Alberto Rodrigues da Silva,
conhecido como 'Dr. Guilherme', teria recebido os salários por cerca de três
meses, até quando foi desligado Hospital Municipal da cidade de Turiaçu.
Documentos obtidos
com exclusividade, pelo g1 Maranhão, mostram que Alberto Rodrigues da Silva,
conhecido como 'Dr. Guilherme', que é investigado pela morte de uma mulher após
uma cirurgia plástica no Hospital Municipal de Lago dos Rodrigues, recebeu
salários relativo aos procedimentos que fazia no Hospital Municipal da cidade
de Turiaçu (MA), por meio da conta bancária um outro médico.
A informação
consta no inquérito da Polícia Civil do Maranhão (PC-MA), obtido pelo g1
Maranhão, que investiga o caso. O médico que teria recebido o dinheiro por 'Dr.
Guilherme', foi identificado como Alexandre Pinto Sousa.
Em depoimento à polícia, ele confirmou o caso. Alexandre Pinto contou que foi procurado por Alberto Rodrigues que pediu a ele depositar o dinheiro do seu 'salário em sua conta, devido a problemas bancários.
Alexandre Pinto
aceitou o recebimento do dinheiro em sua conta e repassava para Alberto, após o
mesmo ter apresentado uma documentação exigida para trabalhar no hospital. O
médico afirmou que o enfermeiro nunca levantou suspeitas já que tinha uma 'conhecimento
teórico, técnico e prático'.
De acordo com o
inquérito, que investiga o caso, 'Dr. Guilherme' recebia o pagamento dos
serviços prestados por meio do médico, devido ao fato dele atuar nas cidades de
Bacabal (MA) e Teresina (PI) e, por conta da distância, teria um impedimento
legal para que ele trabalhasse em Turiaçu.
'Dr. Guilherme'
teria recebido os salários dessa forma por cerca de três meses, até quando foi
desligado do Hospital de Turiaçu.
O motivo teria
sido o fato dele não ter se vinculado ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Saúde (CNES) pela cidade de Turiaçu, já que ele trabalhava como médico em
Penalva (MA), Bacabal (MA), Lago da Pedra (MA) e Teresina (PI) e, só poderia
ser vinculado a apenas duas cidades.
A defesa de
Alberto Rodrigues também foi procurada para falar sobre as acusações da Polícia
Civil e a investigação em Turiaçu, mas não foi encontrado.
Outra testemunha,
que trabalha no Hospital Municipal de Turiaçu, também confirmou a história em
depoimento à Polícia Civil. Ela contou que o enfermeiro Alberto Rodrigues,
conhecido como 'Dr. Guilherme', teria recebido R$ 45 mil por serviços prestados
como Diretor Clínico e plantonista no hospital da cidade.
Em depoimento, ela contou que o enfermeiro relatou que o valor devido a uma nomeação, dada a ele, como Diretor Clínico do Hospital de Turiaçu. Deste valor, R$ 15 mil seria pago pelos serviços prestados como diretor e o restante, seria referente ao plantão dado por ele no hospital.
A testemunha
também afirma que o enfermeiro nunca levantou suspeitas sobre sua conduta. Aos
investigadores, ela relatou que o Alberto Rodrigues chegou a comentar que o
médico Alexandre Pinto era visto como 'amigão' dele e que ambos se conheciam
desde a época da residência médica.
Segundo a Polícia
Civil, o médico Alexandre Sousa negou em depoimento, que teria feito residência
e que nunca estudou com 'Dr. Guilherme'.
'Especialista' em procedimentos estéticos
Em uma entrevista
concedida para um blogueiro de Santa Inês (MA), o enfermeiro Alberto Rodrigues
da Silva diz ser especialista na área de estética íntima e cita algumas cidades
maranhenses em que ele atuava.
Nas imagens, o
enfermeiro afirma ser 'um dos poucos profissionais da área', e que atua nas
cidades de Poção de Pedras, Lago dos Rodrigues e Lago da Pedra.
"São poucos
profissionais que trabalham na área e eu trabalho na área de estética íntima
também. Tanto masculina quanto feminina. Eu atendo em Poção de Pedras, em Lago
dos Rodrigues e Lago da Pedra", diz Alberto.
Nas redes sociais,
ele se apresentava em um perfil como 'Albert Rodrigues', prometendo promover
saúde, beleza e autoestima por meio de procedimentos estéticos. Essas provas
serão usadas para constatar o exercício ilegal da medicina.
Ele é acusado de
ter usado uma foto sua em um documento profissional com o outro médico. O
enfermeiro foi indiciado por exercício ilegal da medicina mas, como não houve
flagrante, não foi preso. O caso ainda não foi julgado, e ele não compareceu a
uma audiência judicial ocorrida em 6 de junho.
Investigações
A Polícia Civil do
Maranhão constatou que Alberto Rodrigues da Silva já havia sido indiciado por
ter feito uma outra operação, também em um hospital público, em Turiaçu (MA).
A investigação é
de julho de 2022 e aponta que Alberto atuava no Hospital Municipal de Turiaçu
com o nome de Dr. Guilherme'. Lá, em 2021, ele realizou uma histerectomia, que
é a remoção do útero de uma paciente.
A paciente teve
vazamento da urina na vagina e ainda passou por uma segunda cirurgia com o
enfermeiro. Porém, as complicações continuaram, e ela teve de passar por uma
terceira operação, em São Luís.
"Ficou
constatado que ele já responde por um crime de exercício ilegal da medicina,
ele já tinha um registro falsificado no Conselho Regional de Medicina, isso foi
apurado em outro inquérito, em outra cidade, em Turiaçu. E essas investigações
que foram coletadas na cidade, serão trazidas para as nossas
investigações", disse o delegado Márcio Rodrigo Coutinho.
Morte de paciente
Alberto Rodrigues
da Silva é acusado de ter causado a morte da esteticista Erinalva de Jesus
Dias, de 37 anos, que passou por uma cirurgia dentro do Hospital Municipal de
Lago dos Rodrigues, cidade a 320 km de São Luís. O caso aconteceu em 31 de
maio.
Usando documentos
falsos e sem habilitação, Alberto cobrou R$ 5 mil reais por uma
abdominoplastia, procedimento usado para retirada de excesso de gordura e pele
do abdômen. A operação aconteceu durante à noite, dentro do centro cirúrgico do
hospital municipal.
Para a família, a
esteticista havia dito que faria uma cirurgia para retirada das trompas.
Entretanto, durante o procedimento, ela passou mal e foi levada para um
hospital em Bacabal, cidade a 240 km de São Luís. Ao chegar no hospital, o
médico que examinou ela constatou que ela havia passado por uma cirurgia
estética.
Erinalva de Jesus
Dias não resistiu as complicações e morreu. Elisangela Maria de Oliveira, amiga
da vítima e que esteve com ela na noite da cirurgia, diz que a única pessoa que
estava no local era Alberto.
"Era noite, o
hospital escuro, a recepção, não vi movimento, não vi ninguém além desse rapaz
que nos recebeu", disse Elisangela.
A Polícia Civil
agora tenta descobrir como Alberto teve acesso ao centro cirúrgico mesmo
estando de folga. A diretora do hospital e os profissionais que estavam de
plantão afirmaram à polícia não saber que o enfermeiro estivesse realizando o
procedimento. Alberto teve o contrato rescindido com hospital, e o Conselho
Regional de Enfermagem abriu um procedimento disciplinar contra o profissional.
Fonte: g1 MA
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