Do Blog do Sakamoto
O governador do Maranhão, Flávio Dino
(PC do B), criticou duramente as propostas de mudanças tanto no benefício assistencial
pago aos idosos em situação de miséria quanto na aposentadoria rural que fazem
parte da Reforma da Previdência.
"Socialmente seria quase genocídio
dos mais pobres no Brasil, e economicamente, um desastre para muitas cidades
brasileiras, uma vez que isso significa a subtração de renda, impactando o
mercado interno." De acordo com ele, em entrevista ao blog, os
governadores da região Nordeste vão agir contra essas duas propostas que, em
sua opinião, "não têm a menor chance de serem aprovadas na Câmara e no
Senado".
O Maranhão conta com a maior concentração
de pobres no país: 54,1% de seus habitantes vivem com menos de R$ 406,00 por
mês – a média nacional é de 26,5%. Os dados são da Síntese de Indicadores
Sociais, divulgada pelo IBGE em dezembro de 2018. O Nordeste concentra o maior
percentual entre as regiões, 44,8%.
Isso vai de encontro às declarações de
membros do governo Bolsonaro que afirmam contar com o apoio dos governadores
para o seu projeto encaminhado ao Congresso Nacional. "Com essa
configuração, os 153 deputados federais e os 27 senadores do Nordeste, e
acredito os do Norte, de modo geral, não aprovarão essa proposta."
Segundo Dino, melhor faria o governo
retirá-las de uma vez, pois isso "atrapalha o debate da Previdência".
Reunidos em São Luís (MA), na última quinta (14), os nove Estados da região,
representados por oito governadores e um vice, lançaram uma carta com uma série
de diretrizes de ação conjunta, como a cooperação em áreas como a Segurança
Pública. Mas que também traz críticas a propostas da Reforma da Previdência, à
desvinculação de receitas do orçamento federal e à revisão do Estatuto do
Desarmamento.
Na entrevista a este blog, Flávio Dino
tratou desses temas e também do acordo com os Estados Unidos para a utilização
do Centro de Lançamento de Alcântara, que fica no Maranhão, e sobre as alianças
do seu partido, o PC do B –
que apoiou a eleição do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
"Temos que fazer essa flexibilidade tática porque estamos vivendo num
momento de sucessivas derrotas. Não adiante ter uma boa hashtag e colocar em primeiro
lugar. Você não faz política para dormir em paz com você mesmo", afirmou.
E criticou a "timidez" do ministro da Justiça e da Segurança Pública,
Sérgio Moro, em questões de integração e inteligência visando ao combate à criminalidade.
Tanto Dino quanto Moro são ex-juízes federais que largaram a toga para entrar
na política.
Reforma
da Previdência: Mudanças propostas no BPC e aposentadoria rural não passam
O governo propôs que a idade mínima para
que idosos em condição de miserabilidade possam receber o salário mínimo mensal
do Benefício de Prestação Continuada (BPC) passe de 65 para 70 anos. Em
contrapartida, quer desembolsar uma fração desse total – R$ 400,00 – dos 60 aos
69 anos. Quanto aos trabalhadores rurais, a Reforma da Previdência demanda uma
contribuição anual mínima de R$ 600,00 por família durante 20 anos, ao invés de
apenas comprovar o trabalho no campo por 15 anos, como é hoje. Também eleva de
15 a 20 anos a contribuição mínima de assalariados rurais, que deve ser feita
mensalmente, o que dificulta a vida deles dada à alta informalidade no campo.
O documento dos governadores também pede
que seja retirada da reforma a previsão de adoção do sistema capitalização (em
que cada um faz uma poupança individual) no lugar do atual sistema de
repartição (em que os trabalhadores da ativa contribuem para os aposentados).
"É um regime para os mais ricos, incompatível com um país desigual como o
Brasil", afirma Dino.
Também defende que alguns setores, como
o financeiro, que não são intensivos em mão de obra, sejam chamados a contribuir
mais com o caixa da Seguridade Social. O governador ressalta que a Constituição
prevê que o sistema de seguridade seja bancado não apenas por empregados e
empregadores, mas também por tributos e contribuições. "O certo é você
calibrar isso com a Cofins ou uma espécie de Cide [Contribuição de Intervenção
no Domínio Econômico]."
Segurança
pública: Ministro Sérgio Moro está devendo
"Desejo que o ministro Sérgio Moro
[Justiça e Segurança Pública] acerte, desejo que o governo federal dê certo. Eu
sou brasileiro, quero que as coisas andem bem", afirma Flávio Dino. Mas,
segundo ele, estamos vendo timidez no enfrentamento de temas concretos, como, por
exemplo, o das milícias. O governador reclama que não houve um pronunciamento
forte com relação à apreensão de 117 fuzis que pertenceriam a um miliciano,
ex-policial militar, acusado de executar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).
