quinta-feira, 24 de março de 2016

O dia em que a Globo se acovardou e escondeu as ‘planilhas bombas’ da Odebrecht

Destaque da quarta-feira (23) em todos os sites e blogs: as 'planilhas bombas' da Odebrecht, com valores repassados a mais de 200 políticos e partidos. Entre eles, os comandantes do golpe contra a democracia: José Serra (PSDB-SP), apontado como o principal conspirador pelo impeachment, o líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Imabassahy (BA), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, José Sarney (PMDB), que está na 'moita' conspirando, e tantos outros. 

Um abalo para a República! A revelação de uma relação antiga de uma das maiores construtoras do país com políticos de diversos partidos. Uma das escoadoras de dinheiro público para campanhas e para os bolsos de políticos. Os dados revelam que as operações de repasses de dinheiro têm muito tempo. Coisa de organização criminosa. Uma revelação que deixa os algozes de Dilma e do PT sem discurso.

Um verdadeiro escândalo que foi quase encoberto pelo Jornal Nacional, principal noticioso da TV Globo, que tem sido a principal incentivadora do golpe contra a democracia, a Constituição e o estado democrático de direito. Em uma leitura de nota coberta, destaque somente para os partidos listados no esquema da Odebrecht. Nenhuma vírgula sobre os ‘chefões’ do golpe.

E a desculpa do apresentador William Bonner?: “O Jornal Nacional não vai divulgar os nomes de políticos por um motivo: além de a polícia não saber se cometeram alguma ilegalidade, a lista inclui mais de 200 pessoas, de todos esses partidos. Não faria sentido escolher uns e omitir outros. E o tempo não nos permitiria divulgar todos”. Em outras ocasiões, os principais nomes seriam divulgados, sem dó nem piedade. 

A emissora da família Marinho não teria tido o mesmo comportamento se os nomes de Dilma Rousseff e Lula estivessem nas relações. Seria uma edição inteira para escancarar o fato e jogar mais lenha na fogueira da crise política. Como a lista não chegou ao Palácio do Planalto, melhor esquecer, fazer de conta que os algozes do governo receberam doações legais de campanha.

Poderiam alegar também que o juiz Sérgio Moro determinou o sigilo das tais planilhas. Um zelo que o juiz não teve com os vazamentos das interceptações ilegais de conversas entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula e seus familiares. Soou como medida protetiva aos que trabalham pelo golpe. Afinal, o alvo é a presidente Dilma e o PT.

A atitude da Globo mostra claramente, mais uma vez, que ela faz parte de um grande complô para o golpe, custe o que custar. Na verdade, é a porta-voz dos movimentos golpistas. Revive 1964, quando esteve na linha de frente do golpe militar. Atolada em dívidas, a TV fundada durante a ditadura, aposta em um novo governo para voltar a abarrotar seus cofres com dinheiro público. Por ter apoiado o golpe militar, a emissora viveu um longo período de fortalecimento.

Em 1972, Walter Clark, declarou: “Com certeza a rede de televisão que dirijo foi beneficiada com a coincidência de ter sido planejada e inaugurada no período de 64, quando o País tomou novos rumos”. Enquanto era favorecida pela ditadura militar, a Rede Globo procurava legitimar ideologicamente o regime. As empresas de Marinho atuaram em sintonia com o regime e seu órgão de propaganda, a Assessoria Especial de Relações Públicas (Aerp), na criação de um clima de euforia e ufanismo. Criava-se o “padrão Globo de qualidade”, no qual se via um Brasil “moderno” e consumista, livre de contradições e miséria.

É esse papel que a Globo irá desempenhar, em caso de novo golpe: mostrar para todo o país que as esperanças se renovaram, que o Brasil vai retomar o caminho do desenvolvimento, que a economia voltará a crescer, e por aí vai. Será a ponta de lança de um governo golpista. Quem sabe sua tábua de salvação.

Por questão de sobrevivência, a Globo seguirá poupando os líderes golpistas. Sem o golpe, correrá um sério risco de fechar as portas. 

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