Governador do Maranhão e aliado do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Flávio Dino (PC do B) defendeu
que o seu partido, o PCdoB, e ainda o PSOL e o PT abram mão de suas
pré-candidaturas para apoiar Ciro Gomes (PDT) na eleição para a Presidência da
República.
Para Dino, a multiplicidade de
candidaturas ameaça o seu campo político de perder já no primeiro turno. “Está
chegando o momento de admitir uma nova agenda. Se não oferecermos uma
alternativa viável, você pode perder a capacidade de atrair outros setores do
centro que se guiam também pela viabilidade”, disse na sexta (4), na sede do
governo.
Segundo Dino, a união da esquerda hoje
se daria em torno de Ciro, porque ele “é hoje e o melhor posicionado”. Lula
está inabilitado e “o PT não tem nome capaz de unir nesse momento”, disse.
Sem Lula nas pesquisas de intenção de
voto, entre os nomes identificados como de esquerda, o cearense é o que herda a
maior parcela do eleitorado lulista –15% no cenário mais favorável medido pelo
Datafolha em abril. Manuela D’Avila (PC do B) atrai 3% dos votos do
ex-presidente.
Dino disse que a prisão de Lula é “muito
dilacerante, muito traumática, uma tragédia política, a maior derrota da
esquerda brasileira desde o golpe [militar] de 1964”.
“É pior que o impeachment [da
ex-presidente Dilma Rousseff (PT)] pelo simbolismo de o maior líder popular do
país ao lado de Getulio Vargas está fora da eleição”, afirmou.
Pela dramaticidade do episódio,
argumentou, foi necessário a simpatizantes viver o “luto para processar a perda”.
Agora, um mês depois, aproxima-se o
momento de Lula e aliados admitirem que sua candidatura se tornou inviável e
começarem a traçar estratégias para vencer a eleição. Do contrário, sustentou o
governador maranhense, a divisão pode resultar em tragédia ainda pior, que
seria a derrota para a direita.
“O ponto de interrogação que está
dirigido sobretudo ao PT é se nós queremos uma eleição apenas de resistência,
de marcar posição, eleger deputados, ou ganhar a eleição presidencial”, disse.
“Temos chance de ganhar, a eleição porque o pós-impeachment deu errado. O
fracasso do Temer é o fracasso da alternativa que se gestou a nós.”
Sem nominar, o comunista discordou da
postura de setores do PT, inclusive da presidente do partido, Gleisi Hoffmann,
de insistir na candidatura de Lula. “A tática de marcar posição é derrotista e
não honra a importância do Lula, porque abre mão da possibilidade de haver uma
virada geral na sociedade que possibilite julgamentos racionais dele”, afirmou.
A possibilidade de aliança já para o
primeiro turno divide o PT. O ex-prefeito paulistano Fernando Haddad sustenta a
necessidade de diálogo entre setores de esquerda. O ex-ministro Jaques Wagner
deu declaração simpática à possibilidade de o PT indicar um vice em chapa de
Ciro. Gleisi contestou. “Mas ele não sabe que o Ciro não passa no PT nem com
reza brava?”, reagiu.
Fora do PT, a controvérsia se mantém.
Aliado de Manuela, o deputado federal Orlando Silva (PC do B-SP) vê a hipótese
de união com ceticismo.
“Ciro será candidato, o PT terá também.
Boulos ficará na disputa. E ainda tem [o ex-ministro do Supremo Joaquim]
Barbosa. Manuela traz frescor à disputa. É novidade, consistente. Não há
motivos para não ser candidata”, afirmou.
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros,
adota linha similar. “É necessário construir pontes entre partidos e setores
sociais que estão preocupados com a escalada de ódio e intolerância”, afirmou.
“Mas a candidatura de Guilherme Boulos é indispensável .” (Folha de SP)
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