Geralmente
o financiamento de campanhas é uma espécie de abertura de portas para conseguir
obras de interesse da empresa.
Chefão
da Odebrecht deixa claro o ‘modus operandi’ ao relatar estreita relação com o
ex-presidente Lula, aproveitando para conseguir obras em setores de atuação da Organização.
Emílio Odebrecht e Lula |
Está mais que comprovado que empreiteiro nenhum financia campanhas eleitorais de
graça. Não fazem doações, mas investimentos. Após a campanha, passam a atuar junto
aos eleitos para tirar dividendos através da facilitação de operações com o
poder público, obviamente em áreas de interesse das construtoras e de outros
financiadores.
Ao relatar a grande
influência no governo Lula, o chefão da empresa, Emílio Odebrecht, deixou claro o 'modus operandi': o financiamento é uma abertura de portas para defesa de interesses da
empresa em governos, com a definição de áreas de atuação e obras a serem tocadas. Tudo acertado em reuniões com o próprio presidente.
“Nessas reuniões, eu
apresentava os assuntos empresariais de interesse da Organização que me
pareciam compatíveis com as opções políticas governamentais e projetos para o crescimento
do país”, disse Odebrecht, acrescentando que buscava entender se o
direcionamento dado pelo governo coincidiria com a visão da empresa para
determinados setores.
Ele revela também que
tentava influenciar para que Lula adotasse políticas de governo que fossem
coincidentes com os interesses da Odebrecht. “Sendo que muitas vezes eu obtive
êxito”, diz.
Odebrecht diz, ainda, que pedia o apoio de Lula para promover agendas de interesses da Organização
nas interlocuções que mantinha com os presidentes de outros países da América
Latina e África, onde tinha negócios.
Um dos focos da
Odebrecht era o setor de saneamento em todo o país, principalmente com a onda
de privatizações. Isso fica mais evidente com a revelação de que a empresa pagou pelo menos R$ 24,5 milhões por meio de
propina e caixa dois para políticos de 12 estados do país com o propósito de
conseguir contratos na área de saneamento básico.
A empresa chegou a
financiar campanhas de candidatos rivais e a distribuir pagamentos em cidades
com menos de 20 mil habitantes na tentativa de fechar acordos para a Odebrecht
Ambiental, que foi vendida para um grupo
canadense no fim do ano passado.
Só no Pará, a empresa
doou R$ 1,5 milhão em 2014 ao ministro Helder Barbalho (PMDB-PA), então
candidato ao governo, o senador Paulo Rocha (PT-PA) e o ex-prefeito de Marabá,
João Salame (PROS-PA).
Os repasses
“funcionariam como contrapartida a interesses do grupo Odebrecht no estado,
notadamente na área de saneamento básico, espaço em que almejava atuar como
concessionária”, segundo despacho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Edson Fachin que autorizou abertura de investigação.
No Maranhão, a
Odebrecht Ambiental assumiu os sistemas de saneamento básico de São José de
Ribamar e Paço do Lumiar, que eram operados pela Caema, em um acordo com os
ex-prefeitos Gil Cutrim e Josemar Sobreiro, respectivamente. No entanto, não se
tem informações de que a empresa tenha desembolsado algum recurso para
pagamento de propina ou mesmo para financiamento de campanhas. Uma situação que
pode ser revelada com o aprofundamento das investigações em torno desse ‘modus
operandi’ da Odebrecht em todo o país.
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