Um professor que compareceu a uma manifestação a
favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) morreu no último domingo (17),
com suspeita do novo coronavírus.
Ângelo Antônio Cavalcante Martins esteve em um ato
em frente ao quartel do Exército, em Maceió, sem usar máscara e se aglomerando
entre dezenas de participantes.
Pouco menos de um mês depois, Angelo faleceu em uma
unidade hospitalar na capital alagoana com sintomas de Covid-19. De acordo com
relatos de colegas, o professor teria adoecido há uma semana, mas só procurou o
hospital quando os sintomas se agravaram, já com um quadro que apresentava
falta de ar e febre alta.
Segundo a Adufal (Associação dos Docentes da
Universidade Federal de Alagoas), o corpo de Angelo foi enterrado no mesmo dia
em uma cerimônia "bastante reservada, devido à suspeita de contágio da
Covid-19".
Há registros do docente empunhando uma bandeira do
Brasil e vestindo trajes nas cores verde e amarelo durante o protesto do dia
19. A manifestação era antidemocrática, já que pedia o retorno do AI-5. O ato
ainda questionava o isolamento social durante a pandemia.
A manifestação aconteceu exatamente na data na qual
é celebrado o Dia do Exército. A aglomeração foi dispersada após a chegada da
polícia da cidade. Há um decreto do estado de 15 de março que proíbe eventos
durante a pandemia do novo coronavírus.
De acordo com o boletim mais recente divulgado pelo
Ministério da Saúde, Alagoas registra 221 óbitos por Covid-19, além de 4.031
casos confirmados. No total, o Brasil acumula 16.792 mortos e 254.200 pessoas
infectadas.
Doutor em administração
Ângelo era professor titular da Feac (Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade) da Ufal (Universidade Federal de
Alagoas). Recentemente, foi coordenador do curso de especialização de gestão
pública municipal, em EAD (Educação à Distância).
O professor era bacharel em administração,
pós-graduado em ciência do turismo na Inglaterra, mestre e doutor em
administração. Ele ingressou na Ufal em 1990 por meio de concurso público e
teve uma carreira científica destacada.
"Na sua trajetória profissional, o professor
Angelo não poupou esforços para promover a ciência da administração. Foi
professor da Universidade Federal de Alagoas, lutou pela profissão e a sua
atuação acadêmica foi marcada pela dedicação, bravura e paixão", destacou
a presidente do CRA-AL (Conselho Regional de Administração de Alagoas), Jociara
Correia, ao UOL.
A Adufal divulgou nota de pesar sobre a morte de
Martins e exaltou sua trajetória profissional. "A entidade manifesta
condolências aos familiares e amigos pela difícil perda", afirmou a
Adufal.
Já a Feac ressalta que Angelo "tem uma rica e
marcante história em nossa Faculdade, reconhecida com o alcance do grau de
professor titular, titulação máxima obtida em uma universidade", enfatizou
a Feac.
Procurada, a família de docente não quis comentar o
falecimento.
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