Dilma mencionou o nome do presidente da Câmara afastado, deputado Eduardo Cunha, e citou o vice-presidente Michel Temer como os que "proporcionaram ao país essa espécie de golpe feito não com armas e baionetas, mas rasgando nossa Constituição".

Paulo Victor Chagas
Agência Brasil
A um dia da votação do Senado que deve
decidir se será afastada, a presidenta Dilma Rousseff disse que é uma
"figura incômoda", mas que vai se manter de "cabeça
erguida" e que lutará com todas as suas forças para que o seu mandato
termine somente no dia 31 de dezembro de 2018.
Dilma recorreu à "história"
para dizer que sofre um processo de impeachment que classificou de
"golpe", e revelou que, mesmo se afastada, vai participar de eventos
para os quais for convidada e disse que não está cansada de lutar.
"Eu sou uma figura incômoda. Eu me
mantenho de pé, de cabeça erguida, honrando as mulheres. [Com isso], ficará
claro que cometeram contra mim uma inominável, uma enorme injustiça. Eu vou
lutar com todas minhas forças usando todos os meios disponíveis e legais de
luta. Vou participar de todos os atos e ações que me chamarem", disse, ao
participar de evento de movimentos defensores dos direitos das mulheres em
Brasília.
A presidenta voltou a dizer que não vai
renunciar e que essa hipótese "jamais" passou pela sua cabeça.
"A renúncia passa pela cabeça deles, não pela minha". Ao dizer que é
preciso "dar nome aos bois", Dilma mencionou o nome do presidente da
Câmara afastado, deputado Eduardo Cunha, e citou o vice-presidente Michel Temer
como os que "proporcionaram ao país essa espécie de golpe feito não com
armas e baionetas, mas rasgando nossa Constituição". "Eu não estou
cansada de lutar. Estou cansada é dos desleais e dos traidores", disse.
De acordo com a presidenta, os que
propõem a sua renúncia querem evitar "de todas as formas" que ela
continue denunciando o que tem classificado como golpe. "Para mim é um
momento decisivo para a democracia brasileira que estamos vivendo hoje. Sem
dúvida estamos num momento em que a gente sente que estamos fazendo a história
desse país. A história ainda vai dizer o quanto de violência contra a mulher,
de preconceito contra mulher tem nesse processo de impeachment golpista",
disse, acrescentando que um dos componentes do processo decorre do fato de ser
a primeira presidenta eleita pelo voto popular.
A presidenta discursou durante a
abertura 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, na capital
federal. O evento reuniu milhares de delegadas de todas as regiões do país para
discutir políticas públicas voltadas a garantir mais direitos e participação às
mulheres. Quando chegou ao local, Dilma foi ovacionada pelas presentes e
permaneceu durante seis minutos abraçando às presentes no palco e mandando
beijos para a plateia. Antes de o evento começar, elas cantaram de mãos dadas e
à capela, o Hino Nacional.
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