Texto foi assinado por mais de
mil escritores e intelectuais
POR MARIANA FILGUEIRAS
O GLOBO
RIO - Foi publicado, no início
da tarde desta segunda-feira, o texto final do manifesto que reúne assinaturas
de cerca de mil autores e profissionais do mercado livreiro em defesa da
democracia. Desde sábado, um grupo no Facebook vem recolhendo assinaturas do
setor em prol dos “valores democráticos” e o “exercício pleno da democracia em
nosso país, de acordo com as normas constitucionais vigentes, no momento
ameaçadas”.
Capitaneado pelos escritores e
editores Alberto Schprejer (Ponteio), Daniel Louzada (Leonardo da Vinci),
Haroldo Ceravolo (Alameda), Ivana Jinkings (Boitempo), Marcelo Moutinho e
Rogério de Campos (Veneta), o manifesto reúne, até o momento, nomes como
Antonio Candido e Chico Buarque.
Milton Hatoum, Bernardo
Carvalho, Laerte, Slavoj Zizek, Leonardo Padura, Elisa Lucinda, Angelica
Freitas, Lira Neto e Raduan Nassar também assinam o texto. O abaixo-assinado
estará disponível para o público em geral no site de petições eletrônicas
“Avaaz”.
Leia a íntegra do manifesto:
“Escritores
e profissionais do livro pela democracia”
Nós, abaixo assinados, que
escrevemos, produzimos, publicamos e fazemos circular o livro no Brasil, vimos
nos manifestar pela defesa dos valores democráticos e pelo exercício pleno da
democracia em nosso país, de acordo com as normas constitucionais vigentes, no
momento ameaçadas.
Não podemos imaginar a livre
circulação de ideias em outra ordem que não seja a da diversidade democrática,
gozada de forma crescente nas últimas décadas pela sociedade brasileira, que é
cada vez mais leitora e tem cada vez mais acesso à educação.
Ainda podemos nos recordar
facilmente dos tempos obscuros da censura às ideias e aos livros nos 21 anos do
regime ditatorial iniciado em 1964.
A necessária investigação de
toda denúncia de corrupção, envolvendo a quem quer que seja, deve obedecer às
premissas da legalidade e do Estado democrático de direito.
O retrocesso e a perda dos
valores democráticos não interessam à maioria do povo brasileiro, no qual nos
incluímos como profissionais dedicados aos livros e à leitura.
Ao percebermos as conquistas
democráticas ameaçadas pelo abuso de poder e pela violação dos direitos à
privacidade, à livre manifestação e à defesa, combinadas à agressividade e
intolerância de alguns, e à indesejada tomada de partido por setores do Poder Judiciário,
convocamos os profissionais do livro a se manifestarem em todos os espaços
públicos pela resistência ao desrespeito sistemático das regras básicas que
garantem a existência de um Estado de direito.
Dizemos não a qualquer tentativa
de golpe e, mais forte ainda, dizemos sim à Democracia.”
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