José
Eduardo Cardozo vê na entrevista à Band o fato novo que reforça tese de
nulidade do impeachment da presidenta eleita. Processo para afastamento foi
aberto por Cunha por pura vingança. É que Dilma não cedeu à chantagem
A defesa de Dilma
Rousseff apresenta nesta segunda-feira, 17, ao Supremo Tribunal Federal (STF)
uma petição para incluir a entrevista de Michel Temer à TV Bandeirantes, na
noite de sábado, como fato relevante que reforça os argumentos de que o
processo de impeachment teve desvio de finalidade em sua origem. “A confissão
do senhor Michel Temer é fato novo e será incluído no mandado de segurança que
está tramitando no STF questionando a legalidade do processo de impeachment”,
diz o advogado José Eduardo Cardozo. “É a prova de que Cunha abriu o processo
por vingança”.
Na entrevista concedida
a Band (veja o vídeo acima), Michel Temer confessa que, em 2015, o então
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, admitiu que só aceitou o
pedido de impeachment de Dilma Rousseff porque o PT teria se recusado a dar-lhe
os três votos no Conselho de Ética, que permitiriam sua absolvição e
preservação do mandato parlamentar. Na época, o Conselho de Ética da Câmara
apurava a quebra de decoro de Cunha. Ele foi flagrado mentido e jurando não ter
contas na Suíça. “A prova de que Dilma foi vítima de uma vingança está
reforçada pelo que disse Michel Temer”, comentou Cardozo.
Na entrevista,
Temer disse: “Em uma ocasião, ele [Eduardo Cunha] foi me procurar. Ele me disse
‘vou arquivar todos os pedidos de impeachment da presidente, porque
prometeram-me os três votos do PT no conselho de ética’. Eu disse que era muito
bom, porque assim acabava com essa história de que ele estava na oposição. (…)
naquele dia eu disse a ela [Dima] ‘presidente, pode ficar tranquila, o Eduardo
Cunha me disse que vai arquivar todos os processos de impedimento’. Ela ficou
muito contente e foi bem tranquila para a reunião”.
E continua: “No dia
seguinte, eu vejo logo o noticiário dizendo que o presidente do PT e os três
membros do partido se insurgiam contra aquela fala e votariam contra [Cunha no
Conselho de Ética]. Mais tarde, ele me ligou e disse ‘tudo aquilo que eu disse,
não vale, vou chamar a imprensa e vou dar início ao processo de impedimento’”.
Temer conclui: “Que coisa curiosa! Se o PT tivesse votado nele naquele comitê
de ética, seria muito provável que a senhora presidente continuasse”.
Segundo Cardozo, a
prova de que Dilma foi vítima da vingança de Cunha, e que o processo de
impeachment teve como origem esse desvio de finalidade é suficiente para anular
o processo. “O Supremo tem agora a prova de que não foram as pedaladas fiscais
que levaram Eduardo Cunha a aceitar o processo de impeachment, mas a vingança
porque ela não cedeu às suas chantagens”, disse o advogado da presidenta
eleita.
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