Diante do que
classificou como 'barbárie', o Ministério Público emitiu recomendação ao
governador para que sejam tomadas 'providências efetivas'
Marco Antônio
Carvalho ,
Enviado
especial/O Estado de São Paulo
NATAL - O
Ministério Público Estadual do Rio Grande do Norte emitiu recomendação ao
governador do Estado, Robinson Faria (PSD), para que, diante do que classificou
como "barbárie", com ao menos 28 mortes confirmadas, sejam tomadas
"providências efetivas" para retomar o controle da Penitenciária
Estadual de Alcaçuz, cujos presos estão rebelados há sete dias. Para isso, o
Procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis Lima, e promotores pedem que se faça
uso da força policial necessária para encerrar o motim e retirar mortos e
feridos, além de armamentos e drogas.
O documento do
MP leva em consideração a duração da rebelião, além das notícias relativas a
mortes, feridos e a consecutivas batalhas campais no interior da unidade. O
procurador e os promotores considera para o pedido o fato de a maioria dos
presos mortos ter sido decapitada e esquartejada e "onde foram vistas até
mesmo parte humanas queimadas em fogueiras" dentro do presídio. Indícios,
sustenta o MP, apontam que já tenham sido cometidos os crimes de homicídio,
organização criminosa, dano ao patrimônio público, atentados contra a segurança
do serviço de utilidade pública e incêndios.
A recomendação
prevê ainda a apreensão pelas forças policiais de todos os bens ilícitos do
presídio, como celulares e armas, além de substâncias explosivas. O órgão pede
também que se determine a retirada das vítimas de homicídio do complexo para
encaminhamento ao Instituto Técnico-científico de Polícia (Itep), com a
divulgação das identificações.
O documento,
por fim, recomenda que se determine aos agentes penitenciários que se
"abstenham de confiar acesso diferenciado a locais e a informações, em
unidades penitenciárias, a presos tidos como 'de confiança'". O Ministério
Público informou que, em caso de não acatamento da recomendação, adotará as
medidas legais necessárias a fim de assegurar a sua implementação.
Rinaldo Reis
Lima, em entrevista ao Estado nesta semana, havia previsto a continuidade do
confronto. "Não tenho nenhuma dúvida de que essa guerra não acaba aqui.
Espero que sejam adotadas urgentes medidas para tentar conter isso, mas essa
guerra não teve seu capítulo final nesse episódio de sábado", disse na
segunda-feira, 16. No sábado, 14, haviam morrido 26 na unidade. Na
quinta-feira, 19, presos voltaram a se confrontar e o governo confirmou que o
conflito deixou mortos e feridos.
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