Rádio Voz do Maranhão

sábado, 25 de setembro de 2021

Ex-capitão da PM é condenado a 17 anos de prisão pelo assassinato da namorada em Teresina

O ex-capitão da Polícia Militar do Piauí, Allison Wattson da Silva Nascimento, foi condenado a 17 anos, 6 meses e 15 dias de reclusão e 4 meses e 20 dias de detenção pelo assassinato da estudante de Direito, Camilla Pereira de Abreu, ocorrido em 2017. O julgamento teve início nessa sexta-feira (24) e só foi encerrado na madrugada deste sábado (25) na 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri de Teresina, do Tribunal de Justiça.

Wattson foi julgado pelos crimes de feminicídio qualificado por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da estudante, ocultação de cadáver e fraude processual. O ex-policial militar era namorado da vítima e confessou o crime na época.

A pena inicial foi de 17 anos, 6 meses e 15 dias de reclusão e 4 meses e 20 dias de detenção, entretanto, seguindo o princípio da detração penal, que é o abatimento da sentença pelo tempo em que o réu ficou preso preventivamente, a juíza Cássia Lage de Macedo estabeleceu que o acusado terá que cumprir efetivamente pouco mais de 13 anos da sentença. O ex- capitão da PM deverá iniciar o cumprimento da pena em regime fechado. A Justiça negou o direito de Allison Wattson recorrer em liberdade.

“Fixo a pena concreta e definitiva em 17 anos 6 meses e 15 dias de reclusão e 4 meses e 20 dias de detenção e 70 dias-multas, devendo ser observado o que estabelece o Artigo 69, parte final do código penal. O Artigo 387 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei 2.736 de 2012, estabelece que a detração penal deve ser realizada pelo juiz de conhecimento no momento em que é prolatada a sentença condenatória, no ponto, verifico que o condenado permaneceu preso preventivamente no período entre o dia 31 de outubro de 2017 até essa data, aplicando a detração penal, consta o total de pena de 13 anos, 7 meses e 21 dias de reclusão e 4 meses e 20 dias de detenção”, sentenciou.

Assassino diz que tiro foi acidental

O ex-capitão da PM Alisson Wattson afirmou, durante depoimento, que o tiro que matou a namorada foi acidental. Ele relatou que a jovem pegou a sua arma no banco do carro e ao tentar desarmá-la o revólver disparou.

O assassino contou que o disparo aconteceu depois de uma discussão com a vítima. O exmilitar explicou que estava namorando com Camilla em uma estrada no Povoado Mucuim e que após uma briga, a jovem pegou a pistola.

"Descemos para namorar e houve um assunto que não me agradou. No momento que a Camilla foi entrar no carro, ela pegou a minha arma entre o banco do carro. Eu tentei dar a volta no carro, conversar, tirar a arma dela, que estava alterada, não sei se por conta da bebida. Ao tentar tirar a arma, ela disparou e o disparo pegou na cabeça, tinha muito sangue, desse momento pra frente eu perdi a razão. Fiquei estático", descreveu o assassino.

Estado de choque

Allisson descreveu que entrou em choque e que pensou em tirar a própria vida. No dia seguinte, ele afirmou que foi ao quartel devolver a arma.

“Entrei em choque, coloquei ela no carro, mas era tanto sangue. Estava amanhecendo, deixei a Camilla no chão e fui para casa, desliguei o celular. Fiquei sem dormir, pensei em tirar a minha própria vida. Depois disso tomei um calmante, fui no quartel devolver a arma, porque não queria ela perto de mim”, disse.

Assassino nega agressões

Ainda durante depoimento, Wattson negou histórico de agressões no namoro e falou que Camilla era uma mulher consciente sobre violência doméstica.

“Não haviam essas brigas, Camila era inteligente, ela sempre combatia esse negócio de violência. Ela nunca ficaria com uma pessoa que a agredisse. Agora quando aconteceu um fato como aconteceu o nosso é muito fácil apontar defeitos. Ela com a consciência dela ia ficar esse tempo todo sendo agredida? Não haviam essas brigas”, contou.

O ex-capitão da PM contou que no dia da morte de Camilla a sua vida também acabou.

“A maior incoerência que eu já vi nesse caso é querer criar uma imagem tanto minha como dela que não existia. Fica só essa especulação. Eu não matei, foi uma fatalidade que aconteceu. Me arrependo até de ter saído naquele dia. Aquela noite acabou com minha vida e com a dela também”, relatou.

Tentou ocultar marcas de sangue do carro

Marcelo da Silva Barroso, lavador de carros, foi o segundo a ser ouvido. Ele afirmou em depoimento que Allison Wattson chegou ao seu posto de lava jato com o carro muito sujo de sangue.

A testemunha relatou que apenas o assento do passageiro estava no veículo. “O local do encosto estava só os ferros, só que embaixo do banco havia muito sangue. Quando perguntamos, ele apenas afirmou que havia socorrido duas pessoas na rodovia e que sujou o carro. Ele estava o tempo todo tranquilo, mas não entrou em detalhes. Como não conseguimos limpar todo o sangue, encaminhamos para outro posto”, detalhou.

Desaparecida por uma semana

A estudante Camilla Abreu ficou desaparecida por uma semana. A jovem foi morta em 26 de outubro de 2017, no Povoado Mucuim, zona Rural de Teresina. O ex-capitão da Polícia Militar, Allison Wattson, confessou ter atirado contra a namorada.

Camila foi vista pela última vez ao lado do namorado capitão Alisson Wattson e de uma amiga, no bairro Morada do Sol, na zona Leste de Teresina. O réu e a vítima levaram a amiga para casa e depois saíram juntos. Camilla desapareceu após esse encontro.

Expulsão e perda de patente

O Tribunal de Justiça do Piauí decidiu por unanimidade pela expulsão e perda de patente do capitão Alisson Nascimento, em fevereiro deste ano. O pleno foi composto por 11 desembargadores e todos votaram a favor acreditando que a conduta do capitão Alisson é incompatível com o oficialato.

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