O Exército enviou ofício a ao menos 66 prefeituras do Rio de Janeiro
solicitando informações estatísticas sobre a capacidade de sepultamentos
diários de vítimas do novo coronavírus. O documento foi endereçado a municípios
do interior e da região metropolitana, como Niterói.
O pedido foi solicitado pelo Comando Conjunto Leste, que reúne membros
das três Forças no Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais.
Questionado, o Comando não respondeu se enviou o documento para todos os
municípios de sua área. O ofício afirma que as informações seriam enviadas ao
Departamento-Geral do Pessoal do Exército, que fica em Brasília.
"Solicito que seja realizado um levantamento de dados estatísticos
referentes a quantidade de cemitérios, disponibilidade de sepulturas e
capacidade de sepultamentos diários, em suas respectivas áreas de
responsabilidade", afirma o documento.
O ofício foi divulgado pelo prefeito de Três Rios, Josimar Salles (PDT),
em suas redes sociais a fim de alertar a população sobre a gravidade da
pandemia provocada pelo novo coronavírus.
"Diante de um documento como esse, pedindo informações sobre o número
de cemitérios, sepulturas, eu não posso afrouxar a nossas medidas", disse
o prefeito no vídeo, que determinou isolamento social em sua cidade, apesar de
ter apenas cinco casos confirmados e nenhum óbito.
Em nota, o Comando Conjunto do Leste afirmou que "planeja sua
atuação com base no levantamento de cenários hipotéticos, visando mitigar os
efeitos nocivos da pandemia junto à sociedade".
"O documento em pauta tem como objetivo tão somente coletar dados
para um dos cenários levantados", afirma o comando das Forças Armadas.
O colapso funerário foi uma das consequências da pandemia em cidades na
Itália, Espanha e Equador. Na Itália, os corpos passaram a ser transportados
por veículos do Exército em razão da dificuldade em realizar os sepultamentos.
Em Manaus (AM), o prefeito Arthur Virgílio afirmou que em breve a cidade
não dará mais conta dos enterros causados pela doença.
"Está havendo um colapso funerário. Os enterros estão crescendo de
forma exponencial", disse ele na sexta-feira (10) à CNN Brasil.
Os enterros de corpos de pessoas que morreram sob suspeita de terem sido
vítimas do novo coronavírus ou de casos confirmados já ultrapassam a metade dos
sepultamentos em alguns cemitérios de São Paulo, segundo levantamento feito
pela reportagem ao longo desta semana.
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