Interceptações telefônicas realizadas pela
PF (Polícia Federal) e divulgadas hoje (9) apontam o preso Alexsandro Roberto Pereira, vulgo Elias,
afirmando que o PCC (Primeiro Comando da Capital) estabelecia diálogos com o PT
e que a facção teme o ministro Sergio Moro. Mas segundo o promotor responsável
por investigar o grupo, Pereira não integra a cúpula do PCC, e não há indícios
de negociações entre a facção e o PT.
"Pra você ver, o PT com nois [sic]
tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque... situação
que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas
o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano", disse o
preso, segundo relatório da PF revelado pela TV Record e pelo jornal "O
Estado de São Paulo". A PF informou que o criminoso seria líder do PCC.
O promotor de Justiça do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MPSP (Ministério Público
de São Paulo), Lincoln Gakiya, responsável por pedir, no fim do ano passado, as
transferências dos chefes da facção de presídios paulistas para o sistema
penitenciário federal, negou, em entrevista exclusiva ao UOL, que Pereira
integre a cúpula da facção.
Atualmente, ele é considerado como o
principal investigador do país contra o PCC.
"Não há nenhum indicativo de
negociação do governo PT com o PCC. Aliás, é bom que se diga que os presos não
foram transferidos em décadas de governo PSDB em São Paulo", afirmou
Gakiya.
"Não é integrante da cúpula. Apenas
traduziu o que tanto os presos em geral, quanto a própria população pensam. Ou
seja, que a remoção dos líderes do PCC foi obra do governo Bolsonaro e do
ministro Moro. Informação distorcida. A investigação sobre o plano de resgate e
o pedido de remoção de Marcola foi feito
por mim, ou seja, pelo MP, e deferido pelo
juiz da 5ª VEC (Vara de Execução Criminal) de São Paulo", afirmou.
O promotor disse que "o governo
federal teve o papel somente de disponibilizar vagas através do Depen (Departamento
Penitenciário Nacional) e de organizar a 'logística da transferência'. Apenas
isso, o mesmo se diz do governo Doria, que também apenas auxiliou na logística.
O que houve foi apenas cumprimento de ordem judicial. Não cabia ao governo
federal 'determinar' ou 'negar' as transferências".
“Portanto a percepção do preso de que o
Moro determinou a remoção e endureceu para o PCC não é verdadeira, porque, como
disse, as tratativas começaram quando o governo era do Temer.”
O procurador de Justiça Márcio Sérgio
Christino, que investigou o PCC no início dos anos 2000, endossa o promotor.
"O envolvimento do PCC com partidos políticos sempre foi a aventada e
nunca comprovada. As lideranças sempre evitaram este tipo de ligação, porque só
tem a perder, eis que se expõem a situações
que estão além de seu controle. A
organização busca dinheiro, fora isto não tem outros interesses", disse à reportagem.
Segundo a PF, Pereira é um dos integrantes
da facção que trabalham na arrecadação de fundos para a organização criminosa.
Esse braço, conhecido como "resumo da rifa", foi um dos alvos da
Operação Cravada, que mirou gerentes financeiros do PCC com 30 mandados de
prisão em sete estados. "Rifa" é como são chamadas as colaborações
financeiras feitas para a facção. Os integrantes em questão estão no terceiro
escalão da facção.
Por meio de nota, o PT afirmou que esta é
"mais uma armação como tantas outras forjadas" contra a legenda.
Informou, também, que a Polícia Federal está subordinada ao ministro Sergio
Moro, que estaria "acuado". "É Moro que deve se explicar à
Justiça e ao país pelas graves acusações que pesam contra ele", diz a nota
do PT.
Informações do UOL
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