Rádio Voz do Maranhão

sábado, 23 de janeiro de 2016

Lidiane Leite: um exemplo de ‘inocente’ nas mãos de máfias que tomam conta de prefeituras?

Impossível acreditar, ainda, que Lidiane não tinha conhecimento de desvios de dinheiro da merenda escolar, saúde, educação, obras, etc.
Por não haver tomado nenhuma decisão, ter sido apenas “obrigada” a assinar documentos, Lidiane Leite se considera injustiçada por tudo o que aconteceu. No seu entendimento não fez nada de errado. Pelo seu envolvimento neste esquema, diz que hoje vive assustada, tem medo dos políticos.
Lidiane dormia com Beto Rocha, mas não sabia dos esquemas de desvios
de dinheiros dos cofres da Prefeitura de Bom Jardim
Gilberto Lima

Depois de ficar conhecida como ‘prefeita ostentação’, por conta da demonstração de riqueza e luxo em redes sócias, a ex-prefeita de Bom Jardim, Lidiane Leite, quer, agora, dar uma de vítima, de que não sabia de nada do ocorria em sua gestão. A culpa seria de outras pessoas, de um grupo político, que teriam o controle das finanças do município. É o que diz em entrevista concedida à revista Maranhão Hoje.

Seria Lidiane ‘inocente’, vítima de uma máfia montada no município? Impossível acreditar que quem aceita entrar no jogo de qualquer grupo criminoso não tenha conhecimento de suas atividades e de seus ‘modus operandis’.
 
Lidiane nos tempos de ostentação
Desde que foi ungida à condição de candidata, depois que o namorado, o ficha suja Beto Rocha, foi impedido de disputar a eleição, Lidiane sabia que todos os poderes sobre as finanças do município ficariam com ele. Ela seria apenas ‘bucha de canhão’, com sua beleza e charme, para ganhar a disputa. Tipo bonitinha, mas ordinária porque aceitou a patifaria do namorado.

Filiada ao Partido Progressista (PP), Lidiane não tinha militância partidária, e sua candidatura foi definida, em 2012, menos de 48 horas antes do início da votação, não havendo tempo nem mesmo de colocar sua foto na urna eletrônica. Os eleitores de Bom Jardim, portanto, nem sabiam que a estavam elegendo, pois não havia feito comício, não havia cartazes ou santinhos com sua imagem e a foto que aparecia para os eleitores era a de Beto Rocha, enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Impossível acreditar, ainda, que Lidiane não tinha conhecimento de desvios de dinheiro da merenda escolar, saúde, educação, obras, etc. Será que uma parcela desse dinheiro não era usado para bancar as ostentações da ex-prefeita? Por que que, em seus depoimentos, não nominou aqueles que se beneficiaram com os milhões roubados dos cofres da prefeitura?

Na entrevista, ao ser indagada sobre as principais obras de sua administração, disse que simplesmente não saberia informar porque não participou de nada.

Desde o primeiro ano de governo, Lidiane vinha sendo acusada de prática de crimes de improbidade administrativa. Por três vezes conseguiu anular, na Justiça do Maranhão, seu afastamento da prefeitura. Em abril de 2014 foi afastada por 30 dias, por improbidade administrativa, e retornou em 72 horas; em dezembro do mesmo ano, o prazo aumentou para 180 dias, mas teve liminar suspensa pelo Tribunal de Justiça em 48 horas; e em maio de 2015 foi cassada e retornou ao cargo em 72 horas.

Por não haver tomado nenhuma decisão, ter sido apenas “obrigada” a assinar documentos, Lidiane Leite se considera injustiçada por tudo o que aconteceu. No seu entendimento não fez nada de errado. Pelo seu envolvimento neste esquema, diz que hoje vive assustada, tem medo dos políticos, principalmente de alguns com quem conviveu nesse período. E para entender como tudo ocorreu na sua vida, tomou a decisão de se tornar advogada, estendo, neste momento, se preparando para prestar vestibular. “Quero entender o porquê de tanta injustiça”, diz ela.

Lidiane Leite chegando à sede da Polícia
Federal em São Luís
Sobre seu retorno à vida pública, Lidiane diz que prefere não pensar nisto no momento, e fez mistério se vai recorrer à Justiça para recuperar o mandato, já que a cassação se deu ao arrepio da lei. Indagada como era sua vida antes da política, diz que era de paz, feliz ao lado do ex-marido, nunca precisando trabalhar desde que o conheceu. Quanto ao pós prefeitura, diz que está melhor de quando era prefeita, pois vive em paz.

O mais lamentável de tudo isso, é ouvir a ex-prefeita, acusada de tantos saques aos cofres do município – afinal, a responsabilidade por quaisquer crimes de improbidade é do gestor – dizer que vive em paz. Uma espécie de deboche com o cidadão de Bom Jardim, principalmente os mais pobres que foram prejudicados com os desvios de dinheiro público.

Além de deboche, a atitude de Lidiane, de se colocar como vítima de um grupo político, é a certeza da impunidade, de que nada mais vai lhe acontecer e que não corre nenhum risco de cumprir pena na penitenciária de Pedrinhas.

Convém perguntar: por onde anda o tal ficha suja Beto Rocha, acusado de ser o mentor intelectual de todos os desvios de recursos de Bom Jardim? Também estaria vivendo em paz, gastando a dinheirama desviada?

A exemplo de Lidiane Leite, existem muitos prefeitos que não têm controle sobre o dinheiro público, pois viraram reféns de máfias da agiotagem. Muitos dos casos já estão sendo devassados pela Secretaria de Estado de Transparência e Controle e pela Secretaria de Segurança. Se depender do governador Flávio Dino, todos os envolvidos irão para a cadeia. No entanto, toda e qualquer punição dependerá do Judiciário. E tem casos que são engavetados ad eternum ou caem no esquecimento. Só Deus sabe quando haverá punição para os ladrões do erário no Maranhão.

Em suma, com toda a vida de paz de Lidiane e de outros que permanecem impunes, podemos continuar afirmando que o crime de colarinho branco compensa! 


Com informações da revista Maranhão Hoje

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