Segundo investigações, traficante, que
está preso, lucra R$ 1 milhão por mês
POR O GLOBO
RIO — A Polícia Federal deflagrou, na manhã
desta quarta-feira, uma operação contra a quadrilha do traficante Luiz Fernando
da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, em cinco estados e no Distrito Federal.
Segundo as investigações, mesmo preso na Penitenciária Federal de Porto Velho,
em Rondônia, ele expandiu sua área de atuação e tem lucro mensal de R$ 1 milhão
com os crimes. Ele comandava a quadrilha por meio de bilhetes e mensagens de
celular.
A investigação começou há um ano, quando
agentes penitenciários apreenderam um bilhete em pedaços dentro de uma
marmita. Por esse motivo, a operação foi batizada de Epístolas (cartas). Após a
reconstituição e exame grafotécnico do bilhete, atestou-se ter sido escrito por
Beira-Mar. Foram apreendidos cerca de 50 bilhetes redigidos ou endereçados ao
traficante. Pelo documento, foi possível identificar ordens a outros
integrantes da quadrilha em lberdade.
Segundo a PF, não há indícios, ao longo
de toda a investigação, de participação ou facilitação por parte dos agentes
penitenciários do Presídio Federal de Porto Velho ou demais servidores públicos
envolvidos.
Filho de Beira-Mar preso
Segundo a TV GLobo, já estão presos um
filho de Beira-Mar — ele foi capturado na Paraíba — e um homem de confiança do
traficante, no Ceará. Os agentes visam a cumprir outros 22 mandados de prisão,
27 de condução coercitiva e 85 de busca e apreensão emitidos pela 3ª Vara
Federal. A ação acontece simultaneamente no Rio, em Rondônia, no Mato Grosso do
Sul, na Paraíba, no Ceará e no Distrito Federal. Os presos preventivamente em
outros estados serão levados para Rondônia.
Os agentes vão cumprir também outras
medidas cautelares, incluindo-se o bloqueio de valores que chegam a R$ 9
milhões de reais depositados em 51 contas bancárias e suspensão de atividades
comerciais de nove empresas.
Há equipes da PF em Duque de Caxias, na
Baixada Fluminense, onde estão os principais redutos de Fernandinho, que são as
favelas Beira-Mar, Parque das Missões e Parque Boavista. Um dos focos da ação é
um condomínio de luxo em Caxias, onde mora a irmã de Beira-Mar, Alessandra
Costa. Ela é apontada pelo Ministério Público Federal como conselheira do
traficante e acusada de formação de organização criminosa e de lavagem de
dinheiro.
Para tentar comprovar a origem dos
rendimentos, foi montado um forte esquema de lavagem de dinheiro por meio de
empresas de fachada e estabelecimentos como casas de shows e bares, além de
aquisições e reformas imobiliárias. Segundo a Polícia, a organização chega a
movimentar mensalmente valores superiores a R$ 1 milhão com as atividades
ilícitas. Foram identificados inicialmente bens do grupo avaliados em cerca de
R$ 30 milhões.
A quadrilha chegou a movimentar R$ 9
milhões nos últimos anos. Beira-Mar também é investigado por influência
política, porque teria indicado nomes para a Câmara de Vereadores de Caxias. De
acordo com a PF, além do tráfico, Beira-Mar também explora caça-níqueis, a
venda de botijões de gás, de cestas básicas, de cigarros, a circulação de
mototáxis e até mesmo o abastecimento de água.
Beira-Mar foi condenado 15 vezes pelos
crimes de tráfico de drogas, homicídio, formação de quadrilha e lavagem de
dinheiro. As penas, juntas, são de mais de 300 anos de prisão. Ele está na
cadeia há 11 anos.
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