Pedro Ladeira
Folha de São
Paulo
Quanto mais influente
era o cargo pleiteado por um candidato, maior era a aposta da Odebrecht em sua
eleição.
Na disputa de 2014, um aspirante a deputado estadual podia receber em média, R$ 30 mil da empreiteira. A deputado federal, R$ 50 mil. Candidatos a governador ganhavam entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. Senadores, de R$ 80 a R$ 100 mil.
Na disputa de 2014, um aspirante a deputado estadual podia receber em média, R$ 30 mil da empreiteira. A deputado federal, R$ 50 mil. Candidatos a governador ganhavam entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. Senadores, de R$ 80 a R$ 100 mil.
"Para [candidatos
a] presidente, logicamente não tinha esse padrão", contou Alexandrino
Alencar, ex-diretor de relações institucionais do grupo, em sua delação a
investigadores da Lava Jato. As quantias são uma estimativa do executivo para
aquele ano - de memória, ele disse que não saberia cravar valores.
Doações que desviassem
muito da média da tabela eram indício do interesse excepcional da Odebrecht no
político, afirmou o delator: "Ou era um deputado estratégico ou tinha
alguma contrapartida já bem explícita".
O fato de um político
receber recursos via doações legais não o impedia de, também, estar na lista de
pagamentos não declarados da construtora. "Como, às vezes, era para fugir
desse padrão, já ia direto para o caixa dois, não fazia via doação legal porque
aí já extrapolava", disse o ex-diretor.
Segundo Alencar, até
2010, a empreiteira "minimizava" os pagamentos legais para campanhas,
"para não expor demais o nome do grupo".
No mesmo ano, deixaram
de doar diretamente aos políticos e passaram a centralizar os repasses para
seus partidos. "Eles que direcionassem os valores aos candidatos que
melhor conviessem", afirmou. "Avisávamos ao candidato que iríamos doar
ao partido, e não a ele. E ele que fosse buscar."
O executivo contou que,
nas eleições de 2014, atuou especificamente nas campanhas de Dilma Rousseff
(PT) e Marina Silva (PSB).
Em depoimento, citou
doações contabilizadas para a campanha ao governo de São Paulo de Alexandre
Padilha (PT) (R$ 1 milhão), sem "razão específica".
E, em 2012, de R$ 450
mil oficiais a Carlos Grana (PT), eleito prefeito de Santo André. O motivo,
disse, era a instalação do polo petroquímico na cidade do ABC paulista, além do
interesse em outras obras na cidade. E o fato de que era "muito
próximo" ao ex-presidente Lula.
Pampas
Alencar relatou que, de
2006 a 2010, sua atuação se concentrou na vida política do Rio Grande do Sul,
onde há uma filial do braço petroquímico da Odebrecht, a Braskem - de acordo
com ele, a segunda maior empresa em termos de recolhimento de ICMS no Estado.
O grupo também tinha
interesse em obras de saneamento básico e de estradas.
Ele afirmou que
mantinha contato pessoalmente com lideranças gaúchas. Cita os ex-governadores
Tarso Genro (PT) e Germano Rigotto (PMDB ), além de Carlos Crusius, marido da
ex-governadora Yeda Crusius (PSDB). Na maioria das vezes, porém, era procurado
por prepostos.
Crusius é alvo de um
dos inquéritos que corre no Supremo Tribunal Federal e pode ser acusada por
corrupção passiva e corrupção ativa.
Segundo delatores, ela
recebeu R$ 1,75 milhão entre doações oficiais e repasses nas campanhas de 2006
e 2010. O depoimento de Alencar à Lava Jato ocorreu no processo em que a
peessedebista é investigada.
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