A ‘mídia golpista’ e os "capitães do golpe" já dão como certo o
afastamento da presidente Dilma Rousseff. O jornal O Estado de São Paulo, um
dos defensores do ‘golpe’, já fala em novo governo, com Michel Temer no comando.
O assunto foi tratado com o senador José Serra, em entrevista nesta
segunda-feira (21).
Confira o teor da entrevista:
Para Serra, afastamento de Dilma é
iminente e novo governo deve buscar união
O senador José Serra (PSDB-SP) afirmou,
em entrevista exclusiva ao Estado, que o vice-presidente Michel Temer (PMDB)
deve assumir compromissos com a oposição e com o País caso Dilma Rousseff seja
afastada da Presidência. Para o tucano, o vice tem de se comprometer a não
concorrer à reeleição, não interferir nas disputas municipais deste ano, não
promover uma caça às bruxas e montar um Ministério “surpreendente”.
Serra tem conversado com empresários,
nomes do mercado e do Judiciário e com políticos sobre a possibilidade de Temer
assumir, caso Dilma seja afastada pelo Congresso. Entre esses interlocutores
estão os ex-ministros Nelson Jobim e Armínio Fraga, o deputado Roberto Freire
(PPS-SP) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Apesar de sempre ser apontado
como provável ministro de Temer, ele diz que o PSDB deve esperar para discutir
cargos.
No entanto, o senador, economista de
formação, está ajudando Temer nos primeiro diálogos sobre o chamado Plano de
Reconstrução Nacional, e aponta as áreas da infraestrutura e de exportações
como vitais para o sucesso da empreitada.
Qual
a expectativa do senhor para o desenrolar da crise?
Eu acho altamente provável que o
impeachment se materialize. Que a Câmara considere o processo admissível, o
Senado, idem, e que o Senado vote com os dois terços necessários para completar
o processo de impedimento. Minha avaliação é que isso tende a acontecer.
E
qual a avaliação pessoal do sr. sobre o impeachment?
Seria melhor para o País, para a
política e para ela própria que a presidente Dilma renunciasse, mas essa é uma
decisão que cabe exclusivamente a ela e que depende de fatores objetivos, que
nós conhecemos, e subjetivos, que são difíceis de avaliar em relação a ela
própria. Não vai aqui nenhuma questão de natureza pessoal ou de fundo
oposicionista. É uma realidade cada vez mais clara para todos. Eu penso assim
desde o início do segundo mandato dela.
Se
o impeachment se concretizar, como deve ser o novo governo?
Ocorrendo o impeachment, assume o Michel
Temer. Não acredito que o afastamento da presidente vá se dar pelo Tribunal
Superior Eleitoral por uma questão de tempo, e a crise se aprofunda
exponencialmente a cada semana, a cada dia. O Michel Temer assumindo, eu diria
que deveria se batalhar para se formar um governo de união e de reconstrução
nacional, com todas as forças interessadas na recuperação do País. Creio que,
pelo lado do Michel, haverá a necessidade do compromisso de ele não disputar a
reeleição. Um compromisso que vai se materializar facilmente na medida em que o
Senado vote a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) pelo fim da reeleição.
E
quais os outros pontos?
Nenhuma força oposicionista hoje pode se
furtar a contribuir para que esse novo governo dê certo, independentemente dos
interesses para 2018. A população jamais entenderá se alguma força política que
tenha ajudado a remover a presidente Dilma se furtar a cooperar. As pessoas
pedem a mudança para que o País possa ser refeito. A população não está aflita
porque eventualmente não gosta do Lula ou da Dilma, mas porque a queda de renda
das famílias, o desemprego, a deterioração dos serviços têm exasperado o Brasil
de ponta a ponta. É importante que o novo governo evite se meter nas eleições
municipais deste ano e nas estaduais mais adiante, porque isso seria um fator
de desestabilização. O outro ponto é não retaliar o passado. O novo governo não
deve realizar nenhum tipo de retaliação a nenhuma força política. Seja das que
participam, seja das que foram derrotadas.
Mas
e a formação do novo Ministério?
Eu ouvi outro dia uma expressão muito
feliz do ex-ministro Nelson Jobim: nós devemos ter um ministério
surpreendentemente bom, que seja uma surpresa em matéria de boa qualidade.
Sem
critérios políticos?
