Os
negócios são montados com a troca de emendas parlamentares por votos,comandadas
pelo ex-prefeito de Miranda do Norte, Júnior Lourenço
As investigações que a polícia do
Maranhão e o Ministério Público estão fazendo em conjunto conseguiram chegar em
alguns nomes importantes que fazem parte da organização criminosa. Eles são
acusados de tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, sonegação de
impostos e fraude em licitações.
Uma grande operação que está prestes a
acontecer, deve apresentar o desmonte do esquema que suga milhões de reais de
dinheiro do contribuinte desde a década passada, sob o comando do mesmo chefe.
Os negócios são montados com a troca de emendas parlamentares por votos,
comandadas pelo ex-prefeito de Miranda do Norte, Júnior Lourenço, agora
deputado federal.
Lourenço figura como ponto de partida da
investigação, e em torno dele foram identificados os agiotas e os laranjas que
completam a estrutura da organização criminosa.
Também fazem parte da trama os contadores
e advogados, que ajustam a documentação oficial para dar aparência de legalidade
aos negócios. Para a obtenção das vantagens, a quadrilha estaria usando um
esquema conhecido por compra de emendas parlamentares, negociando votos em
troca de obras e serviços públicas, que permite a eleição de deputados,
prefeitos e vereadores.
Mas o lado obscuro do negócio está além
do crime eleitoral da captação irregular de sufrágio, ou compra de votos. O centro
do escândalo é a locação de serviços municipais, terceirizados aos agiotas, que
pagam adiantado altos valores em espécie, procurando fugir do controle
administrativo e fiscal do Estado, e, ainda, passando ao largo da justiça eleitoral,
da receita federal e do COAF, o que garante o livre trânsito do dinheiro.
Os agiotas, por sua vez, sabem que as
emendas parlamentares são a garantia do pagamento dos valores adiantados para
custear campanhas eleitorais. Também entram nesses acordos uma variedade muito
grande de carros de luxo, camionetas, tratores e caminhões, usados para a
garantia dos negócios, bens que somente são devolvidos quando as emendas
parlamentares começarem a ser liberadas.
A polícia já tem informações de que pelo
menos um pré-candidato a prefeito nas eleições do próximo ano é parte integrante
do negócio, e foi um dos principais articuladores da campanha de Lourenço.
Trata-se de Diego Freitas Figueiredo, irmão e sócio de Thiago Freitas Figueiredo,
que figuram como titulares da Gold Comercio e D Freitas Figueiredo
Entretenimento, algumas das empresas por onde transitaram milhares de reais
desses negócios investigados.
O que mais chama a atenção é o volume
constante de depósitos vultosos, com altas somas de dinheiro recebidas e
transferidas para outros integrantes do esquema, muitas vezes sem qualquer
lastro probatório de negócio, e com uso de notas scais frias e notas
superfaturadas.
As empresas têm no escritório de contabilidade
um ponto em comum com outros negócios do grupo, no endereço da Proativa Contábil,
na Rua das Crioulas, 134/202, Centro, São Luis/MA, que também é investigado. Os
laranjas usaram muitas notas promissórias e cheques das empresas para garantir
a arrecadação de dinheiro para a campanha de Junior de Lourenço.
Os laranjas Diego e Thiago Figueiredo,
seu irmão, são a face mais visível dos negócios dessa organização criminosa, e
as empresas ainda estão em operação, inclusive a de D Freitas Figueiredo
Entretenimento é muito usada em período pré-carnavalesco para pagamentos de
festas e shows que permitem a lavagem de milhares de reais. Também a Gold
Comercio tem em seu portfólio clientes famosos, empresários e prefeitos, sempre
sob o comando dos agiotas que financiam os negócios ilícitos.
Diego Figueiredo é tido como
pré-candidato a prefeito de sua cidade natal, São Vicente Ferrer, onde seu pai
já foi político com mandato. Também Diego é identificado como homem de confiança
de Junior Lourenço, mas a polícia não descarta a hipótese de que Diego venha a
ser preso a qualquer momento, podendo até mesmo já ter sido decretada a sua
custódia.
A polícia sabe que Diego é peça chave do
esquema e teme que ele seja morto em queima de arquivo, porque o risco de sua prisão
pode causar danos para a organização criminosa, e também pode assustar os
chefes da quadrilha, pelo volume de informações que detém, havendo sempre a
possibilidade de uma colaboração premiada para se beneciar da delação,
entregando todos os outros integrantes do esquema.
O pedido da quebra de sigilo de Diego
Figueiredo já foi feito e a análise de suas contas pode desencadear uma
investigação sem limites, com desdobramentos inesperados na história política
do Maranhão.
Um outro nome, mantido em sigilo, também
funcionou como laranja do esquema, e por sua conta do banco Santander passaram
alguns milhões de reais, inclusive uma recente aquisição de motocicletas da
marca Honda, na cidade de Rosário, levadas para locação no município de Miranda
do Norte, sob o comando do agiota Pacovan e de Lourenço. Esse laranja está sob
custódia da polícia e seu depoimento é considerado bombástico, porque detalha
nomes, valores e movimentos do esquema.
Nesse contexto, o Porto do Itaqui é
também peça chave do grupo, com outros agiotas envolvidos, e por onde os
milhões adiantados da campanha começaram a fazer o caminho de volta. O Porto
tem como patrono um agiota que teve o nome mantido em sigilo, para não
prejudicar o andamento das investigações, mas se sabe que a polícia seguiu e
fotografou uma entrega de malas de dinheiro deixadas em um apartamento luxuoso
do agiota. O nome do colaborador está sendo mantido em sigilo, porque dessa
delação existe a expectativa de que todas as peças do quebra cabeça sejam
mostradas, até porque o informante já disponibilizou a quebra de seu próprio
sigilo bancário, telefônico e fiscal.
Fonte: Portal AZ/Teresina
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