Ex-presidente da Câmara pretende contar
que o atual, cotado para suceder Michel Temer, era destinatário de recursos
ilícitos
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, é um dos alvos da delação de Eduardo Cunha (Marcelo Camargo/Agência Brasil) |
Por Daniel Pereira, Thiago Bronzatto,
Robson Bonin e Rodrigo Rangel
Veja
Aliados de Michel Temer admitem, em
privado, que as revelações contidas na delação premiada do ex-deputado Eduardo
Cunha devem agravar ainda mais a situação do presidente no Congresso e ampliar
as chances de a Câmara autorizar o Supremo
Tribunal Federal a processá-lo. Seria uma injeção extra de ânimo nos
que, na surdina, trabalham para que Rodrigo Maia ascenda ao Planalto. O
problema é que o horizonte para Maia é igualmente sombrio: assim como Temer, o
atual presidente da Câmara também é citado na delação de Eduardo Cunha – ele
aparece, segundo pessoas próximas ao ex-deputado, como intermediário de
interesses empresariais na máquina pública e destinatário de recursos de origem
ilícita.
Na semana passada, o próprio Cunha, da
cadeia em Curitiba, fez questão de mandar o recado para o ex-colega. Por meio
de um interlocutor que foi visitá-lo, Cunha pediu que um amigo em comum
dissesse a Maia que ele estrelará um dos capítulos de sua delação. “Avisa que
ele [Maia] também será lembrado”, pediu Cunha, segundo relatou o interlocutor a
VEJA.
Na noite de quarta-feira, enquanto o
presidente da Câmara preparava as malas para embarcar na manhã seguinte para
uma viagem oficial de dois dias à Argentina, um grupo de advogados escalado por
Cunha para auxiliá-lo na negociação da delação dividia a mesa de jantar em
Brasília e repassava, um a um, os principais pontos da proposta de colaboração
do ex-deputado. Foi durante o encontro que um dos presentes recebeu a
incumbência de transmitir o recado. Rodrigo Maia entrou para o caderno de inimigos
de Eduardo Cunha durante o processo que resultou na cassação do peedemebista –
ele considerou que o colega nada fez para ajudá-lo.
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