Grupo diz que não houve edição em
gravação de conversa do presidente com o empresário Joesley Batista
POR ANDRÉ DE SOUZA
O Globo
BRASÍLIA - O grupo J&F, ao qual
estão ligados o frigorífico JBS e a marca Friboi, soltou nota para dizer que é
natural neste momento tentar desqualificar os executivos e funcionários da
empresa que firmaram acordos de delação premiada. O texto foi divulgado poucas
horas depois de o presidente Michel Temer, alvo de um inquérito aberto no
Supremo Tribunal Federal (STF), ter feito um pronunciamento com duros ataques
ao empresário Joesley Batista, um dos donos da J&F.
Na nota, o grupo empresarial diz que o
áudio da conversa entre Joesley e Temer é legítima e não foi adulterada. Foi
essa gravação, feita pelo empresário sem o conhecimento do presidente, que
levou à abertura do inquérito no STF. Mais cedo, Temer chamou a gravação de
clandestina e disse que ela foi manipulada e adulterada.
"É natural que, nesse momento, em
função da densidade das delações, surjam tentativas de desqualificá-las",
diz trecho da nota, acrescentando: "Quanto ao áudio envolvendo o
presidente Michel Temer, Joesley Batista entregou para a Procuradoria Geral da
República a íntegra da gravação e todos os demais documentos que comprovam a
veracidade de todo o material delatado. Não há chance alguma de ter havido
qualquer edição do material original, porque ele jamais foi exposto a qualquer
tipo de intervenção."
No pronunciamento, Temer também disse
que "o autor do grampo está livre e solto, passeando pelas ruas de Nova
York". Em nota, o grupo J&F não faz menção direta a essa fala, mas diz
que "quanto mais sólida e forte uma delação, maiores os graus de exposição
e desgaste dos delatores". Assim, eles "assumiram e ainda assumem um
enorme risco pessoal, com ameaças à sua vida e à segurança da sua
família".
A J&F também defendeu o mecanismo da
delação premiada. "Fica cada vez mais claro que não seria possível expor a
corrupção no país sem que pessoas que cometeram ilícitos admitissem os fatos e
informassem como e com quem agiram, fornecendo indícios e provas", diz a
nota.
O texto destaca que a colaboração de
Joesley e dos outros delatores é muito diferente de todas que já foram feitas.
Foram prestados depoimentos, fornecidos documentos e também realizadas ações
controladas com autorização judicial, como gravações.
"A negativa de denúncia e o perdão
judicial são previstos pela legislação em vigor. A possibilidade de premiação
excepcional para uma colaboração igualmente excepcional é de grande importância
para o êxito do mecanismo da colaboração premiada", destacou o grupo.
VEJA
A ÍNTEGRA DA NOTA:
"A J&F considera fundamental
ressaltar a importância do mecanismo da colaboração premiada, que está
permitindo que o Brasil mude para melhor. Fica cada vez mais claro que não
seria possível expor a corrupção no país sem que pessoas que cometeram ilícitos
admitissem os fatos e informassem como e com quem agiram, fornecendo indícios e
provas.
A colaboração de Joesley Batista e mais
seis pessoas é muito diferente de todas que já foram feitas até aqui. Além da
utilização de ação controlada com autorização judicial, houve vastos
depoimentos, subsidiados por documentos, que esclarecem o modus operandi do
cerne do sistema político brasileiro.
Quanto mais sólida e forte uma delação,
maiores os graus de exposição e desgaste dos delatores. No caso dos sete
executivos, eles assumiram e ainda assumem um enorme risco pessoal, com ameaças
à sua vida e à segurança da sua família.
A negativa de denúncia e o perdão
judicial são previstos pela legislação em vigor. A possibilidade de premiação
excepcional para uma colaboração igualmente excepcional é de grande importância
para o êxito do mecanismo da colaboração premiada.
É natural que, nesse momento, em função
da densidade das delações, surjam tentativas de desqualificá-las.
Quanto ao áudio envolvendo o presidente
Michel Temer, Joesley Batista entregou para a Procuradoria Geral da República a
íntegra da gravação e todos os demais documentos que comprovam a veracidade de
todo o material delatado.
Não há chance alguma de ter havido
qualquer edição do material original, porque ele jamais foi exposto a qualquer
tipo de intervenção.
Joesley Batista e outros colaboradores
ressaltam a sua segurança com a veracidade de todo o conteúdo que levaram ao
conhecimento do Ministério Público. Eles não hesitarão, se necessário, em
fornecer os meios para reforçar as provas que entregaram.”
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