Fernando Sarney, filho do ex-presidente do
Senado, José Sarney (PMDB), é citado pelo procurador do Ministério Público
Federal (MPF) Helio Telho, como um dos envolvidos no suposto caso de
superfaturamento da obra para construção do trecho da Ferrovia Norte-Sul que
liga os pátios de Santa Isabel e Uruaçu.
O procurador monitorou conversas —
autorizadas pela Justiça, segundo a ação — dos réus Flávio Barbosa Lima e
Gianfranco Antônio Vitorio Artur Perasso, em que “corroboram, com nitidez, a
existência de consórcio clandestino, bem como denunciam a flagrante má-fé e o
intenso dolo com que eles próprios e a EIT agiram”. A transcrição dos diálogos
não foi divulgada. A ligação de Fernando Sarney com Flávio e Gianfranco é
mostrada na sequência.
Segundo a ação, os dois réus “integram
organização criminosa que detém grande influência política nos escalões
superiores do Estado brasileiro (inclusive na administração da Valec), junto
aos que operam usando pessoas jurídicas de fachada, como a Lupama, para
acobertar desvios dos recursos públicos”. Helio conta na ação que dois motivos
o impediram de investigar o organograma da “organização criminosa” e descobrir
outras pessoas que possam participar do suposto esquema.
O primeiro motivo remete a Fernando
Sarney que, com autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ), teve acesso
aos dados da investigação que corre sob sigilo, antes que as denúncias que eram
tratadas em segredo fossem concluídas. Em segundo lugar, a Agência Brasileira
de Inteligência (Abin) e o Banco da Amazônia (destinatário de requisições
protegidas pelo segredo de Justiça), avisaram Fernando e José Sarney sobre a
investigação sigilosa, após interceptação de conversa telefônica entre pai e
filho. “Em razão disso, provas desaparecem e a identificação e individualização
das condutas dos demais membros da organização criminosa (inclusive possível
participação de Fernando Sarney), não pôde ser realizada, razão pela qual não
foram incluídos nessa ação”.
O envolvimento de integrantes da família
mostra a que ponto pode chegar a ingerência na Valec. Embora tenha mais de 50
anos de vida pública, a atuação política do presidente do Senado é marcada por
polêmicas. Recentes escândalos mancharam ainda mais a reputação de Sarney, que
dentre inúmeras ações, é suspeito de praticar tráfico de influência nos mais
diversos setores do governo federal — principalmente nos órgãos que gere
concessões de emissoras de rádio e TV e a comercialização de energia elétrica.
Confira a íntegra da Ação Civil de Responsabilidade por improbidade administrativa do MPF do Estado de Goiás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário