O
texto de um investidor que já havia rodado nas redes sociais há alguns dias
conta que o presidente “sofre pressões de todas as corporações, em todos os
poderes”, que o País “está disfuncional” e que “até agora (o presidente) não
fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e fracassou”
do Blog do George Marques/Revista Fórum
Líderes políticos reagiram ao texto
compartilhado nesta sexta-feira (17) pelo presidente Jair Bolsonaro em que ele
aborda as dificuldades que enfrenta para governar, sugerindo nas entrelinhas, a
renúncia do cargo de Presidente da República. No fim do dia, veio à tona que o
autor do “artigo anônimo” é, na verdade, um investidor que atua no mercado
financeiro filiado ao partido Novo.
O líder do PDT, André Figueiredo (CE) viu na atitude do presidente a antecipação de
um novo Jânio Quadros.
“Vivemos
um momento delicadíssimo, onde tudo que vem deste Governo em seus diferentes
núcleos (familiar, militar, financeiro, motorista) tem que ser bem analisado e
prevenido. Esse texto é um prenúncio de querer ser um novo Jânio, já venho
falando disto há algum tempo”, afirmou o congressista ao blog.
Na avaliação do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), esse discurso
contra supostos “inimigos da Nação” é muito conhecido.
“Por
exemplo, foi fartamente usado por Hitler e o final todos conhecemos. O
presidente da República não pode difundir discursos desse tipo, pois ele jurou
cumprir e defender a Constituição. E fora da Constituição só existem as trevas
de regimes ditatoriais”, avaliou.
Para o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS) os sinais de
deterioração presidencial são visíveis, havendo ainda possibilidade do
presidente ser afastado após o Ministério Público quebrar o sigilo bancário de
ex-funcionários do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.
“Essa
relação dos Bolsonaro com as milícias cresce a cada momento. O próprio
desespero da manifestação dele nos EUA contra os estudantes que protestaram
[contra os cortes nos recursos da educação] mostra uma sensação de medo
principalmente após a quebra do sigilo bancário de 90 pessoas, 12 delas nomeada
como parente de Bolsonaro”.
O texto fala que o presidente está
“sofrendo pressões de todas as corporações, em todos os poderes”, que o País
“está disfuncional” e que “até agora (o presidente) não fez nada de fato, não
aprovou nada, só tentou e fracassou”.
Na avaliação de Orlando Silva, líder do PCdoB, essa “Janioquadrisse” do presidente
revela suas limitações políticas e de horizonte.
Para o deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP) o
compartilhamento do texto é um fato gravíssimo.
“Um
parlamentar que exerceu 28 anos de mandato e que tem três filhos eleitos (dois
no Congresso Nacional) não poderia desconhecer as enormes dificuldades de se
governar um país da complexidade do Brasil”, avaliou o congressista.
Para ele, a nota mostra um “presidente
acuado pela sua própria inabilidade em conduzir a nação”, diz. “Revela também
um desejo de mobilizar a sociedade contra as instituições para poder governar
sem elas. Bolsonaro é um presidente sem projeto, sem agenda, sem base
parlamentar e, cada dia mais, sem popularidade”.
Líderes da base do governo foram pegos de
surpresa com a manifestação de Bolsonaro e, por enquanto, preferem se
manifestar em reservado.
“Bolsonaro repete Jânio Quadros do jeito
dele, é claro, com texto apócrifo! É o início do fim ou o fim do início?”,
questiona um líder. “Será este texto a licença para iniciar o governo que o
“centrão” quer? Como disse a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann,
na última quarta prometendo que vocês (nós) da imprensa iríamos ter uma
surpresa na próxima semana?”.
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