Governador do Maranhão vê com
preocupação o crescimento de nuances fascistas e defende que processo de
impeachment seja conduzido dentro da legalidade
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Flávio Dino e Claudio Lembo no evento de CartaCapital |
por Dimalice Nunes
Carta Capital
O governador do Maranhão, Flávio
Dino, defendeu hoje uma articulação em defesa do estado democrático de direito
como forma de reestabelecer a estabilidade política. A partir desta reconquista,
o governador defende a construção de uma nova agenda para estimular a retomada
do crescimento econômico.
Na sua visão, o modelo de
crescimento via aumento do consumo se esgotou e é preciso que agora ele venha
da igualdade de oportunidades, pela educação, e na equidade tributária.
"Ainda sequer falamos de fato sobre imposto sobre herança e grandes
fortunas", afirmou. Dino participou hoje do Diálogos Capitais Fórum
Brasil: Como retomar o crescimento, realizado por CartaCapital.
Durante sua fala, Dino fez um
diagnóstico ponto a ponto da situação atual, afirmando que o crescimento das
nuances fascistas é preocupante. Para enfrentar esse quadro, o governador
defende a contenção dos grupos violentos por parte do estado, que o processo de
impeachment seja conduzido dentro da legalidade e da constitucionalidade e que
os abusos judiciais sejam contidos.
"No processo do impeachment
a acusação se restringe apenas às pedaladas, mas a comissão já está abençoando
as delações. E o Judiciário não pode agir de acordo com os sentimentos das
ruas", enfatizou.
O advogado e ex-governador de
São Paulo, Cláudio Lembo, é mais contundente e classificou como
"patético" o atual momento político do Brasil. "Está se
repetindo o que a oligarquia sempre fez, que é se incomodar com a ascensão de
quem estava embaixo", disse. Lembo falou também sobre a desigualdade da
informação, onde só um grupo fala o que quer e há uma desinformação total para
a formação da opinião pública.
Lembo criticou ainda o
Ministério Público que, na sua opinião se tornou um "rei
absolutista", que faz o que quer sem responder por nada. "O
Judiciário tomou aspectos messiânicos. O Brasil perdeu toda a compostura."
O ex-governador falou também sobre as forças que hoje tentam derrubar o governo
e criticou especialmente a oligarquia paulista, que "não quer progresso
social". Por fim, Lembo falou da fragilidade dos partidos e da falta de
ideologia. "É difícil viver nesse momento", desabafou.
Para o economista e colunista de
CartaCapital Luiz Gonzaga Belluzzo a crise abre uma compreensão das condições
atuais de resistência do estado democrático de direito e expõe as raízes
profundas da desigualdade e da rejeição ao outro.
Para Dino o atual governo tem
ainda condições de se sustentar desde que ele não se torne um "alvo
fixo", pois é preciso se "movimentar", propor ações e fazer com
que a economia ajude a estabilizar a política. Dino pediu ainda a ajuda dos
"democratas sinceros" para quebrar o atual jogo do Judiciário e as
condições normais possam ser retomadas.
"Mais que possível, é
necessário, pois a consequência disso [fim do governo] é muito alta. E sinto
falta de um centro político mais equilibrado", afirmou.
Para Lembo, com boa articulação
será possível evitar o impeachment. Ele acredita também que uma reação por
parte da imprensa e demais instituições internacionais pode ajudar a reverter o
quadro, pois o impeachment é sempre uma violência e não pode ser usado como via
de um golpe político.
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