Os cinco
policiais militares que sequestraram e mataram o comerciante Marcos Marcondes
do Nascimento Silva, o “Marquinhos”, na cidade de Bacabal, foram levados ao
Fórum da cidade de São Luís Gonzaga, na manhã dessa quarta-feira (19), para a
primeira audiência de instrução e julgamento.
Os
policiais envolvidos no crime são o tenente Pinho, Sargento Custódio, cabo
Robson, cabo Rogério e Cabo Henrique.
Os
acusados também respondem pela tortura e tentativa de assassinato de José de
Ribamar Neves Leitão Ribamar, o "Riba", que estava marcado para
morrer por ter sido testemunha do assassinado de Marquinhos. No momento em que
ele ia ser executado, a arma do policial falhou.
"Riba"
conseguiu fugir, embrenhando-se no matagal. Após ser dado como desaparecido por
alguns dias, ele retornou para sua casa e logo deu seu testemunho para o
advogado Bento Vieira, em live no Facebook.
Os
acusados chegaram ao Fórum com proteção policial, pois os moradores
estavam expressando revolta contra eles.
Ministério
pediu 43 de prisão para os policiais envolvidos no crime
O
Ministério Público do Maranhão ofereceu, no dia 17 de fevereiro deste ano,
denúncia contra cinco policiais militares do Serviço Velado da Polícia Militar,
no município de São Luís Gonzaga, em função dos crimes cometidos contra as
vítimas Marcos Marcondes do Nascimento Silva, conhecido como “Marquinhos”, e
José de Ribamar Neves Leitão, conhecido como “Riba”, nos dias 1° e 2 de
fevereiro.
A
denúncia, formulada pelo promotor de justiça Rodrigo Freire Wiltshire de
Carvalho, é baseada no inquérito policial nº 01/2021, da Superintendência
Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa, da PM. Foram denunciados os
integrantes do 15° Batalhão Francisco Almeida Pinho, Rogério Costa Lima,
Marcelino Henrique Santos Silva, Robson Santos de Oliveira e Gilberto Custódio
dos Santos.
Crimes
Em 1° de
fevereiro, “Riba” estava na fazenda do genro de Gilberto Santos, na estrada
Bela Vista, na zona rural do município de Bacabal (a 35 km de São Luís
Gonzaga), quando o policial o convidou para ir buscar ração para carneiros.
Ao invés
disso, a vítima foi levada a um loteamento abandonado, às margens da BR-316. No
local, os policiais começaram a torturar “Riba” para obrigá-lo a confessar o
suposto furto de carneiros, que teriam sido vendidos a “Marquinhos”, ex-patrão
dele.
Tortura
Gilberto
deu um golpe chamado “telefone” (bater as duas mãos em forma de concha nos
ouvidos) na vítima e Francisco começou a espancar e enforcar “Riba”, que foi
amarrado.
Francisco
colocou um pano e começou a jogar água no rosto da vítima até que este perdesse
os sentidos. Depois de ser reanimado, “Riba” foi jogado no porta-malas de um
veículo.
Os
denunciados foram ao estabelecimento comercial de “Marquinhos” e o forçaram a
entrar no mesmo veículo. Os policiais começaram a agredi-lo, exigindo a
confissão do furto.
Os
acusados levaram as vítimas ao loteamento Mearim Glass, em Bacabal. No local,
“Marquinhos” foi agredido a socos por Francisco, por enforcamento por Gilberto
e Marcelino pulou com os dois pés no peito da vítima.
Gilberto
e Francisco começaram a despejar água sobre o rosto de “Marquinhos”, enquanto
os outros policiais seguravam as pernas dele para que não se movimentasse.
Com uma
camisa enrolada na mão, Francisco começou a exigir a confissão do furto,
batendo no rosto da vítima, que parou de respirar e foi a óbito.
Simulação
Os
policiais decidiram simular um confronto visando afastar suas responsabilidades
com relação à morte de “Marquinhos”. Foram a uma estrada vicinal, numa fazenda
no povoado Centro dos Cazuzas, na zona rural do município de São Luís Gonzaga
do Maranhão.
Retiraram
o corpo de “Marquinhos” do veículo, e os policiais Rogério, Marcelino e Robson
seguraram o cadáver e Francisco efetuou um disparo de revólver no peito da
vítima.
Francisco
entregou a arma para Gilberto e mandou que matasse “Riba”. Porém, a arma
falhou, o sobrevivente saiu correndo pelo matagal e os policiais efetuaram
vários disparos em direção a “Riba. Após a fuga, os denunciados esconderam o
corpo de “Marquinhos”.
Com o
objetivo de simular o confronto policial, foi efetuado um disparo de arma na
perna de Francisco. O fato foi testemunhado por “Riba”.
Os
policiais perseguiram a vítima durante toda a noite do dia 1° de fevereiro e
manhã do dia seguinte. “Riba” passou seis dias se escondendo e perambulando
pela zona rural até chegar à casa do irmão dele na periferia de Bacabal,
reaparecendo no dia 8 do mesmo mês.
Pedidos
O
Ministério Público requereu a condenação dos policiais pelos crimes de falta de
comunicação de prisão, tortura, tortura com resultado de morte, tentativa de
homicídio e ocultação de cadáver. Também solicitou que os denunciados sejam
obrigados a indenizar José de Ribamar Neves Leitão e os herdeiros de Marcos
Marcondes do Nascimento Silva em decorrência dos crimes.
Em caso
de condenação, as penas previstas vão de 16 anos e seis meses a 43 anos de
detenção.
.....................
Postagens relacionadas
— Comerciante
é encontrado morto após ser levado de sua residência por PMs em Bacabal
— PMs
envolvidos na morte de comerciante em Bacabal são presos e transferidos para
São Luís
— MP
pede 43 anos de prisão para policiais velados que torturaram e mataram
comerciante em Bacabal
Nenhum comentário:
Postar um comentário