
PLR devem ser aumentados até chegar a 2,2 salários.
Sobre os descontos dos dias parados, a negociação
prevê abono de 53 horas para os dias parados para quem tem jornada de 6 horas
(representa 63% de horas abonadas) e para quem tem uma jornada de 8 horas foram
abonadas 81 horas (72%).
No país são 512 mil bancários, sendo 142 mil
representados pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.
BANCOS PÚBLICOS
O reajuste para os funcionários das instituições do
setor público é o mesmo para os salários (10%) e os benefícios (14%). O que
muda é o valor da PLR negociada em cada banco.
No caso da Caixa e do Banco do Brasil, além da regra
básica da Fenaban, haverá PLR adicional de 4% do lucro líquido deste ano,
distribuído igualmente para todos os empregados.
No BB, também há alguns itens específicos -como
4.000 bolsas de estudos de graduação, instalação de equipamento de segurança de
detecção de metais (nas agências que forem realocadas e as que passarem por
grandes reformas.
CAMPANHA SALARIAL DOS BANCÁRIOS EM 2015
O que receberam:
Reajuste Salarial de 10%, sendo 0,11 de aumento real
Correção de benefícios como vales refeição e
alimentação em 14%
PLR com regra básica que prevê 90% do salário mais
R$ 1.837,99 (podendo chegar a 2,2 salários) e parcela adicional de 2,2% do
lucro líquido dividido igualmente entre os trabalhadores
auxílio-refeição de R$ 572,00
auxílio cesta alimentação e 13ª cesta de R$ 431,16
auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) de R$
330,71
auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) de R$
282,91
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