"Liberação
do FGTS é uma boa medida, mas é um pingo d'água no oceano da recessão
nacional." A avaliação foi feita ao blog pelo governador do Maranhão,
Flávio Dino (PCdoB), a respeito da Medida Provisória assinada, nesta quarta
(24), pelo presidente Jair Bolsonaro, que muda as regras de saque do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço para aquecer o consumo.
"Uma agenda
de empregos pressupõe redução de juros, mais crédito e novos investimentos
públicos. É isso que todos os países realmente soberanos fazem."
Ao analisar a agenda
apresentada até agora pelo governo para a geração de empregos formais, Dino
disse que é preciso ter coragem e sensibilidade social em um momento de
economia paralisada e quase 13 milhões de desempregados.
De acordo com a
MP, que precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional, a partir de setembro, os trabalhadores
poderão retirar até R$ 500,00 de cada conta que possuem no fundo. E, em 2020, será
instituído um "saque de aniversário" anual, com a possibilidade de
retirar de 5% a 50% do saldo – quanto maior ele for, menor será a porcentagem
de retirada permitida. Quem escolher essa possibilidade, poderá usar o saque
anual como garantia de empréstimos pessoais. Contudo, quem optar por ele não
poderá sacar o valor total se for demitido sem justa causa.
"É
necessário pensar prioritariamente no Brasil e nos brasileiros. Agradar o
governo americano e as empresas dos Estados Unidos não basta para fazer nossa
economia voltar a crescer", explica Flávio Dino. Dois navios iranianos que
trouxeram fertilizantes e pretendiam retornar carregando milho brasileiro estão
no porto de Paranaguá desde junho. A Petrobras não vende combustível a eles com
medo de sanções norteamericanas. O Brasil é um grande fornecedor de milho ao
país.
O governador
também critica o discurso de que a aprovação da Reforma da Previdência e a
privatização de estatais vai reduzir de forma rápida o número de desempregados.
"Esse discurso de 'confiança dos mercados' tampouco vai nos salvar."
Defende a ampliação de obras públicas e um programa emergencial de socorro a
famílias endividadas.
Dino e Bolsonaro
O presidente da
República ajudou a reforçar o governador do Maranhão como um adversário
eleitoral ao citá-lo em uma conversa particular com o ministro-chefe da Casa
Civil, Onyx Lorenzoni, captada pelos microfones de TV, pouco tempo antes da
entrevista coletiva que Bolsonaro concedeu aos correspondentes internacionais,
na última sexta (19).
Nela, é possível
ouvir que o presidente usa a expressão "governadores de Paraíba",
referindo-se aos da região Nordeste. Depois diz que o pior é o do Maranhão e
sentencia: "não tem que ter nada para esse cara". Os governadores da
região divulgaram uma carta lamentando as declarações e cobrando explicações.
Com a polêmica,
Bolsonaro afirmou que foi mal compreendido e que não criticava todos os nordestinos,
mas apenas os governadores da Paraíba e do Maranhão.
"Parece
chamar todos os nordestinos de 'Paraíba' e me ameaça, com estranha raiva",
postou Flávio Dino, logo depois. "Independente de suas opiniões pessoais,
o presidente da República não pode determinar perseguição contra um ente da
Federação." O Nordeste entregou a Bolsonaro a pior votação e, hoje, joga para cima sua
rejeição nas pesquisas de aprovação do governo.
do Blog do Sakamoto
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