Os critérios têm de ser da qualidade e
do espírito público. É evidente que você vai fazer composições políticas. Mas
os setores essenciais devem estar sob comando de figuras públicas com alta
qualidade executiva e espírito público.
O
sr. deixa claro, então, que o PSDB, se chamado, deve participar?
O PSDB será chamado e terá a obrigação
de participar. Sem abdicar de suas propostas e convicções. Em um partido sério,
toda participação em governo que não é o seu exige mão dupla. Você apresenta as
ideias e se dispõe a cooperar. Daí nasce uma boa aliança.
Quais
pontos são os mais urgentes?
As duas áreas mais críticas hoje são a
economia e a saúde. Com relação à economia, não sou pessimista. Tudo que está
acontecendo de pior tem se devido às expectativas. As coisas ruins acontecem
porque você acha que acontecerão coisas ruins. Um presidente de uma
multinacional que opera no Brasil disse que ia postergar por dois anos um
investimento de R$ 6 bilhões porque não sabe o que vai acontecer. Isso não é
conspiração das multinacionais; é uma avaliação do quadro econômico e da
capacidade do governo de governar. Nenhum empresário investe para perder
dinheiro. Os consumidores que têm recursos postergam os planos. Uma mudança vai
criar expectativas favoráveis, sobretudo se tiver qualidade surpreendente.
Isso
é suficiente?
Isso pode representar a ponta de um
barbante para desatar o nó econômico, embora por si só não vai resolver a médio
e longo prazo. Mas permite encerrar um ciclo vicioso e substituí-lo pelo
virtuoso. A derrocada econômica brasileira se dá em um contexto internacional
que não é eufórico, mas não é depressivo. Essa derrocada tem causas endógenas,
foi causada por fatores domésticos. Essa é uma má notícia, mas ao mesmo tempo
boa, no sentido de que a recuperação está nas nossas mãos, não nas mãos da
economia mundial.
É
só uma questão de expectativas?
Nós não estamos com problemas de balanço
de pagamentos. Temos reservas abundantes, que cobraram alto custo em termos de
endividamento público, mas já estão aí. Não há gargalo externo e a taxa de
câmbio está em um nível bom. O câmbio vai exercendo papel favorável no sentido
de aumentar a competitividade das exportações. O cansaço com a crise, inclusive
na área política, permitirá desarmar bombas fiscais presentes e futuras. Eu
sinto um clima favorável a reformas. O Real deu certo em grande medida pelo
fator cansaço. Foi o nono plano de estabilização desde o inicio dos anos 80.
Há
áreas prioritárias?
Todas as sociais, em tese, necessitam
mais recursos. Mas há uma na qual a melhora da gestão tem papel essencial, que
é a saúde. Se você repuser uma administração competente e austera, você já vai
ter avanço. As atuais epidemias são um reflexo do baixo investimento em
saneamento e em campanhas educativas.
Além
da saúde, outras áreas?
Há uma demanda reprimida em relação à
infraestrutura. Investir é prioritário: puxa a demanda e aumenta a
produtividade. Outro setor chave é o das exportações. Há uma medida imediata,
que é suprimir a cláusula de união alfandegária do Mercosul. Hoje, o Brasil só
poderia fazer um acordo com a Índia, por exemplo, se Argentina, Uruguai, Paraguai,
Venezuela forem juntos. Não é incrível? Outra área é a de energia. Isso exige a
reestruturação de todo o setor elétrico, que é complexa. Na Petrobrás, seria
preciso seguir a política do Banco do Brasil, que privatizou a área de seguros
e arrecada um bom dinheiro. É o que a Petrobrás deveria fazer com a BR
Distribuidora, para passar de ser uma área de desvios políticos para uma área
que ajude a Petrobrás.
quanto voce ganha para defender o pt?
ResponderExcluirGolpistas safados!
ResponderExcluirVejo aqui pessoas DESONESTAS como a Dan Moura, querendo atingir a honra de Gilberto Lima, Gilberto, não década "ouvidos" a um tipo de pessoa que demonstra nao ter caracter e tenta partir pro achincalho.Larga de ser COXINHA "Dany" e fundamente sua fala e nao reproduza asnegras que não sou obrigado a ler esse tipo de comportamento MESQUINHO seu! Ass: João Sousa.
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