O que preocupa é a volta dos militares
às ruas, como em 1964, quando foi perpetrado o golpe militar, com a deposição
de João Goulart, presidente legitimamente eleito. Grande parte da imprensa deu
apoio ao golpe. O enredo parece estar se repetindo, com as notícias que dão
conta do estado de alerta nas Forças Armadas para entrarem em ação a qualquer
momento para conter a ação de movimentos que defendem o governo Dilma e o
ex-presidente Lula. Mais uma vez, a Globo está por trás de toda essa
movimentação contra a democracia e o Estado Democrático de Direito, com a força do juiz da Lava Jato.
O movimento golpista marcou
manifestações em todo o Brasil para o próximo dia 13. Coincidentemente, a mesma
data do tal ‘Comício das Reformas’, ocorrido no dia 13 de março de 1964.
Juntamente com o levante dos marinheiros, no dia 25 de março, foi um dos
eventos que antecederam o golpe, perpetrado na madrugada do dia 31 de março. Após
a derrubada de Goulart, foi implantada a censura aos meios de comunicação e
teve início a perseguição a lideranças políticas, sindicais e intelectuais. O
filme parece estar se repetindo.
O momento é propício para relembrarmos o
posicionamento histórico e irreparável do jornal O Globo, da família Marinho,
durante o processo que removeu, à força, um governo democraticamente eleito e
instaurou uma ditadura militar no Brasil. Na foto abaixo, a capa do jornal O
Globo, celebrando o “ressurgimento da democracia”, um dia após o Golpe Militar.
Editorial de “O Globo” do dia 02 de
abril de 1964
“Ressurge
a Democracia”
Vive a Nação dias gloriosos. Porque
souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações
políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é
essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das
Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos
que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do
Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua
vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de
anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos
agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo
admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação
horrorizada.
Agora, o Congresso dará o remédio
constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em
direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados,
sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a
ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava
a levar à anarquia e ao comunismo.
Poderemos, desde hoje, encarar o futuro
confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções,
pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e
insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se
preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram
de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao
dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os
poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante
missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o
Executivo.
As Forças Armadas, diz o Art. 176 da
Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia
e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS
LIMITES DA LEI.”
No momento em que o Sr. João Goulart
ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças
Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo,
conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade,
assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das
corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no
Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia
e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz,
tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação
subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si
a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do
amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o
Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário.
Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira,
pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os
mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo
intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no
Brasil que estava em jogo.
A esses líderes civis devemos, igualmente,
externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla
acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria,
do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra
qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive
o bem do povo e o progresso do País.

Se os banidos, para intrigarem os
brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário,
estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas
trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso
votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma
época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido
pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores
sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.”


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