Os cinco, segundo a polícia, pediam de R$ 100 mil a R$ 300 mil para não divulgar, nos veículos em que atuavam, notícias de supostas irregularidades em contratos.

MARCELO TOLEDO
DE RIBEIRÃO PRETO
FOLHA DE S. PAULO
FOLHA DE S. PAULO

Os cinco, segundo a polícia, pediam de
R$ 100 mil a R$ 300 mil para não divulgar, nos veículos em que atuavam,
notícias de supostas irregularidades em contratos.
As prisões ocorreram no dia 12, durante
a operação "Liberdade de Extorsão", coordenada pela Defaz (Delegacia
Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública). O
inquérito deve ser concluído nesta segunda (21), pela Polícia Civil de Mato
Grosso.
Os seis mandados de prisão –quatro
preventivas e duas temporárias– foram expedidos pela Vara Especializada do
Crime Organizado de Cuiabá.
Segundo a Polícia Civil, quatro
jornalistas detidos preventivamente são do Grupo Milas Comunicação, que
administra os veículos "Centro-Oeste Popular", "Notícias
Max" e "Brasil Notícias".
Antônio Carlos Milas de Oliveira, dono
do "Centro-Oeste Popular", foi detido em Nossa Senhora do Livramento
(MT). Seus filhos Max Feitosa Milas, do "Notícias Max", e Maycon
Feitosa Milas, foram presos em Cuiabá (MT) e em Campo Grande (MS),
respectivamente. O editor-chefe do "Brasil Notícias", Naedson Martins
da Silva, foi detido em Brasília (DF).
A polícia encontrou munições de diversos
calibres na fazenda de Antônio Carlos e na casa e na empresa de seu filho Max.
Outro jornalista, Antônio Peres Pacheco,
teve prisão temporária decretada e foi detido em Cuiabá. Foi preso
temporariamente, no mesmo dia, o auditor fiscal Walmir Correa, da Prefeitura de
Cuiabá, sob a suspeita de vazar informações da administração para as extorsões
atribuídas aos jornalistas.
O volume financeiro movimentado pelo
suposto esquema não foi revelado, assim como nomes de políticos e empresários
vítimas do grupo.
O grupo agia, segundo a polícia, havia
alguns anos, e o valor cobrado das vítimas variava conforme as condições
financeiras de cada uma. Ainda segundo a investigação, das empresas os
jornalistas acessavam dados sigilosos da base do ISS (Imposto Sobre Serviços)
da prefeitura com login e senha de servidores públicos.
Na última quinta (17), o jornalista
Antônio Pacheco e o auditor Walmir Correa foram liberados, após o vencimento do
prazo de cinco dias da prisão temporária.
OUTRO LADO
O Grupo Milas informou por meio de um
comunicado publicado no site do "Centro-Oeste Popular", na última
sexta-feira (18), que as acusações contra diretores e funcionários da empresa
serão esclarecidas à Polícia Civil.
Segundo a nota, os veículos do grupo "sempre
se pautaram pela verdade e têm como linha editorial o jornalismo investigativo,
o que tem incomodado poderosos do Estado e refletido em constantes ameaças e
intimações aos funcionários e diretores do grupo".
"A imprensa cumpre seu papel
constitucional de reportar os fatos de interesse da sociedade e é isso que os
jornais do GM [Grupo Milas] fazem diariamente", diz outro trecho da nota,
que afirma ainda que os acusados "estão prontos a esclarecer todas as
informações que os investigadores desejarem".
A Folha não conseguiu contato com
Pacheco e Correa neste domingo (20).
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