Recurso da AGU afirmou, mais cedo, que
se os recursos não forem liberados no prazo previsto, governo teria de arcar
com um montante adicional próximo a R$ 100 milhões
Breno
Pires e Fábio Fabrini ,
Brasília
O Tesouro Nacional informou através da
assessoria de imprensa que o depósito dos recursos relativos à repartição da
multa da repatriação com as prefeituras foi feito na noite desta quinta-feira.
Com isso, segundo o Tesouro, o dinheiro entrará nas contas bancárias dos
municípios amanhã, sexta-feira (30).
Mais cedo, após ter impedido o governo
federal de repassar aos municípios ainda neste ano R$ 4,4 bilhões referentes à
multa do programa de repatriação de recursos do exterior, o ministro do
Tribunal de Contas da União Raimundo Carreiro voltou atrás e restaurou o que a
medida provisória 753 dizia inicialmente: que os recursos podem ser
transferidos a partir desta sexta-feira, 30, último dia útil do ano.
Carreiro havia decidido, na
quarta-feira, 28, atendendo a pedido do Ministério Público Estadual do
Maranhão, que a antecipação do repasse aprovada pelo governo para o dia 29
desrespeitaria leis orçamentárias e alguns princípios da administração pública
e traria "impactos na continuidade dos serviços públicos municipais a
partir de 1°/1/2017".
A mudança de posição se deu após o
governo federal entrar com um recurso afirmando que a realização dos repasses
no dia 30 não feriria nenhuma lei orçamentária e que "a única data que
permitiria a compatibilização dos dois comandos é o próprio dia 30 de dezembro
de 2016".
O recurso, de autoria da Advocacia-Geral
da União (AGU) e elaborado junto com a Fazenda, afirmou que a manutenção da
liminar geraria "uma situação de grave lesão à ordem administrativa e
econômica" e "ao interesse público".
A AGU afirma que o governo, se os
recursos não forem liberados no prazo previsto, teria de arcar com um montante
adicional próximo a R$ 100 milhões, referentes à correção monetária, pela taxa
Selic, considerando a totalidade das transferências (R$ 4,4 bi) e o novo ano
fiscal. "Prejuízos aos cofres federais que poderão ser evitados com a reforma
da decisão ora impugnada", ressaltou o governo.
Outra alegação é que os prefeitos em fim
de mandato não poderiam utilizar os recursos de maneira alguma, porque
"estes somente estariam disponíveis aos Municípios por meio do FPM no dia
02/01/2017".
Recuo
Na justificativa para ter voltado atrás,
o ministro do TCU mostrou concordar com os argumentos da AGU de que não haveria
risco de permitir o pagamento no dia 30 porque os recursos só poderiam ser
utilizados a partir de 2017, quando os novos prefeitos terão tomado pose.
Também levou em conta o prejuízo alegado pelo governo de cerca de R$ 100
milhões aos cofres públicos pela correção monetária.
Carreiro disse que havia tomado a
decisão inicial "em face das ponderações do representante quanto ao
aspecto temerário da transferência de recursos à guisa de receitas
extraordinárias no último dia útil do mandato dos prefeitos". "Tais
receitas, em tese, nem estariam previstas nas leis orçamentárias dos entes
municipais", disse o ministro.
"Por essa razão, em análise de
cognição sumária da matéria, considerei que tal procedimento, sob as
circunstâncias descritas, seria potencialmente afrontoso aos princípios da
transparência e da economicidade", disse Carreiro. Ele, por fim, conclui
que mudou de posição "diante do fato de que os recursos somente estarão à
disposição dos municípios, de fato, a partir de 2/1/2017, e com o fito de
evitar prejuízo aos cofres públicos". Assim, restaurou os efeitos
originais da MP.
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