"As armas, diferentes dos
liquidificadores e dos automóveis, foram programadas para matar, causar
danos." A frase do governador ironiza declarações anteriores do
ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e do deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP), que minimizaram a responsabilidade das armas de fogo,
comparando-as com outros objetos. Para ele, os nove governadores do Nordeste
acreditam que flexibilizar a posse e o porte vai dificultar o trabalho da
polícia, pois a arma legal, ao ser furtada e extraviada, alimenta o mercado
ilegal.
Flávio Dino cita que o ex-ministro da
Segurança Pública do governo Temer, Raul Jungmann, vinha percorrendo uma agenda
correta, mas que foi paralisada. "A agenda da cooperação, da integração,
para que tenhamos mais eficiência do sistema policial ao invés de ficar
debatendo propostas equivocadas, como a de armar as pessoas, em uma espécie de
faroeste."
Desvinculação do Orçamento: Proposta
antissocial e hiperconcentradora
o governador Flávio Dino, a
proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de desvincular cerca de R$ 1,5 trilhão
do orçamento da União produz efeito positivo para o governo federal, mas pode
aprofundar o subfinanciamento da Saúde e da Educação – executadas
prioritariamente por Estados e municípios. "Essa proposta significa
desobrigar a União de ajudar aqueles que têm que atender ao cidadão." Para
ele, a proposta é antissocial e hiperconcentradora de recursos, do ponto de
vista federativo e social.
Aliados
do PC do B: É necessário dialogar com o centro democrático
A conjuntura de derrotas para o campo da
esquerda desde o impeachment de Dilma Rousseff leva à necessidade de dialogar
com outras forças políticas, defende o governador. Cita como exemplo as
articulações com o que chama de "centro democrático" e diz que elas
levaram à garantia dos direitos presentes nos artigos 5o e 7o da Constituição Federal
de 1988. E dá como exemplo o papel desempenhado por Mário Covas e Ulysses
Guimarães na Assembleia Constituinte. "Nosso partido mira isso: unidade no
nosso campo, mas amplitude."
"Se nos congelarmos a correlação de
forças da política para o dia do impeachment, significa que vamos perder sempre.
Se queremos concretizar medidas que interessam à população, não podemos desejar
o gueto, desejar a derrota, precisamos desejar vitórias", afirma.
"Temos que fazer essa flexibilidade tática porque estamos vivendo num momento
de sucessivas derrotas. Não adiante ter uma boa hashtag e colocar em primeiro
lugar. Não discordo da ideia de marcar posição, mas ela é insuficiente. Você
não faz política para dormir em paz com você mesmo, mas como prestação de
serviços a milhões de pessoas que têm seus direitos previdenciários, sua saúde
e educação ameaçados ou que têm um filho que vai ser vítima de uma arma de fogo
amanhã."
Centro
de Lançamento de Alcântara: Comunidades esperam políticas compensatórias
Para o governador, é importante a
retomada do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, que deve ocorrer com
a assinatura do acordo de salvaguardas tecnológicas pelo presidente Jair Bolsonaro,
em sua visita aos Estados Unidos. Mas, segundo ele, o ônus social já foi pago
pela população quilombola e ribeirinha de Alcântara. "Não concordamos com
nenhuma ideia de ampliação territorial [do centro] ou remoção de populações,
como já ocorreu."
Defende que após o Congresso Nacional
ratificar o acordo, haja um outro, de salvaguardas sociais. "O governo do Estado
e, principalmente, a prefeitura da Alcântara, têm que ser destinatários de
politicas compensatórias do ponto social e ambiental para que essas populações
já tão sacrificadas possam elevar sua qualidade de vida.
Situação
no Maranhão: O clã Sarney volta ao poder?
O governo do Maranhão, segundo Flávio
Dino, tem concentrado as políticas públicas nas cidades menores, com mais baixo
IDH [Índice de Desenvolvimento Humano], e a construção e requalificação de escolas.
Os resultados disso deve aparecer quando as Nações Unidas divulgarem o próximo
índice para os municípios. Para ele, esse desenvolvimento social vai dificultar
o retorno ao poder de antigos grupos políticos, como a família Sarney.
em certo lugar da capital maranhense uma pessoa me disse: tudo o que tem no Maranhão foi Sarney que trouxe inclusive o esses indices de estado mais miserável do Pais.
ResponderExcluirBolsonaro não tem e nunca terá política pública que beneficie pobre. É um presidente de banqueiro e empresário.
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